Além disso, organizações que se preocupam com a felicidade dos funcionários têm menos chances de se depararem com pedidos de demissão
Empresas que oferecem bem-estar aos seus colaboradores – como pacote de benefícios, treinamentos e plano de cargos e salários – atraem quase o dobro de candidatos por vaga e têm 76% menos chance de se depararem com a saída voluntária de funcionários. Os dados são de pesquisa da Great People Mental Health, consultoria do Ecossistema Great People e Great Place To Work (GPTW), sobre ambiente de trabalho, saúde mental e consequências das boas práticas da saúde para as empresas.
Conforme entrevista à imprensa do professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e cientista-chefe na Great People Mental Health, Pedro Shiozawa, para construir um ambiente saudável, é preciso ter atenção a quatro pilares que incluem capacitação, respeito à individualidade, oportunidade de crescimento ou inovação e reconhecimento.
Na esteira de atrair e contratar talentos para as vagas de uma companhia, além de um processo seletivo criterioso, é preciso que esses postos de trabalho sejam atraentes para os profissionais qualificados. Segundo pesquisa de 2023 da Catho, realizada com 5 mil entrevistados, 45% dos trabalhadores brasileiros consideram, por exemplo, os benefícios corporativos, além do salário, antes de aceitar uma proposta de emprego.
Os preferidos são o vale alimentação, mencionado por 67% dos participantes, a assistência médica, citada em 66% das respostas e o vale refeição, lembrado por 62%. A possibilidade de melhorar a qualidade de vida e as perspectivas de plano de carreira e crescimento na companhia também estão entre as características mais buscadas pelos profissionais entrevistados.
Profissionais felizes são mais produtivos, criativos e propensos a entregar resultados
As empresas desempenham um papel decisivo no estímulo ou na redução do nível de felicidade e de satisfação profissional e pessoal, como apontam informações da 23ª edição do Índice de Confiança Robert Half. Os dados revelam que 89% das organizações reconhecem que os resultados têm a ver com a motivação e a felicidade dos colaboradores.
Robert Half ouviu mais de 1.100 profissionais, divididos em recrutadores, qualificados empregados e qualificados desempregados, todos com 25 anos ou mais e formação superior completa. Foram mapeados os principais aspectos responsáveis pela promoção da satisfação no ambiente de trabalho e os benefícios que a atuação de uma equipe motivada traz, além dos impactos que o sentimento de insatisfação pode gerar.
Segundo estudo, 79% dos profissionais dizem estar satisfeitos com o trabalho. Eles afirmam que os cinco principais fatores responsáveis por esse sentimento incluem o fato de gostar da profissão, ter equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ser tratado com igualdade e respeito, sentir orgulho da empresa e sentir-se realizado com o emprego.
Já aqueles que estão infelizes, por outro lado, dizem que o sentimento gera consequências no cotidiano. Os principais impactos relatados são a falta de motivação, implicações psicológicas, forte abertura a novas oportunidades de emprego, baixa proatividade e postura pouco empática com colegas de time.
Dos desempregados que participaram do levantamento, 31% indicaram que saíram do último emprego voluntariamente. Entre os motivos para o pedido de demissão, eles ressaltaram a ausência de felicidade, a ausência de perspectiva de crescimento na carreira, a busca por novos desafios e a falta de reconhecimento.
Os recrutadores entrevistados elencaram como aspectos que mais favorecem a felicidade no ambiente laboral as expectativas alinhadas entre funcionário e empresa, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a abertura dos líderes para auxiliar e apoiar os liderados, a flexibilidade e as perspectivas de crescimento.
Além de reafirmar a conexão direta entre felicidade e resultados satisfatórios, os recrutadores ouvidos indicaram os principais benefícios gerados por um time feliz. Segundo eles, profissionais contentes são mais produtivos, inovadores e criativos, cooperativos com colegas, leais à empresa e costumam superar as metas e expectativas.
Inteligência emocional deve ser desenvolvida por líderes e funcionários
De acordo com a pesquisa “Inteligência Emocional e Saúde Mental no Ambiente de Trabalho”, feita em 2022 pela The School of Life, em parceria com a Robert Half, 36% dos 180 trabalhadores entrevistados que não exercem cargo de liderança acreditam que o apoio é uma das habilidades que mais falta em seus líderes. Isso inclui a escuta ativa, a disponibilidade, a presença e a valorização do outro.
Comunicação, capacidade de decidir, empatia, objetividade e liderança (13%) também foram apontados como características faltantes nos líderes na opinião dos liderados ouvidos.
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Ao serem perguntados sobre as habilidades que gostariam de desenvolver em si mesmos, 6% dos 620 gestores entrevistados indicaram o apoio. Nessa autoavaliação, os líderes destacaram o desejo por aprimorar habilidades de empatia, espírito empreendedor, calma, espírito inovador, autoconhecimento e diplomacia.
Segundo a CEO da The School of Life Brazil e head da área de Experiências Corporativas da escola, Diana Gabanyi, em entrevista à imprensa, é um ponto de preocupação o fato de ainda existirem organizações com líderes que não percebem a inteligência emocional como uma habilidade importante para o crescimento tanto dos funcionários quanto da empresa.
Ela enfatiza ainda que o apoio não é uma habilidade limitada ao líder. Essa característica deve ser desenvolvida e colocada em prática por todos os colaboradores, seja em relação a si mesmo ou aos parceiros, clientes e gestores.