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Queda na vacinação causa ressurgimento de doenças infantis que estavam erradicadas

26 de Junho de 2023

Último relatório do Unicef aponta que confiança dos brasileiros na vacina caiu 11 pontos percentuais após a pandemia da Covid-19

Impulsionado pela disseminação de informações errôneas e de fake news durante a pandemia da Covid-19, o Brasil vem apresentando uma queda no número de pessoas vacinadas, especialmente de crianças. De acordo com o último relatório apresentado pelo Unicef, estima-se que, antes da pandemia, 99% dos brasileiros confiavam na segurança das vacinas infantis. No entanto, os dados mais recentes apontam que esse número caiu para 88%.

Essa queda de confiança pode ser a principal responsável pelo fato de que, segundo o próprio relatório do Unicef, 1,6 milhão de crianças não tenham recebido, entre 2019 e 2021, nenhuma dose da vacina contra a poliomielite nem da vacina DTP - pentavalente, que combate difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e hemófilo B.

Já, segundo o DataSUS, em 2021, a vacinação infantil no Brasil chegou ao seu pior nível em três décadas. Entre as maiores quedas, está a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola): em 2015, ela chegou a 96% das crianças, mas, em 2021, atingiu apenas 71%. A pentavalente e a contra a poliomielite caíram, respectivamente, de 96% para 68% e de 98% para 67%, no mesmo período.

“As vacinas são uma ferramenta vital para proteger as crianças de doenças preveníveis, evitando complicações graves e, até mesmo, a morte. O aumento do ceticismo compromete a imunidade coletiva e coloca em risco a saúde de toda a população, sobretudo dos mais vulneráveis”, explica o pediatra Flauber Santos Filho, Coordenador da UTI Pediátrica do Hospital HSANP. “O esquema vacinal existe por uma razão, e é importante que seja cumprido, tanto para o desenvolvimento saudável das crianças quanto para a erradicação de doenças e o aumento da expectativa de vida”, acrescenta.

A falta de confiança e de adesão às vacinas aumentam o risco de proliferação de enfermidades que haviam sido erradicadas, como sarampo, poliomielite, tétano, difteria e outras doenças bacterianas. Não à toa, 39 mil casos de sarampo foram relatados nos anos de 2018 a 2022, justamente o período em que houve baixa na cobertura vacinal. “Vivemos uma pandemia de urgência mundial, que fez com que as outras doenças e ciclos vacinais fossem prejudicados. Agora, temos que correr atrás do prejuízo, a começar pela vacinação das crianças que não foram imunizadas”, afirma Santos Filho.

O pediatra reforça a importância da conscientização sobre a segurança e a eficácia das vacinas infantis, inclusive contra a covid-19, além da necessidade de aumentar a cobertura vacinal no país. “É fundamental que governos, profissionais de saúde e a sociedade em geral trabalhem juntos para fortalecer a confiança nas vacinas, combatendo a desinformação e promovendo a proteção da saúde infantil”, finaliza o especialista do Hospital HSANP.

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