Informes - GERAIS

O Astronauta: Adam Sandler fala sobre suas limitações físicas e solidão durante as filmagens

26 de Fevereiro de 2024

Adam Sandler revelou durante o Festival de Berlim que sentiu dores durante as filmagens de “O Astronauta”, que teve dificuldades com o uso de guindastes e cabos de aço e que aprendeu valiosas lições filosóficas durante as filmagens. O ator também agradeceu ao Brasil pelas reprises de seus filmes anteriores. Confira:

Foto/ Crédito: Mariana Fontes/ Divulgação

Durante 74ª Berlinale (Festival Internacional de Cinema de Berlim), elenco, produtores e diretores de “O Astronauta” (Spaceman, no original) se reuniram para dar uma coletiva de imprensa e contar detalhes do filme, que terá sua estreia mundial dia 1 de março na Netflix, mas que teve sua ante-estreia durante o Festival.

Apesar do jet lag e do aparente cansaço físico, o ator Adam Sandler, que protagoniza o longa, respondeu às nossas perguntas e da imprensa internacional com muito bom humor e simpatia. O ator, que vai completar 58 anos de idade em setembro desse ano, falou sobre as dificuldades enfrentadas para conseguir atender às exigências físicas associadas às necessidades técnicas das gravações das cenas do seu personagem e dos aprendizados oriundos da temática do filme e da sua atuação no longa, que lida com a questão da solidão e dos relacionamentos interpessoais.

Foto/ Crédito: Mariana Fontes/ Divulgação

Baseado no livro “Spaceman of Bohemia”, de Jaroslav Kalfar, e dirigido por Johan Renck, o filme é uma odisseia intergaláctica de amor, ambição e autodescoberta, onde o astronauta Jakub Procházka (Adam Sandler) deixa sozinha a esposa grávida, Lenka (Carey Mulligan), que está frustrada por ele sempre escolher missões longas em vez da vida ao lado da família e decide se separar dele. Ao aceitar embarcar em uma missão solitária aos confins do sistema solar, Jakub encontra Hanus (Paul Dano), um alienígena parecido com uma aranha que invade a sua espaçonave, e assim começam a se comunicar e desenvolver uma amizade improvável, levando Jakub a perceber o que há de errado em sua vida, antes que seja tarde demais. 

O Berlinale, que acontece anualmente em Berlim, na Alemanha, é um dos mais importantes festivais de cinema do mundo e também o segundo mais antigo, precedido apenas pelo festival de Veneza, que entra esse ano em sua 81ª edição.

Foto/ Crédito: Mariana Fontes/ Divulgação

Confira alguns trechos da entrevista:

Como foi de ter de atuar preso a cabos de aço e guindastes. Quão fortalecedor ou desconcertante foi?

Sandler: O trabalho parecia quase terapêutico em certo sentido. Quando precisei usar cabos de aço sentia dificuldades, pois o meu corpo não é dos mais flexíveis. Os fios me machucaram. Os dublês que me ligavam todos os dias, eu dizia: Ah, isso dói. Mas nós conseguimos. Fizemos isso como uma equipe.

Que lições você aprendeu com a solidão? Que referência vocês tiveram para esse tipo de interpretação?

Sandler: Antes de gravarmos ensaiamos muito juntos, todo o elenco, então em seguida fomos todos confinados juntos. E então, naquele dia, sim, eu estava conversando com uma bola de tênis ou com o amigo de Johan que veio fantasiado. Claro. Sim. E então foi muito bom. Era um filme sobre estar sozinho.

Usei uma bola de tênis, que me permitiu ficar sozinho em meu próprio mundo. E Johan (diretor) configurou as câmeras de modo a estarmos meio distante delas enquanto ensaiávamos ou atuávamos. E de repente, havia uma câmera. Eu pensava… alguém está gravando? E aparentemente na maioria das vezes sim. E então fizemos assim.

Johan (Diretor): Filmamos no final da pandemia. Todo mundo estava meio que trancado. E estávamos tendo essas experiências estranhas e sonhos à noite sobre socialização e tudo mais. E obviamente isso era estendido ao set. Como Adam disse, filmamos o filme inteiro com guindastes. Então Adam estava muito sozinho no set. E tínhamos grandes guindastes de 21 metros presos no set. Então esse carinha ficou ali pendurado, gemendo, chorando por causa dessas plataformas (risos). Mas de qualquer forma, quero dizer, obviamente, sim, o filme é sobre solidão. Mas também se trata de desconexão, eu acho. Acho que esses são dois temas separados. E é isso que tenho a dizer sobre isso. E, em última análise, para mim, o filme é sobre pessoas tentando se conectar. Isso foi ótimo.

Adam, esta é sua primeira vez aqui na Berlinale. Como está sendo essa experiência. E também, veremos vocês fazendo dramas com mais frequência?

Festival de Cinema de Berlim. Fantástico, honestamente. Que ótimo momento. Todo mundo tem sido fantástico e acolhedor. E é emocionante. E que época linda. Ficamos tão entusiasmados que fomos convidados para cá.

Fomos explorar Berlim… Saímos para comer por duas noites seguidas, comidas deliciosas. Contudo, íamos a um clube ontem à noite mas estava fechado. Nós olhamos em volta e percebemos que ninguém ia abrir pra gente mesmo. Então fomos para um bar. A playlist não era perfeita e queríamos música mais alta, mas isso não ia acontecer. Então acabamos conversando. Isso foi bom. Às vezes, quando a música está baixa, as pessoas conversam, se conhecem. Max (compositor da trilha sonora do filme) não estava lá. Ele estava compondo no seu quarto de hotel (risos).

Ah… Sobre fazer mais filmes de drama, espero que sim, que isso aconteça mais vezes.

No Brasil seus filmes são reprisados muitas vezes, em especial o filme “Como se fosse a primeira vez”. Você é um sucesso no Brasil.

Sandler: Muito legal. Meu Deus. Isso foi fantástico. Sempre fiquei me perguntando: por que continuo recebendo todos esses cheques do Brasil? Obrigado a todos no Brasil.

Como foi trabalhar com a Carey Mulligan?

Então foi incrível trabalhar com a Carey Mulligan (atriz que interpreta a esposa de Adam no filme), em cada cena que filmamos juntos. E então, quando você assiste ao filme e a conexão que acabamos tendo, e que estamos conseguindo isso na vida real, isso também é bom.

Eu amo o desempenho de Carey. Vê-la trabalhar é incrível. Teve uma cena quando ela estava no telefone, certo? Eu estava lá atrás, vi ela fazer isso e em apenas uma tomada ela partiu o coração de todo mundo. Ela é simplesmente o próximo nível de grandeza.

O quanto esse isolamento, essa alienação que eles enfrentam como casal precisa da voz de algo que é grande de algo externo para reconectá-los?

Basicamente essa voz está dizendo para parar de fugir. Você pode se permitir continuar se bloqueando para a realidade, o que é doloroso. Por que é tão importante para você ir atrás de algo distante quando você tem algo bem aqui que é lindo e perfeito e você está simplesmente optando por ignorar? É nisso que Hanus (alienígena com quem o astronauta encontra no espaço) ajuda meu personagem.

Na vida real eu não tenho muito tempo para ficar sozinho, tenho talvez oito minutos no máximo e então logo tenho alguma coisa para fazer. Então, estando sozinho em uma nave espacial, foi muito bom. Acho que recomendo isso para muitas pessoas, para a maioria de vocês, para cada um de vocês (risos).

Foto/ Crédito: Mariana Fontes/ Divulgação

Sobre “O Astronauta”

Estreia: 1 de março de 2024 na Netflix 

Duração: 1h 47min 

Gênero: Drama, Ficção Científica, Suspense

Direção: Johan Renck

Elenco: Adam Sandler, Carey Mulligan, Paul Dano, Kunal Nayyar

Título original Spaceman

Foto/ Crédito: Mariana Fontes/ Divulgação

 

Autor: Hebert Neri
Colaboradores: Kelly Mendes e Mariana Fontes

Comentários
Assista ao vídeo