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Artigo enviado por Genésio Lemos Couto
A prática de conversas ao pé da fogueira era uma tradição adotada pelos mais velhos para transmitir conhecimento, valores culturais e experiências às gerações mais jovens. Esse ritual, comum em várias culturas, reunia pessoas ao redor de uma fogueira, onde o calor acolhedor das chamas e o silêncio da noite criavam um ambiente propício para a troca de sabedoria. O objetivo era garantir que esses conhecimentos não se perdessem com o tempo.
Atualmente, essa tradição foi adaptada para o ambiente corporativo e acadêmico, muitas vezes manifestando-se em workshops, treinamentos e seminários. No entanto, a transformação também chegou a essa prática. O que antes era uma forma de ensino unidirecional, agora deu lugar ao espaço para o contraditório, uma oportunidade de diálogo e questionamento que promove a troca de ideias e a construção coletiva do conhecimento.
O Espaço para o Contraditório: Origem e Aplicação Atual
O conceito de espaço para o contraditório não é uma inovação recente. Essa prática remonta à Grécia Antiga, onde filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles utilizavam o diálogo e o questionamento como ferramentas para alcançar a verdade. Com o tempo, essa abordagem foi amplamente adotada no meio acadêmico e jurídico, e hoje se destaca como uma prática fundamental em ambientes corporativos que buscam inovação e inclusão.
Atualmente, vivemos em uma era em que as redes sociais impulsionam o compartilhamento de opiniões e a expressão de características próprias, especialmente entre as gerações mais jovens. Essas novas gerações demandam espaço para se posicionarem, questionarem e até se oporem a determinadas práticas que consideram mal explicadas ou injustas. Em muitas empresas, questionar o líder pode ser visto como indisciplina, enquanto em outras, essa prática é considerada enriquecedora. O líder que permite o espaço para o contraditório aprimora suas decisões, tornando-as mais coerentes e alinhadas com as demandas da equipe.
A Importância do Espaço para o Contraditório nas Empresas
Muitas empresas estão enfrentando dificuldades para reter talentos porque não conseguem se ajustar a essas novas exigências de uma geração altamente influenciada pela informação. Para que o espaço para o contraditório tenha valor, é necessário que ele seja estruturado e devidamente conduzido. A oportunidade de questionar e contribuir** precisa ser tratada com seriedade, servindo como uma vitrine tanto para boas ideias quanto para possíveis desacertos. Nesse sentido, o contraditório se torna uma ferramenta poderosa de inclusão, que estimula a criatividade e fortalece o senso de pertencimento dos colaboradores.
Um exemplo prático dessa prática aconteceu em uma empresa do setor de agronegócio, onde tive a oportunidade de abrir um diálogo com 300 colaboradores, proporcionando total espaço para o contraditório. O resultado foi notável, com destaque para os mais jovens, que lideraram os questionamentos e apresentaram ideias inovadoras. Essa empresa possui uma cultura humanizada e de respeito ao ser humano, o que facilita a adoção dessa prática e promove um ambiente de diálogo aberto e construtivo.
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A Condução do Espaço para o Contraditório
É essencial que o espaço para o contraditório seja conduzido de forma adequada, permitindo respostas claras e objetivas. Um "não" discutido com transparência é sempre melhor do que um "sim" demagógico. A experiência demonstra que a verdade e a clareza no diálogo fortalecem a confiança e criam um ambiente onde as ideias podem ser discutidas de forma honesta e produtiva.
Recomendações para Empresas, RH e Profissionais
Para maximizar os benefícios do espaço para o contraditório, há três recados importantes:
1. Para as empresas: Criar um ambiente propício para o espaço contraditório é uma estratégia poderosa para estimular a inovação e o engajamento dos colaboradores. Ao dar espaço para ideias e questionamentos, surgem novas perspectivas que podem transformar o negócio. Porém, é fundamental que a alta direção esteja comprometida com essa prática e que a condução seja feita por uma pessoa com domínio e convicção.
2. Para os profissionais de RH: Assumir a responsabilidade de implementar e manter essa agenda é uma oportunidade para influenciar positivamente a cultura da empresa. O RH deve criar as condições necessárias para que o espaço para o contraditório funcione, extraindo insights valiosos que contribuam para o desenvolvimento e reconhecimento dos colaboradores. O alinhamento com a alta direção é crucial para garantir o sucesso dessa prática.
3. Para os profissionais em busca de crescimento: Para aqueles que almejam uma carreira de sucesso, dominar o que fazem e estar sempre em busca de melhorias são atitudes essenciais. É importante desenvolver uma visão abrangente da empresa, ser curioso e despertar o olhar para novas oportunidades. Questionar é válido, mas deve ser feito com fundamento, coerência e sempre visando o interesse coletivo, não apenas o individual. Sem a empresa, o desenvolvimento de carreira não é possível.
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Conclusão
O espaço para o contraditório é uma ferramenta valiosa para as empresas que buscam se adaptar às exigências de um mercado em constante transformação. Ele permite que colaboradores de todas as gerações contribuam com suas perspectivas, enriquecendo as decisões empresariais e fortalecendo o senso de pertencimento. No entanto, para que essa prática seja eficaz, é necessário que seja bem estruturada, conduzida com seriedade e respaldada por um compromisso genuíno da liderança.
Ao promover o contraditório de forma coerente e responsável, as empresas criam um ambiente mais inclusivo, inovador e alinhado às demandas da nova geração de profissionais.