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No Mês da Mulher, Clube de Leitura CCBB 2024 fala sobre a literatura negra feminina no Brasil

15 de Fevereiro de 2024

Marilene Felinto e Eliana Alves Cruz debatem cor e gênero na criação literária em encontro no Centro Cultural Banco do Brasil

Foto: Divulgação

No Mês da Mulher, a edição de abertura do Clube de Leitura CCBB 2024 propõe uma pergunta importante, prioritária e urgente: A literatura tem cor e gênero? Quem responde são as escritoras negras Marilene Felinto e Eliana Alves Cruz, convidadas do encontro.

Segundo a curadora do evento, poeta e mestre em Teoria Literária Suzana Vargas, este é um gesto também político, na medida em que atende a uma demanda cultural e histórica.

Para o encontro de março, o público poderá escolher, dias 15 e 16/2, em votação aberta, no perfil do CCBB RJ no Instagram (@ccbbrj), entre duas obras de Marilene Felinto e duas de Eliana Alves Cruz. A sessão de março trará aos presentes, portanto, um livro de cada uma das autoras para o debate.

As obras que estão no páreo são As Mulheres de Tijucopapo e Mulher feita e outros contos, de Marilene - uma voz feminista que começou a publicar nos anos 80, com o Mulheres de Tijucopapo, considerado forte, autoral e decisivo na época para pensar as questões femininas pouco exploradas na ficção brasileira-; e Solitária e O crime do Cais do Valongo, esses dois de Eliana Alves Cruz, uma das principais representantes da literatura negra do Brasil hoje e que, apesar de ter surgido relativamente há pouco tempo no país, mostra produção e força.

Os escritos de Marilene e Eliana inspiram a pensar o que significa ser uma escritora negra num país tomado pelo preconceito racial; quais são os sinais evidentes de que, por trás dos textos, existe uma mulher ou um homem negro; se é possível a um homem escrever sobre o universo feminino; e se um escritor ou escritora brancos conseguem penetrar, de fato, no universo da negritude. 

Trata-se de dar visibilidade a essa parcela da população brasileira, que tem nos negros e mestiços mais da metade de seus indivíduos e, ainda assim, é a menos privilegiada em nosso país, sem acesso à educação de qualidade. A equalização dessas condições é muito recente e, de fato, acabamos por desconhecer muito do que se produz no país. São ainda poucos os escritores ou escritoras negros publicados por grandes editoras e, consequentemente, com obras divulgadas pela grande mídia com alcance nacional e até internacional. A maioria dos autores publica alternativamente, com baixas tiragens, tendo portanto seu público mais limitado”, analisa Suzana Vargas.

As Mulheres de Tijucopapo narra a viagem de retorno da narradora Rísia a Tijucopapo, localidade fictícia onde sua mãe nasceu, evocando história real do local, em Pernambuco. No século XVII, a cidade foi palco de uma batalha entre mulheres da região e holandeses interessados em saquear o estado. Nas entrelinhas de As Mulheres de Tijucopapo, conta-se a história das mulheres guerreiras da localidade. O livro se constrói como um fluxo de consciência literário cujo teor histórico, feminista e antirracista evidencia-se no trajeto que a narradora faz de volta a essa terra mítica, iluminando as contradições inerentes à sociedade e à cultura multirracial brasileira.

Foto: Divulgação

Já o Mulher feita e outros contos ecoa falas públicas da autora, Marilene Felinto, quanto ao ofício de escrever. É composto de personagens majoritariamente femininas que nos permitem refletir sobre a inconstância dos dias.

Solitária, de Eliana Alves Cruz, é tido como romance de libertação, constrói uma miríade de histórias que revolve o imaginário do trabalho doméstico no Brasil — ainda tão vinculado à época escravocrata — e o relaciona a questões contemporâneas urgentes como a pandemia, o debate sobre ações afirmativas e a luta por direitos reprodutivos.

E O crime do Cais do Valongo, também na enquete da votação, é um romance histórico-policial que começa em Moçambique e vai parar no Rio de Janeiro, mais exatamente no Cais do Valongo. O local foi porta de entrada de 500 mil a um milhão de escravizados de 1811 a 1831 e foi alçado a patrimônio da humanidade pela Unesco em 2017. 

A ideia é, no quarto ano do evento, continuar inovando em sua formatação para apresentar à sociedade boa diversidade de livros, autores e temas. Em 2024, o Clube de Leitura CCBB mantém-se recebendo autores brasileiros e  internacionais,  lusófonos e latino-americanos, cuja produção necessita de mais visibilidade no país. 

"Estamos ansiosos para descobrir as surpresas que a nova edição do Clube de Leitura CCBB nos trará. Em 2024, os convidados estão ainda mais diversos e, além de escritores lusófonos, teremos a alegria de trazer textos de autores latino-americanos para sugerir ao nosso público. O Clube mantém seu papel de oferecer visibilidade à Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil e incentivar a leitura, sempre com o desejo de alcançar cada vez mais pessoas, de todas as idades e origens”, conta Sueli Voltarelli, gerente geral do CCBB Rio. E complementa: “em 2023 foram mais de mil e duzentas pessoas que puderam compartilhar com os escritores convidados momentos memoráveis, sem contar as milhares de pessoas que acessaram os vídeos pelo YouTube do Banco do Brasil, então esperamos que esse ano possamos promover mais uma vez a literatura contemporânea e trazer temas atuais e universais que conectem o brasileiro com a cultura por meio da literatura”.

O encontro com Marilene Felinto e Eliana Alves Cruz acontecerá no dia 13 de março, às 17h30, na Biblioteca Banco do Brasil, 5º andar, do CCBB RJ, com entrada gratuita. O Clube de Leitura CCBB 2024 conta com o patrocínio do Banco do Brasil.

Os vídeos dos encontros ficam disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2024, sempre nas segundas quartas-feiras do mês. Entre os autores já confirmados estão Eliane Brum  e Itamar Vieira Júnior.

 

Sobre o Clube de Leitura CCBB

Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, localizada no quinto andar do CCBB Rio, até dezembro, sempre na segunda quarta-feira de cada mês, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube, na semana seguinte ao evento. Em 2023, 1.243 pessoas participaram presencialmente do Clube e foram feitos milhares de acessos na playlist dele. A edição do ano passado recebeu os escritores Paula Tavares;  Milton Hatoum; Gonçalo Tavares; Gregório Duvivier; Cida Pedrosa; Eliakin Rufino; José Eduardo Agualusa; Luiz Fernando Carvalho e Ítalo Moriconi; Conceição Evaristo; Mia Couto; e Antonio Torres.

A Biblioteca Banco do Brasil foi fundada em 1931, voltada para as áreas de Administração, Finanças e Economia. Com a criação do Centro Cultural, em 1989, o acervo foi ampliado para as áreas de Artes, Literatura e Ciências Sociais e hoje possui mais de 200 mil exemplares, em constante atualização, ocupando todo o quinto andar deste prédio centenário.

 

Sobre as convidadas

Marilene Felinto - Formada em Letras pela USP,é escritora de ficção premiada com o Prêmio Jabuti de Revelação de Autor (1983) com o romance As Mulheres de Tijucopapo (1982). Também é ganhadora do prêmio de melhor romance inédito da União Brasileira de Escritores (1982), traduzido para o inglês, o francês, o holandês e o catalão. Tem outros romances publicados, assim como coletâneas de contos e ensaios diversos, entre eles Sinfonia de contos de infância (2019); O Lago Encantado de Grongonzo (1992); Outros heróis e este Graciliano (1983); Jornalisticamente incorreto (2000). Marilene também é tradutora de inglês e atua na imprensa como colunista. Atualmente é colunista da Gama Revista. Autora convidada de diversos eventos internacionais e universidades estrangeiras, tem mestrado em psicologia clínica pela PUC-SP e experiência em educação popular de jovens em projetos do terceiro setor na cidade de São Paulo.

Eliana Alves Cruz - Carioca, é escritora e jornalista. Seu romance de estreia, Água de barrela, ganhou o prêmio Oliveira Silveira, da Fundação Cultural Palmares, em 2015. É autora ainda de O crime do cais do Valongo e Nada digo de ti, que em ti não veja e Solitária. Com quatro romances publicados entre 2016 e 2022, além de um livro de contos, e mais dois dedicados a leitoras e leitores iniciantes, além da participação em antologias, Eliana Alves Cruz desponta como grande revelação da literatura afro-brasileira contemporânea. E uma das provas mais evidentes desta afirmação está na conquista do primeiro lugar no Prêmio Jabuti 2022, categoria Conto, com o volume A vestida.

Sobre a mediadora

Suzana Vargas é poeta, ensaísta, escritora e professora e mestre em Teoria Literária pela UFRJ. Publicou 16 livros, entre os quais Caderno de Outono, finalista do prêmio Jabuti. Tem poemas traduzidos em países como Itália, Estados Unidos, Espanha, Alemanha e França. Fez a curadoria de importantes projetos literários para feiras e eventos nacionais e internacionais como as Bienais do Livro do Amazonas, do Rio de Janeiro e de São Paulo, a Primavera dos Livros, a campanha Paixão de Ler e os Encontros com a Literatura Latino-Americana do Centro Cultural do Banco do Brasil. Assina a coluna mensal “Escrever para Lembrar” no portal Publishnews - 2021. Há 27 anos criou e coordena o espaço de oficinas de criação literária Estação das Letras, único no país.

 

SOBRE O CCBB RJ - Inaugurado em 12 de outubro de 1989, o CCBB está instalado em um edifício histórico, projetado pelo arquiteto do Império, Francisco Joaquim Bethencourt da Silva. Marco da revitalização do centro histórico do Rio de Janeiro, o Centro Cultural mantém uma programação plural, regular e acessível, nas áreas de artes visuais, artes cênicas, cinema, música e pensamento. Em 34 anos de atuação, foram mais de 2.500 projetos oferecidos aos mais de 50 milhões de visitantes. Desde 2011, o CCBB incluiu o Brasil no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio de Janeiro entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo. O prédio dispõe de 3 teatros, 2 salas de cinema, cerca de 2 mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso e biblioteca com mais de 200 mil exemplares. Os visitantes contam ainda com restaurantes, cafeterias e loja, serviços com descontos exclusivos para clientes Banco do Brasil. O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda, das 9h às 20h, e fecha às terças-feiras. Aos domingos, das 8h às 9h, o prédio e as exposições abrem em horário de atendimento exclusivo para visitação de pessoas com deficiências intelectuais e/ou mentais e seus acompanhantes.

 

SERVIÇO:

Clube de Leitura CCBB 2024 – Com Marilene Felinto e Eliana Alves Cruz

13 de março de 2024

Às 17h30

Evento Gratuito

Classificação indicativa: Livre

Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site bb.com.br/cultura a partir das 9h do dia do encontro.

Imagens de divulgação:  LINK

Centro Cultural Banco do Brasil

Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.

Biblioteca Banco do Brasil – 5º andar

Contato: 21 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

bb.com.br/cultura | twitter.com/ccbb_rj | facebook.com/ccbb.rj | instagram.com/ccbbrj

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