Publicitária foi violentada enquanto se recuperava de cirurgia; ele também vai ter que indenizar vítima
O fisioterapeuta Nicanor dos Santos Modesto Junior, de 46 anos, acusado de estuprar uma publicitária em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital na Zona Sul de São Paulo, foi condenado pelo crime de estupro de vulnerável. A pena foi de 12 anos, 5 meses e dez dias de prisão em regime fechado, além do pagamento de uma indenização no valor de R$ 10 mil para a vítima a título de danos morais.
Fisioterapeuta Nicanor dos Santos Modesto Junior, de 46 anos, foi condenado pelo crime de estupro de vulnerável | Foto: Reprodução/Arquivo pessoal |
Conforme reportagem do site G1, o julgamento ocorreu em junho passado no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da Capital. No entanto, a sentença foi dada na quarta-feira (30) pela juíza Renata Mahalem Da Silva.
Nicanor estava preso desde maio passado, quando foi parado em uma blitz de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em João Monlevade, em Minas Gerais. Ele nega as acusações e ainda poderá recorrer da sentença, mas seguirá no presídio.
A defesa do fisioterapeuta não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
Relembre o caso
A publicitária, de 29 anos, afirma ter sido estuprada pelo fisioterapeuta enquanto se recuperava de uma cirurgia na coluna, em janeiro deste ano. A mulher disse que estava sob efeito de remédios para controlar as dores, quando ele tirou seu avental, a deixou nua e enfiou os dedos em sua vagina.
“Ele me deu bom dia, disse que soube da minha cãibra e que iria me auxiliar para a dor passar. Começou massageando minha perna direita iniciando pelos pés. Até que ele pediu para que eu relaxasse e começou a subir a mão até a minha virilha”, lembrou a vítima em entrevista ao site G1.
“Eu não estava entendendo por que ele estava fazendo isso, e então ele falou: ‘Vou colocar os dedos dentro de você para soltar a musculatura da sua vagina e liberar a tensão’. Fiquei em estado de choque, não conseguia reagir àquela situação e então ele o fez: introduziu os dedos e começou a ‘massagear’. Até que ele parou e disse que voltava mais tarde”, afirmou a paciente.
Segundo ela, depois do que ocorreu, ela ficou angustiada e perguntou para outro profissional do hospital se aquela conduta fazia parte do procedimento e soube que não. Foi aí que ela decidiu chamar a segurança do hospital para denunciar Nicanor. A Polícia Militar (PM) foi até o hospital, mas o profissional já havia ido embora e, interrogado depois pela Polícia Civil, negou a acusação de estupro.
A paciente disse, ainda, que estranhava o fato do fisioterapeuta pedir para que sua mãe saísse do quarto para as sessões e que ele fazia perguntas sobre sua vida pessoal. “Em uma dessas conversas, ele disse: ‘Você é muito linda, se na UTI é linda assim, imagina lá fora, maquiada’. Me senti desconfortável com o comentário, mas tentei entender que ele estava querendo ser educado”, lembrou ela.
Na ocasião, o Hospital São Luiz informou “que o profissional em questão foi afastado de suas atividades em 23/1, assim que a denúncia foi recebida. Esclarece que ele era funcionário de uma empresa de fisioterapia terceirizada e estava prestando serviços na unidade há cerca de um mês”.
Ainda segundo a unidade hospitalar, “a sindicância interna continua em andamento e a cooperação com as autoridades é total. Aproveita para esclarecer que, por questão de privacidade, imagens de leitos de pacientes não ficam gravadas, apenas as que registraram áreas comuns. O hospital repudia qualquer violência sexual.”
Já o Conselho Regional de Fisioterapia informou que, após tomar conhecimento das denúncias, decidiu abrir um “processo ético” para investigar o profissional.
O caso passou a ser investigado pela 2ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da Polícia Civil e o Ministério Público Estadual ofereceu uma denúncia contra o profissional pelo crime de estupro. A Justiça decretou, então, sua prisão preventiva no dia 13 de março, mas ele seguia foragido. A medida só foi cumprida no dia 20 de maio, quando ele foi parado na blitz pela PRF.
Fisioterapeuta Nicanor dos Santos Modesto Junior, de 46 anos, acusado de estupro, foi preso pela PRF em MG | Foto: Divulgação/PRF |
Mais abusos
Essa não foi a primeira denúncia de estupro contra Nicanor, segundo reportagem do site G1. Ele é suspeito de pelo menos mais outros três crimes, sendo eles contra uma mulher grávida e duas crianças.
Em 2007, o homem foi acusado por uma mulher de beijar na boca a filha dela, uma menina de 7 anos, em Salvador, na Bahia. Na época, ele chegou a ser preso, mas foi liberado. Mais tarde chegou a se tornar réu, mas o processo acabou arquivado.
Depois disso, em 2014, o fisioterapeuta foi acusado de tentar matar uma mulher que o denunciou por ter abusado da filha dela, de 10 anos, em Buenos Aires, na Argentina. A menina é filha de pais separados e, na época, Nicanor morava com o pai dela.
Ao saber do caso, a mãe foi cobrar explicações, quando diz que o fisioterapeuta disparou uma arma de choque e jogou spray de pimenta contra ela. Ele chegou a ser preso pela polícia argentina, mas depois obteve a liberdade condicional. Mais tarde, foi condenado a sete anos de prisão por tentativa de homicídio e abuso sexual, mas não há informações se ele cumpriu a pena.
Em 2021, o fisioterapeuta foi acusado de abusar de uma garota de 19 anos, que estava grávida, em um hospital de Guarulhos, na Grande São Paulo. Conforme a investigação, a vítima estava com suspeita de covid-19 e foi isolada em um quarto, quando o profissional disse que ela teria que sentir prazer para que as dores de gases no estômago passassem e enfiou os dedos na vagina dela.
O homem foi formalmente denunciado e virou réu por violação sexual mediante fraude. Ele respondia ao crime em liberdade.