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A Esperança renovada: Avanços no tratamento da Neuralgia do Trigêmeo     

15 de Julho de 2024
Dr. Bruno José Miranda | Foto: Divulgação

A história de Carolina Arruda, uma estudante brasileira de veterinária de 27 anos, está repercutindo profundamente ao redor do mundo. Diagnosticada há uma década com Neuralgia do Trigêmeo, uma condição rara e extremamente dolorosa que afeta os nervos faciais, Carolina tem compartilhado abertamente sua jornada com a doença nas redes sociais.

Recentemente, Carolina tornou-se um símbolo de uma batalha maior ao expressar sua intenção de buscar a eutanásia, ou suicídio assistido, como uma saída para seu sofrimento insuportável. A eutanásia envolve a administração controlada de medicamentos que levam à morte pacífica sob supervisão médica, uma prática legal em alguns países como a Suíça, mas proibida no Brasil.

Sua decisão não apenas levantou questões profundas sobre o direito individual de escolha e a morte digna, mas também deu voz a milhares de pessoas que enfrentam condições médicas crônicas e debilitantes. Carolina busca não apenas alívio para sua própria dor, mas também conscientização sobre os desafios enfrentados por pacientes como ela, que lidam diariamente com doenças raras e incuráveis. A neuralgia do trigêmeo é uma condição conhecida por causar uma das dores mais intensas e debilitantes que um ser humano pode experimentar. Caracterizada por ataques súbitos e agudos de dor lancinante em um lado do rosto, essa condição afeta áreas sensíveis como gengivas, lábios, asa do nariz, queixo, região da bochecha, além de proximidades dos olhos e orelhas. 

Essa dor excruciante, muitas vezes descrita como um choque elétrico ou sensação de queimação intensa, pode ocorrer de forma imprevisível e repetitiva ao longo do dia. Os episódios, embora breves, são suficientemente intensos para incapacitar o paciente em suas atividades diárias mais simples, como comer, falar ou até mesmo sorrir.

A disfunção do nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade facial, é o cerne dessa condição. A causa exata geralmente não é identificada, mas acredita-se que a deterioração da bainha de mielina que envolve o nervo possa resultar em uma condução nervosa anômala, desencadeando os ataques de dor lancinante característicos da neuralgia do trigêmeo.

Apesar de sua intensidade e impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, os tratamentos disponíveis visam aliviar os sintomas, uma vez que a condição não possui cura definitiva.

A neuralgia do trigêmeo representa um desafio clínico significativo devido à sua natureza imprevisível e à complexidade no manejo dos sintomas. A busca por novas abordagens terapêuticas, incluindo avanços na medicina intervencionista da dor, continua sendo uma prioridade na esperança de oferecer alívio efetivo e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados por essa condição debilitante.

O tratamento da neuralgia do trigêmeo é um campo onde a precisão e a delicadeza são fundamentais para proporcionar alívio aos pacientes que enfrentam uma das dores mais intensas conhecidas pela medicina. 

Segundo o Dr. Bruno José de Pinho Miranda, renomado médico radiologista especializado em medicina regenerativa e tratamento intervencionista da dor, a abordagem terapêutica pode variar desde o uso de medicações até procedimentos minimamente invasivos, evitando intervenções mais agressivas como neurocirurgias.

"O tratamento pode ser realizado com medicações, principalmente da classe dos anticonvulsivantes, que são frequentemente utilizadas para controlar a dor neuropática característica da neuralgia do trigêmeo", explica Dr. Bruno. No entanto, quando essas opções medicamentosas não proporcionam mais alívio adequado, ele recorre a procedimentos minimamente invasivos que têm se mostrado altamente eficazes.

Durante esses procedimentos, o paciente é sedado para conforto e segurança. O Dr. Bruno utiliza a radioscopia, uma técnica avançada que proporciona imagens em tempo real, para guiar uma pequena cânula até o centro do nervo trigêmeo afetado. "Uma vez que a cânula está corretamente posicionada, temos a capacidade de realizar duas técnicas principais", explica ele. "Em uma delas, um pequeno balão é inflado para comprimir o nervo, enquanto na outra, uma corrente elétrica é aplicada através da cânula para desativar parcialmente o nervo."

Uma conexão significativa existe entre o herpes-zóster e a neuralgia do trigêmeo, uma condição caracterizada por uma das dores mais excruciantes conhecidas pela medicina. O nervo trigêmeo, responsável pela sensibilidade da face, é frequentemente afetado durante a infecção por herpes-zóster, levando ao desenvolvimento da neuralgia trigeminal pós-herpética. Esta forma específica de neuralgia do trigêmeo é classificada internacionalmente e estima-se que menos de 10% dos pacientes com herpes-zóster desenvolvem essa condição dolorosa.

O tratamento da neuralgia trigeminal pós-herpética pode envolver uma abordagem multidisciplinar, com opções que vão desde medicamentos como gabapentina, pregabalina e carbamazepina até procedimentos cirúrgicos como rizotomias trigeminais percutâneas, que têm demonstrado eficácia em casos refratários ao tratamento medicamentoso. A escolha do tratamento é individualizada, considerando fatores como idade do paciente, qualidade de vida e histórico médico.

Embora seja uma condição rara, a neuralgia trigeminal pós-herpética representa um desafio significativo para pacientes e profissionais de saúde, exigindo um caminho muitas vezes longo até o diagnóstico e tratamento adequados. O compromisso com a conscientização e educação sobre essa condição é fundamental para fornecer suporte efetivo e melhorar a qualidade de vida daqueles que enfrentam essa dor intensa e debilitante.

Esses procedimentos são projetados não apenas para aliviar a dor aguda e incapacitante da neuralgia do trigêmeo, mas também para oferecer aos pacientes uma recuperação mais rápida e menos dolorosa em comparação com as opções cirúrgicas tradicionais. "É gratificante ver como esses tratamentos podem transformar a vida dos pacientes", comenta Dr. Bruno. "Receber mensagens ou fotos de pacientes agradecidos, como uma paciente que finalmente pôde comer um gomo de tangerina após anos de sofrimento, é realmente emocionante e reafirma a importância do nosso trabalho."

Para mais informações sobre tratamentos para neuralgia trigeminal pós-herpética e medicina regenerativa, siga Dr. Bruno no Instagram:
@drbrunojosemiranda e @regen.hub

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