Idealizada pela Proteção Animal Mundial, a música Defaunação – que tem letra de Carlos Rennó e composição de Péricles Cavalcanti – foi lançada em 17 de julho, Dia da Proteção às Florestas, e visa engajar o público em defesa da vida silvestre
O desmatamento na Amazônia Legal, Cerrado e Pantanal alcançou 21.000 km2 – o equivalente a 14 vezes a cidade de São Paulo – segundo dados do PRODES 2023, programa desenvolvido e operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Os números sobre focos de incêndio e quantidade de hectares atingidos, muitas vezes, desviam a atenção sobre os maiores impactados, conhecidos também como vítimas invisíveis: os animais silvestres. Cada habitat devastado contém histórias de centenas de espécies – a exemplo da onça-pintada, anta, tamanduá-bandeira, lobo-guará, queixada, tatu-bola, jacaré, tuiuiú, arara, zogue-zogue, entre outros – que perdem o lar ou a vida. Os que se aventuram em busca de um novo território com oferta de água, comida e abrigo correm ainda o risco de atropelamento. A cada segundo, estima-se que 17 animais silvestres morrem nas estradas brasileiras, um total de quase meio bilhão ao ano.
Para dar visibilidade a essas vítimas invisíveis e sensibilizar o público, por meio da arte, a Proteção Animal Mundial idealizou a música “Defaunação”, termo que alerta sobre a ação humana de forma intensa e constante nos biomas e que impacta diretamente a vida silvestre. Os cinco versos, cantados por Ney Matogrosso, Zahy, Frejat, Letrux e Mahmundi, chamam a atenção sobre os riscos provocados pela agropecuária industrial – que causa imenso sofrimento também em animais de fazenda, como bovinos, aves e porcos – que são criados como meras mercadorias, e não como seres vivos. A música – que tem letra de Carlos Rennó, composição de Péricles Cavalcanti e produção da Bijari – lembra ainda que os animais são sencientes, ou seja, que assim como os seres humanos são capazes de sentir emoções complexas como medo, dor ou alegria.
A percepção do sofrimento dos animais silvestres é que motivou o cantor Ney Matogrosso a se se tornar um ativista em defesa dos animais.
“Eu era adolescente e estava na fazenda do meu avô e eu fui acompanhar um grupo que saiu para caçar porque era algo considerado normal, caçar para comer. Mas os homens atiraram num bando de macacos e eu vi as mães tentando proteger os filhotes. Balearam também um gavião e eu fui acudir o animal, que estava com tanta dor que cravou a garra na minha mão e eu não tive coragem de tirar. Naquele momento eu entendi tudo”.
Para o músico Frejat, o ser humano pode ser considerado um dos animais mais nocivos dentro do planeta.
“A visão do homem é egoísta e destrutiva. É importante lembrar que vivemos com milhares de outras espécies e que é necessário respeitar. Não estamos aqui sozinhos”.
A cantora Mahmundi destacou que é a primeira vez que participa de um projeto em prol da vida silvestre.
“Tem muita gente envolvida nessa música linda, animais participando com os sons. Eu sou suspeita porque amo música e amo bicho, então quando recebi esse convite foi uma benção”.
Despertar a curiosidade do público, na avaliação da cantora Letrux, é mais um dos atrativos de “Defaunação”.
“Minha sugestão é curtir a música, prestar atenção no nome dos animais e pesquisar sobre eles para aprender sobre a importância da preservação das espécies. Não é porque saímos da escola que precisamos deixar de querer aprender. O melhor agora é que não existe a pressão para uma nota alta no boletim”.
Para a atriz e cantora Zahy Tentehar a canção também desperta o lado lúdico no público. Por isso, ela conta qual animal silvestre ela gostaria de ser.
“Uma ave, para voar longe, pousar numa árvore, ficar cantando. Voar é um negócio bonito, poder olhar do alto, ter uma visão ampla de tudo”, revela.
A coordenadora de Vida Silvestre na Proteção Animal Mundial, Júlia Trevisan, afirma que a música é especial por apresentar os conceitos de defaunação e refaunação.
“São termos diferentes e distantes do dia a dia, mas extremamente relevantes quando se fala de conservação e restauração ambiental. É importante falar sobre a defaunação que estamos vivenciando e que silenciosamente está matando quem habita a floresta. Da mesma forma que é importante promover a refaunação, que significa a reintrodução ou a volta de espécies da fauna para seus habitats naturais. Precisamos conhecer esses termos para entender a importância da fauna silvestre e como nossas florestas dependem dos animais para se manter saudáveis e prosperar. E, nada melhor do que artistas com grande alcance para levar essa mensagem para o público”, avalia.
Para acompanhar o lançamento da música, em 17 de julho, Dia de Proteção às Florestas, visite o site e siga as redes sociais da Proteção Animal Mundial.
Ficha técnica
Música: Defaunação
Argumento: Proteção Animal Mundial
Letra: Carlos Rennó
Composição: Péricles Cavalcanti
Arranjo, teclados e programações: Xuxa Levy
Guitarras: Renato Galozzi
Violões e guitarras: Frejat
Vozes: Ney Matogrosso, Zahy Tentehar, Frejat, Letrux e Mahmundi
Produção Executiva: Carolina Marçal
Distribuição: Beth Moura
Gravado nos estúdios Casa do Mato/ RJ
Videoclipe
Direção, artes e animações: Estúdio Bijari (Alexandre Marcati, Dani Violin, Débora Pistore, Geandre Tomazoni, Marcela Návia, Marcelo Macedo, Olavo Ekman)
Direção de fotografia: Fred Siewerdt
Imagens adicionais: Thomas Pam
Edição: Guilherme Peres