Dramaturgo estava internado desde terça (4/7) no Hospital das Clínicas após incêndio atingir seu apartamento.
Morreu nesta quinta-feira (6/7), aos 86 anos, o diretor de teatro José Celso Martinez Correia. Ele estava na UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo, intubado em razão das queimaduras que sofreu durante um incêndio em seu apartamento, no bairro do Paraíso, na Zona Sul da capital paulista.
Zé Celso Martinez Corrêa no Teatro Oficina em São Paulo, em imagem de março de 2017 | Foto: Daniel Teixeira/Estadão/Arquivo |
Ele teve 53% do corpo atingido por queimaduras, ficou sedado, entubado e com ventilação mecânica.
Além do dramaturgo, estavam também no apartamento do Paraíso, na Zona Sul da capital, Marcelo Drummond, marido de Zé Celso, Ricardo Bittencourt e Victor Rosa, além do cachorro Nagô. Os três, incluindo Nagô, ficaram em observação por terem inalado muita fumaça.
Zé Celso em seu Teatro Oficina; | Foto: Reprodução/TV Globo |
Nascido em 30 de março de 1937 em Araraquara, no estado de São Paulo, Brasil, Zé Celso é amplamente reconhecido por seu trabalho inovador e revolucionário no campo das artes cênicas.
Iniciou sua carreira teatral na década de 1950, quando se mudou para a cidade de São Paulo para estudar direito na Universidade de São Paulo (USP). No entanto, sua paixão pelo teatro o levou a abandonar o curso e dedicar-se inteiramente às artes dramáticas. Em 1958, fundou o Teatro Oficina junto com outros artistas, como Renato Borghi, e desde então tem sido o diretor artístico do grupo.
Ao longo dos anos, Zé Celso tornou-se conhecido por sua abordagem experimental e sua disposição em desafiar as convenções teatrais. Ele era um fervoroso defensor do teatro como uma forma de expressão política e socialmente engajada, e seu trabalho muitas vezes apresentava uma mistura de performance, música, dança e elementos de teatro popular brasileiro.
Zé Celso Martinez Correia, diretor de teatro morto em decorrência de um incêndio residencial. Foto: Reprodução |
Ele se projetou nacionalmente com “O Rei da Vela”, escrita por Oswald de Andrade e encenada pela primeira vez em 1967. A peça foi um marco no teatro brasileiro, destacando-se por sua crítica social e sua ousadia estética. Zé Celso adaptou a peça para diferentes momentos ao longo dos anos, mantendo sua relevância e impacto.
Além de seu trabalho no Teatro Oficina, Zé Celso também dirigiu e encenou peças em vários outros países, como Alemanha, França, Itália e Estados Unidos. Seu talento e contribuições para o teatro foram amplamente reconhecidos, recebendo inúmeros prêmios e homenagens ao longo de sua carreira.
Polêmico e provocador, conhecido por sua personalidade vibrante e sua posição política engajada, seu trabalho continuará influenciando e inspirando novas gerações de artistas, um legado duradouro no teatro brasileiro e internacional.