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Banda Rota da Seda exalta amor e família em EP de reggae moderno e cativante

19 de Abril de 2024

Abraçando uma diversidade de estilos em um reggae original, grupo exalta o amor como forma de resistência política

Foto: Divulgação

Num cenário mainstream nem sempre aberto ao frescor de novos talentos, a cena alternativa é um celeiro fecundo para quem quer encontrar artistas que fazem música sincera e com qualidade. Despretensiosamente, a Banda Rota da Seda chega com o EP "Bichos da Seda, Vol1 (Família)", dia 19 de abril, com quatro faixas repletas de referências que vão do reggae ao rock, formando um arranjo poderoso acompanhada de letras filosóficas e harmonias cativantes. O lançamento sai pela Gava Music, selo parceiro da Warner Chappell

Trio formado por Guglê (Gustavo Luppe)  na guitarra, Luiz Gustavo Moniz no baixo e  Gian De Luca, também na guitarra e vocais, escolheu como carro-chefe do EP a faixa “Família”, uma narrativa emocional sobre a importância de ter uma rede de apoio familiar. “Podemos seguir um caminho sem medo de sentir”, grita visceral o vocal do single. A canção, assim como todas as outras do projeto, chegará com visualizer no Youtube da banda.

A Banda Rota da Seda incorpora em suas letras o viés crítico de uma juventude ciente dos desafios que um mundo desigual impõe em quem tenta apenas sobreviver dignamente e a maturidade musical de um grupo que ouve muita música e ensaia muito.  Um resumo dessa poesia consciente pode ser encontrada na faixa Tempos de Paz: “Contra a praga de concreto/ O rei da Floresta leva a luz do sol/ Onde encontra uma fresta (...) Liberdade e igualdade, se for só pra alguns, amarga”, entoam os versos.

As canções de "Bichos da Seda, Vol1 (Família)" ganharam formato final na saída da fase aguda da pandemia, sendo um reflexo da criatividade nascida durante um período de isolamento e angústia. “Em 2022, fizemos a pré-produção e começamos a gravar. Nesse meio tempo, fizemos troca de membros e produtor.  Pegamos o trabalho para produzir nós mesmos, gravamos sopro, metais, e deu tudo certo. O resultado está muito bom”, conta Luiz.

No reggae “Despache”, a Banda Rota da Seda invoca o ouvinte para abraçar o bem e a positividade das pessoas que gostam da gente: “Se descubra na dor/ Se cubra de amor/ Porque nada faz sentido sem se ter alguém/ Se cerque de pessoas que te querem bem”.  A composição foi a primeira canção autoral do trio, composta por João Candau, antigo integrante do grupo."Para essa gravação nós chamamos o Deko, artista e também compositor do Maneva, e foi incrível. A voz dele somou muito para o resultado final." , explica Gian.

A gente decidiu as músicas que iam entrar no EP entre outras dez. A ‘Despache’, a gente já sabia que queria no disco porque foi a primeira que a gente compôs, assim como ‘Tempos de Paz, Tempos de Guerra’, que é uma letra mais política e conversava com a época de eleição, mas acho que ainda faz muito sentido. Compus essa faixa quando Trump foi eleito em 2017, já observando essa guinada reacionária”, conta Guglê.

Outra inspiração da pandemia veio via Gian De Luca na canção “Vida Discreta”, onde o vocalista precisou buscar formas de se autoconhecer e ficar bem consigo mesmo naquele momento de crise mundial de saúde. “Eu estava num processo muito doido, aí soltei um improviso em cima de um beat feito pelo João Candau e até soltei um ‘por mais que dizam’, que o pessoal zuou, mas eu mantive na letra por traduzir esse momento de desnorteamento. Aí ela ganhou vocais de apoio de uma cantora nova e muito talentosa chamada Stellaria”, explica.

Embora bebam de várias fontes musicais como influência, o novo lançamento abraça o reggae com força, mas para o futuro da banda, o rótulo não é uma meta para o trio. Com divisão das ideias democraticamente divididas entre os músicos, a Banda Rota da Seda possui muito espaço para crescer e alcançar novos públicos com sua arte.

Faixa a Faixa:  "Bichos da Seda - Família"

Despache

Despache foi a primeira música autoral da Rota da Seda. Essa música foi escrita a mais de dez anos pelo João Candau. Ela foi escrita em um contexto no qual ele tinha recentemente passado por um término de relacionamento e a letra conta um pouco dessa conversa introspectiva que possibilitou a descoberta de um amor além do amor romântico. A música fala sobre amor próprio, sobre se cercar de pessoas que te amam, sobre estar em paz consigo, para que assim você esteja em paz com o mundo.

Um fato curioso é que o João mostrou a música pela primeira vez para o Luiz Gustavo e para o Guglê em uma viagem para Delfinópolis(MG) antes mesmo da ideia da banda surgir.

Referências: Katchafire, Bob Marley, SOJA e Planta e Raiz 
 

Família

Família foi escrita pelo Gian durante a pandemia em um momento em que ele estava se reabrindo emocionalmente para o mundo. O processo de escrita da música veio como uma forma de amenizar o momento tão pesado que estávamos vivendo. Ela funcionou como uma luz no fim do túnel, luz essa que se transformaria no que hoje é a Rota da Seda.

A letra da música transmite a ideia de que ao se cercar daqueles que consideramos família, temos o poder de mudar o que está ao nosso redor. A letra também traz a ideia do amor e da liberdade, principalmente que amar é deixar o outro livre, mas que ao mesmo tempo quando aquele que ama quiser ficar por perto, será sempre bem-vindo.

Referências: Nação Zumbi, Zeca Baleiro
 

Tempos de Paz, Tempos de Guerra

A música foi composta em um contexto de indignação com o crescimento de ideias e movimentos ultra reacionários ao redor do mundo. A sensação durante a composição era de desespero em relação ao que estava acontecendo, mas ao mesmo tempo de consciência que isso não poderia nos deixar abater, por isso a dualidade entre tempos de paz e tempos de guerra. 

A letra foi composta pelo Gustavo (Guglê) e pelo João Candau, que trouxe a letra do ragga (meio da música). Ela ressalta a necessidade de sempre nos posicionarmos contra aquilo que tenta nos destruir, que tenta nos anular e que tenta tirar nossas forças, porque cabe a nós combater o que atenta contra nós. A letra também ressalta que a liberdade deve ser plena e não só para alguns.

Referências: Mato Seco
 

Vida Discreta

Vida Discreta foi escrita pelo Gian em um momento de mergulho interno, de autoconhecimento, onde ele se permitiu ser um canal para as experiências que surgiam. Ao improvisar sobre um beat feito pelo João Candau, a melodia saiu pronta e a letra surgiu quase que completa e com as suas principais ideias, que eram um reflexo da forma como o próprio se enxerga na sociedade, e como a sociedade o afeta, essa dualidade se manifesta na sensação de vítima e agressor ao mesmo tempo, assim como se enxergar no outro para poder realizar uma mudança significativa e o entorpecimento para esquecer aquilo nos aflige. Em cima disso, a letra busca enfatizar que mesmo enfrentando essas dualidades, devemos seguir vivendo e continuar em frente.

Diferente das demais faixas do EP, a Vida Discreta se diferencia na parte vocal por trazer letras bem mais rítmicas, influências de artistas como: Calle 13, Froid, Gorillaz e Stromae. No instrumental as principais referências são Cypress Hill, Daft Punk e música Latina

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