Em Ribeirão Preto, foram registrados 48 casos da doença entre 2021 e 2022; Data reforça ainda atenção a outros tumores que atingem o aparelho reprodutor feminino
Dr. Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto |
Reforçando a importância dos cuidados com a saúde feminina, o mês de maio chama atenção para incidência do câncer de ovário. Isso porque, em 08/05 é celebrado o Dia Mundial de Combate à doença, considerada a segunda neoplasia ginecológica mais comum no Brasil, atrás apenas do câncer do colo do útero.
A data no calendário deve ser também uma oportunidade para ampliar a conscientização sobre outros tipos de tumores ginecológicos, entre eles os de corpo do útero (endométrio) e do colo do útero. Juntos, os cânceres que afetam o sistema reprodutor feminino correspondem a mais de 30 mil novos diagnósticos todos os anos e ainda esbarram na falta de conhecimento sobre prevenção e formas de detecção precoce, essenciais para frear as taxas de letalidade pela doença.
O Inca aponta que para 2023 são esperados 17.010 novos casos de câncer de colo de útero, mais comum em mulheres consideradas jovens, na faixa dos 35 a 44 anos. Já os tumores ovarianos e de corpo uterino se tornam mais prevalentes naquelas acima de 50 anos e são responsáveis por mais de 6.500 novos diagnósticos a cada ano, respectivamente.
Dr. Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto e membro fundador do EVA - Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos faz um alerta para a agressividade do tumor ovariano. “Esta pode ser considerada a neoplasia ginecológica mais agressiva e de pior prognóstico, pois não há uma triagem com exames de imagem e/ou laboratoriais cientificamente comprovados. Trata-se de um câncer que pode demorar a apresentar sintomas”, comenta o médico.
Em Ribeirão Preto, dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que entre 2021 e 2022 foram registrados 48 casos da doença, sendo a faixa etária acima dos 60 anos a mais acometida.
“Nossa região é uma das mais afetadas pela neoplasia, motivo de reforço para a importância da conscientização sobre alguns cuidados, principalmente por se tratar de uma doença que na maioria dos casos apresenta sinais em fases mais avançadas. A grande maioria dos tumores de ovário iniciam com sintomas vagos, entre os mais comuns estão: aumento do volume abdominal, mudança no hábito urinário ou intestinal, sensação de peso/dor na região inferior do abdômen e dor durante a relação sexual”, comenta o médico.
O oncologista orienta ainda que as mulheres estejam sempre atentas aos cuidados básicos com a saúde como, manter o peso corporal e consultar regularmente seu ginecologista, para que os exames rotineiros sejam realizados.
Alguns sintomas podem indicar que algo está errado com o corpo feminino, necessitando de uma consulta com especialista:
Rastreamento de tumores ginecológicos
Diocésio Andrade comenta que, o Papanicolau é um importante método de rastreamento do câncer do colo do útero. “Além do diagnóstico precoce, o exame colabora para que o tumor seja encontrado em fases inicias aumentando as chances de sucesso do tratamento”.
Para os casos de câncer de ovário e endométrio, ainda não existem bons exames de rastreamento precoce. Em casos como esse, o médico pode solicitar exames clínicos ginecológicos, laboratoriais e também de imagem que ajudam a identificar a presença de ascite ou acúmulo de líquidos, além da extensão da doença em mulheres com suspeita de disseminação intra-abdominal. Contudo, se houver suspeita de câncer de ovário, por exemplo, é necessária uma avaliação cirúrgica.
Além disso, a tomografia computadorizada do tórax pode auxiliar na análise de derrame pleural, metástases pulmonares ou ainda quaisquer outras alterações.
Fatores de risco
Prevenção
O oncologista destaca que a prevenção do câncer do colo do útero pode ser realizada através do Papanicolau (a partir dos 25 anos), vacinação contra o HPV e uso de preservativos durante a relação sexual. Já para os cânceres de útero e ovário, que não possuem exames específicos de rastreamento, vale a prevenção através de uma dieta balanceada, da pratica constante de atividade física, da conservação do peso corporal adequado e consultar o médico regularmente, principalmente a partir dos 50 anos.
Tratamento
O tratamento pode variar de acordo com o estágio da doença. “Quando diagnosticado em sua fase inicial, as chances de cura do tumor são maiores e o tratamento tende ser mais tranquilo. Por essa razão, a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce é fundamental. Podem ser indicadas radioterapia, cirurgia, quimioterapia, braquiterapia, ou ainda a combinação de dois ou mais tratamentos, dependendo do estágio em que a doença se encontra”, diz o oncologista.