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13% dos brasileiros apostaram em bets no último mês, diz DataSenado

18 de Outubro de 2024

Ao todo, 22,1 milhões de brasileiros de 16 anos ou mais fizeram jogos nos últimos 30 dias.

Foto: Divulgação

O crescimento das apostas esportivas e outros jogos de azar no Brasil tem chamado a atenção de especialistas e impactado a sociedade de forma significativa. De acordo com um estudo recente do DataSenado, 22,1 milhões de brasileiros (13%) relataram ter participado de bets no último mês, destacando o aumento da popularidade dessas atividades. A médica psiquiatra Dra. Maria Fernanda Caliani alerta para os riscos associados ao jogo compulsivo, uma condição que pode ter graves consequências para a vida pessoal e financeira dos indivíduos.

Segundo a Dra. Maria Fernanda, o transtorno do jogo compulsivo é caracterizado pelo desejo incontrolável de continuar jogando, mesmo diante de perdas significativas. “O jogo pode estimular o sistema de recompensa do nosso cérebro, de forma semelhante ao que ocorre com o uso de drogas e álcool, levando ao vício”, explica a psiquiatra. Ela observa que o comportamento compulsivo está frequentemente associado à tentativa de recuperar dinheiro perdido, o que agrava ainda mais a situação financeira dos jogadores.

A especialista destaca que os sinais de alerta para o vício incluem a obsessão pelo jogo, o aumento progressivo das quantias apostadas, a irritabilidade quando se tenta parar, e o uso do jogo como forma de aliviar sentimentos de ansiedade, depressão ou tédio. “Muitos pacientes chegam a mentir para familiares e amigos para esconder a extensão do seu problema com o jogo, e alguns até recorrem a atividades ilícitas, como roubo ou fraude, para sustentar o vício”, conta Dra. Maria Fernanda.

Além das questões financeiras, o jogo compulsivo pode resultar em complicações legais, problemas de saúde mental e até tentativas de suicídio. A médica relata casos em que pacientes enfrentaram falência, problemas com a justiça e graves conflitos familiares por conta do vício. “O impacto na vida dessas pessoas pode ser devastador. Os jogadores compulsivos muitas vezes perdem empregos, relacionamentos e, em alguns casos, a própria saúde física e mental.”

A prevalência do jogo entre os brasileiros tem efeitos não só na vida dos apostadores, mas também no comércio e na economia. O aumento dos gastos com apostas tem levado à redução do consumo em outros setores, afetando o varejo e outros mercados.

Para aqueles que apresentam sinais de comportamento compulsivo, a Dra. Maria Fernanda recomenda a busca por ajuda profissional o quanto antes. “Se familiares, amigos ou colegas de trabalho expressarem preocupação com o seu comportamento, isso é um grande indício de que você pode estar precisando de acompanhamento”, alerta. Ela destaca que, embora o tratamento para o transtorno do jogo compulsivo possa ser desafiador, muitos pacientes encontram sucesso através de intervenções médicas e terapias.

Fatores de risco para o desenvolvimento do jogo compulsivo incluem predisposições genéticas, problemas de saúde mental como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e o uso de substâncias. Além disso, certas características de personalidade, como impulsividade e competitividade, podem aumentar a propensão ao vício. A psiquiatra observa que o jogo compulsivo é mais comum em jovens e adultos de meia-idade, mas também afeta a população idosa, principalmente em atividades como o bingo.

Dra. Maria Fernanda | Foto: Divulgação

Dra. Maria Fernanda enfatiza a importância da prevenção e sugere evitar locais onde ocorrem jogos de azar e buscar ajuda no primeiro sinal de problema. “Programas educacionais voltados para grupos de risco podem ser úteis na prevenção do vício. Quanto mais cedo a pessoa reconhece o problema e busca tratamento, maiores são as chances de evitar complicações graves”, conclui.

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