A música denuncia os impactos devastadores do rompimento das barragens de Brumadinho e Mariana, trazendo à tona as perdas humanas e ambientais que marcaram a história de Minas Gerais. O clipe, dirigido por Rodrigo Ferreira, foi captado em Córrego do Feijão, um mês após a tragédia, e revela imagens pungentes da lama que invadiu as comunidades, em um registro que questiona a ganância das mineradoras e a negligência de poderosos diante do sofrimento das vítimas
Créditos: Rodrigo Ferreira |
Ouça e assista aqui: https://youtu.be/
A Roça Nova dá sequência ao lançamento do seu novo trabalho com o single e videoclipe “Rio Doce”, o segundo do seu próximo álbum, previsto para 2024. A faixa mistura ritmos regionais e influências contemporâneas, transformando em música a tragédia ambiental e humana provocada pelo rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho. O Rio Doce, que atravessa Minas Gerais e Espírito Santo, é o fio condutor da canção, simbolizando tanto as perdas irreparáveis quanto a luta pela preservação da vida.
“Não é fácil falar sobre isso, não tem o glamour e a aceitação de outras causas. Pelo contrário, falar sobre mineração, impactos ambientais no interior e até mesmo outros temas frequentes no nosso trabalho, como reforma agrária, é perigoso no Brasil. Mata.”, comenta o vocalista Pedro Tasca
Com versos impactantes como “cimentaram o Rio Doce, mataram bicho e gente” e “por ganância desse povo, hoje a vida é diferente”, a obra traz a identidade única da banda, o “caipigroove”, que mistura sons típicos de Minas Gerais com uma sonoridade visceral e profunda. A instrumentalização inclui o tambor mineiro, o congado, a viola caipira e o berrante de chifre, criando uma experiência sonora autêntica e contundente.
“Enquanto defensores da cultura popular do interior, nos sentimos no dever de defender as causas, instituições e pessoas que lutam pela roça em que a gente acredita, esse sempre vai ser nosso lugar de fala”.
A capa de “Rio Doce” é uma obra do artista Leonardo Leitão, que faz parte de uma série de pinturas criadas para o álbum que o grupo está se preparando para lançar, Corta Quebranto. Utilizando tons quentes e texturas densas, a imagem retrata a enxurrada de lama que devastou Minas Gerais, com uma fusão de símbolos religiosos e elementos apocalípticos que denunciam o descaso e a negligência das grandes mineradoras. Igrejas e artigos religiosos aparecem submersos na lama, representando o abandono e a falta de humanidade diante da tragédia.
Formada em 2020, no interior da rica zona da mata de Minas Gerais, a Roça Nova é uma banda autoral e independente que cria uma paisagem sonora única que chamam de “caipigroove”. Os compositores buscam inspiração na observação do cotidiano, na interpretação de sentimentos, na história e nos fragmentos da revolução tecnológica, rompendo com a imagem de um interior limitado, que agora se comunica de maneira mais ampla. O projeto aborda temáticas de resistência diante das crises culturais, humanitárias e ambientais que permeiam o vasto e rico interior latino-americano.
Em janeiro de 2021, a Roça Nova lançou seu álbum de estreia, “Tramoia", que já acumula mais de 800 mil reproduções no Spotify. Em 2022, a Roça Nova abriu o palco principal do Festival João Rock, apresentando-se como revelação do maior festival de rock nacional, ao lado de artistas como Planet Hemp, Djonga, Pitty & Nando Reis, Titãs, CPM 22, Natiruts, Céu, Emicida e Criolo. No mesmo ano, os artistas também se apresentaram no Festival da Mata, em Juiz de Fora/MG, compartilhando o palco com BaianaSystem, Marina Sena e Armandinho.
Roça Nova é Bernardo Leitão (percussão), Hector Eiterer (baixo), João Manga (bateria), Marco Maia (guitarra), Pedro Tasca (voz e violão), Tiago Croce (viola caipira e rabeca) e Thalles Oliveira (percussão).
Atualmente, preparam-se para a estreia de seu próximo disco, que contará com as participações especiais da lendária Banda de Pau e Corda e do astro capixaba André Prando.