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Maio Laranja Abuso Infantil, sexóloga explica como abordar o tema com as crianças

28 de Maio de 2024

Abuso sexual pode desencadear além de fortes traumas, dores intensas e aversão à relação sexual no futuro

Foto: Divulgação/ Internet

Maio Laranja é mês de alerta para se aprofundar na discussão do abuso infantil. Além de causar traumas emocionais sérios, prejudicar a autoestima, a qualidade de vida emocional e os relacionamentos esses casos podem desencadear dor na relação.

As atividades do Maio Laranja são promovidas por uma ampla gama de instituições, incluindo escolas, organizações não governamentais, órgãos de governo, conselhos tutelares e a sociedade civil em geral. A campanha enfatiza a importância da vigilância e da responsabilidade coletiva na proteção das crianças e adolescentes contra o abuso sexual.

Para a sexóloga Débora Pádua, da capital paulista, que trata mulheres que sentem dor e aversão ao sexo depois de serem abusadas, é importante conversar com as crianças sobre o tema. “Para ficar mais fácil explicar para as crianças sobre o tema, é válido desenhar para eles uma criança sem roupa e pedir para a criança mostrar quais são as partes íntimas, e circular as partes mostrando que essas partes não podem ser tocadas por outras pessoas que eles não conheçam e ainda - que não seja por qualquer pessoa a menos que seja para fazer a higiene deles. E ainda, com um desenho de um adulto, mostre que nenhum adulto pode pedir que elas toquem nestas mesmas partes intimas deles, sob hipótese alguma”, alerta a especialista.

Débora ressalta ainda que é importante explicar que nenhum carinho, de nenhuma pessoa, deve ser guardado em segredo dos pais. “Criança não pode ser ensinada a guardar nenhum segredo dos pais. Eu quero evitar que eu continue recebendo esse tipo de trauma no meu consultório no futuro, que atualmente é tão corriqueiro”, desabafa a fisioterapeuta pélvica que trata esse problema que ultrapassa as barreiras emocionais. “As mulheres abusadas na infância chegam a ter aversão à relações sexuais e ainda desencadeiam um distúrbio sexual tão frequente porém pouco abordado: o vaginismo”.

A dor na relação causada pelo vaginismo, que chega a afetar até 6% das mulheres sexualmente ativas, ainda é pouco debatido às claras. Por ser um tema íntimo a maioria das pacientes deixam de procurar ajuda e sentem-se conformadas com o fato de não conseguirem ter uma relação sexual com penetração. “Além das questões relacionadas a vida sexual, o vaginismo pode afetar também a saúde feminina, pois elas tampouco conseguem realizar exames preventivos, como o Papanicolau e o ultrassom transvaginal”, explica.

Outro ponto importante que a especialista destaca é que o vaginismo pode ser causado pelo trauma da violência, mas nem toda paciente que sofre de vaginismo sofreu algum tipo de violência. “Com base em nossa prática clínica, constatamos que o distúrbio pode ser causado por diferentes fatores além do abuso sexual, podemos destacar causas como educação sexual rígida, fatores religiosos, questões hormonais, doenças pélvicas, dentre outros fatores”, conta. 

A boa notícia para a mulher que sofre de vaginismo é que ele tem tratamento. Através da Fisioterapia Pélvica, podemos ajudar as mulheres a se livrarem dessas dores e os resultados são animadores: com poucas sessões, as pacientes apresentam melhora significativa e superam o problema.”, diz Débora que completa: “Já salvamos muitos casamentos e permitimos a realização do sonho da maternidade para muitas mulheres. Transformamos vidas e isso é o que mais nos motiva a seguir em frente, ajudando cada vez mais essas mulheres a recuperarem a autoestima, a feminilidade e a descobrirem o prazer”, diz.

Vale ressaltar que em qualquer caso de suspeita de algum caso de abuso sexual infantil, é fundamental denunciar. Além do Disque 100, que funciona 24 horas por dia e pode ser acionado de qualquer lugar do Brasil, as denúncias também podem ser feitas diretamente aos Conselhos Tutelares, delegacias especializadas ou qualquer órgão de proteção à criança e ao adolescente. 

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