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Autoliderança: a chave ignorada para desbloquear o poder da liderança efetiva

3 de Outubro de 2023

Em um mundo repleto de incertezas e mudanças constantes, apontar o dedo para problemas se tornou um esporte nacional. É notório ver as pessoas rapidamente atribuindo falhas ao "sistema", à "organização" ou à "sociedade", esquivando-se de identificar onde se encontra a real a raiz do problema. O intrigante, repare, é que os termos colocados entre aspas referem-se a agrupamentos, tornando, assim, a coletividade em um vilão conveniente, o bode expiatório para todos os males. Tal fenômeno não apenas deturpa a responsabilidade individual, como também pode ser a ruína de carreiras, equipes e empresas.

Este dilema foi astutamente analisado pelo economista e autor Eduardo Giannetti, que cita pesquisas demonstrando um viés interessante dessa dinâmica. Em um estudo envolvendo brasileiros, 98% dos entrevistados negaram ser racistas, mas 80% concordaram que a sociedade brasileira é racista. Mesmo que cada um dos brasileiros, por obvio, componha a sociedade, praticamente nenhum deles se reconhece no problema que enxergam no todo.

A deturpação da responsabilidade e autoliderança como antídoto

Essa contradição revela um ponto fundamental: a nossa relutância em ver em nós mesmos os problemas que prontamente identificamos na sociedade, na família e na empresa, ecoando a sabedoria do filósofo francês La Rochefoucauld: "cada um de nós encontra nos outros as mesmas falhas que os outros encontram em nós".

É aqui que a autoliderança entra em cena como um conceito crucial, embasado na filosofia atemporal de Sócrates, que proclamava que "nenhum homem pode liderar a outros se não aprender a liderar a si mesmo".

O professor e consultor administrativo austríaco, Peter Drucker (1909-2005), também emitiu ponderações acerca do conceito de autoliderança. No seu livro "Desafios gerenciais para o século XXI", Drucker ressalta que figuras históricas de destaque, a exemplo do estadista e líder militar francês Napoleão Bonaparte, do compositor austríaco Wolfgang Mozart e do artista plástico e inventor italiano Leonardo da Vinci, demonstraram alto nível de capacidade de gerenciamento de si próprias. É notório que tal autogerenciamento, em considerável medida, desempenhou um papel preponderante na consolidação desses indivíduos e de suas conquistas, tornando-se proeminentes referências em suas respectivas esferas de atuação.

Qualquer projeto, qualquer inovação e quaisquer conquistas começam com o próprio indivíduo. A verdadeira liderança, então, só se forma após a consolidação da autoliderança. O princípio é simples, mas poderoso: você só pode mudar um sistema ao mudar suas partes constituintes.

A falha contemporânea em reconhecer a autoliderança como a fundação da liderança eficaz pode ser evidenciada no discurso popular sobre a diferença entre "chefes" e "líderes". As redes sociais, artigos e cursos de treinamento estão repletos de listas e infográficos contrastando as duas figuras: o chefe comanda, o líder inspira; o chefe inflige medo, o líder cultiva respeito, e assim por diante.

No entanto, essa narrativa frequentemente pula um passo crucial: como, exatamente, alguém se torna um líder e não apenas um chefe? A resposta é frequentemente reduzida a habilidades de gestão de recursos humanos ou técnicas de motivação. O que é notoriamente ausente é a menção da autoliderança. Ignorar este pilar fundamental é como tentar construir uma casa começando pelo telhado.

Não poderia ser surpresa, então, que muitas organizações enfrentem falhas de liderança, com resultados que vão desde baixa moral da equipe até decisões empresariais desastrosas.

Autoliderança Antifrágil: a fundação da verdadeira liderança

Para navegar nesse terreno complexo, surge a robusta metodologia da Autoliderança Antifrágil, estruturada para capacitar os indivíduos no processo de autodescoberta e desenvolvimento. Este modelo assenta-se em cinco pilares fundamentais:

  1. Autoconsciência: Compreender suas forças e fraquezas e como influenciam o ambiente ao seu redor.
  2. Autorreflexão: Descobrir seu papel no mundo e estabelecer valores que orientem sua jornada.
  3. Autorresponsabilidade: Fornecer as ferramentas para construir compromissos duradouros, fomentando empenho e senso de dever.
  4. Autoignição: Programar a mentalidade para ação, buscando sempre sua versão mais elevada.
  5. Autorregulação: Monitorar e ajustar não só suas escolhas, mas também as consequências que delas emanam.

A chave para ser um líder eficaz, portanto, não é outra senão a arte da autoliderança. Foi Mahatma Gandhi quem sintetizou isso perfeitamente, dizendo "seja a mudança que você quer ver no mundo". Neste sentido, a Autoliderança Antifrágil não é apenas uma técnica, mas uma filosofia de vida; o domínio de si como o primeiro passo para influenciar os outros de forma positiva e construtiva. Portanto, se você aspira a liderar com sucesso, comece sendo o líder de si mesmo.

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