Rafael Maranhão é professor de história e mentor de história e sociologia no Colégio Presbiteriano Mackenzie Brasília
Na história do Brasil, nas fases que compõem sua diversidade de modelos e condições no cenário internacional, as bandeiras estiveram condicionadas aos símbolos da dominação ibérica, em especial, a portuguesa. Ao longo de mais de 300 anos, as flâmulas vinculadas ao Brasil refletiam a condição política do território e seu vínculo com as Casas Reais que protagonizavam o governo da metrópole.
No início do século XIX, com as movimentações que efetivaram a independência política do Brasil em relação à soberania portuguesa, ocorreu mais um dos vários episódios em que o símbolo nacional sofreu alterações significativas, determinando a identidade da nação e sua conexão com o modelo político adotado. Em 7 de setembro de 1822, nascia o Império Brasileiro, com sua bandeira verde e amarela, que representavam, respectivamente, as casas reais de Bragança, família do Imperador D. Pedro I, e Habsburgo, família da Imperatriz Dona Leopoldina. Ao centro, ramos de café e tabaco representavam as riquezas do Brasil, além das 19 províncias que compunham o império naquela conjuntura.
A partir do golpe militar que instaurou a República, em 15 de novembro de 1889, a bandeira brasileira passou por mais duas modificações, na tentativa de disseminar os ideais republicanos em detrimento da monarquia. Por quatro dias, a bandeira nacional, esteticamente, foi estabelecida como a bandeira dos Estados Unidos, mas com as cores verde e amarela, sob o nome de Estados Unidos do Brasil. Havia uma clara influência da maior democracia do continente até então.
No dia 19 de novembro de 1889, ainda sob reflexos dos acontecimentos voltados para o fim da monarquia, foi oficializada a Bandeira Nacional dos Estados Unidos do Brasil, com forte representatividade em uma transição para um modelo político moderno e futurista, sob uma perspectiva positivista, o que justifica a frase central: “Ordem e Progresso”. Em adjacência aos significados originais de suas cores, na República, a coloração da bandeira foi mais associada às riquezas do país: o amarelo representando o potencial mineral localizado no centro-sul, com seu ápice histórico no período colonial; e o verde, relacionado à vasta área de florestas e natureza exuberante, bem registrada pelos primeiros colonizadores no século XVI.
O centro da bandeira, na transição para a República, foi modificado com a inserção do azul, com forte representatividade ligada ao céu do país na ocasião da Proclamação da República; o branco simbolizando a paz, e as estrelas expressando os 26 estados da Federação e o Distrito Federal. Ao contrário do que muitos acreditam, a estrela que se encontra na parte superior da frase “Ordem e Progresso” representa o estado do Pará, por ser a maior unidade federativa situada ao norte da linha do equador.
Assim, dados os seus diversos simbolismos, a Bandeira Nacional consolidou a República em tempos extremos, apontando para o futuro sem desmerecer a tradição.