Casos aconteceram nessa quarta-feira (12/4), em escolas das zonas Leste e Oeste de Franca. Além disso, casos de trotes em unidades de ensino têm sido registrados na Polícia Civil.
Duas crianças de 8 e 10 anos precisaram ser levadas para a Central de Polícia Judiciária (CPJ) na manhã desta quarta-feira (12/4), após levarem facas para a escola onde estudam. Os casos aconteceram em unidades da zona Leste e Oeste de Franca-SP.
Crianças de 8 e 10 anos levam facas de cozinha a escolas de Franca-SP para 'se defenderem' | Foto: Kaique Castro/GCN |
Os dois casos são idênticos e foram descobertos pelos professores das unidades estaduais de ensino, que acionaram a Polícia Militar e os pais dos alunos.
O garoto de 10 anos chegou a mostrar a faca para os amiguinhos, afirmando que era para sua defesa, caso algum ataque acontecesse na escola. Já a garota de 8 anos só comentou com as amigas. Um levou uma faca de serra e outro, uma faca pequena de cozinha.
Os pais das crianças informaram que não sabiam que elas estavam portando o objeto nas mochilas. Os casos foram apresentados na Polícia Civil e o Conselho Tutelar foi acionado.
Trotes com tom de ameaça aumentam nas Unidade de Ensino
Depois dos ataques em escola de São Paulo e creche em Blumenau (SC), o medo e o pânico tomaram conta dos pais e alunos. Vários posts, áudio e mensagens de possíveis novos crimes têm sido reproduzidos em grupos de WhatsApp.
Outro fator que preocupa são os trotes. Ao menos três boletins de ocorrência foram registrados e uma creche chegou a liberar as crianças mais cedo com a presença da Polícia Militar.
Em uma escola da zona Norte de Franca, um aluno começou a falar em voz alta que aconteceria uma ataque na unidade e que uma professora seria a primeira vítima. Outro aluno chegou a comentar sobre as mensagens em grupos de WhatsApp. Um boletim de ocorrência também foi registrado.
Após as fake news sobre falsos ataques ganharem força nas redes sociais, uma mensagem cobrando "autoridade" dos pais também viralizou. "Ao invés de compartilhar ameaças às escolas e alarmar a todos, olhe a mochila do seu filho antes de ele sair de casa. Olhe as gavetas do seu filho, o celular dele, o histórico de conversas e de pesquisas dele na internet. A privacidade dos filhos é limitada. A autoridade em casa é você, pai e mãe", diz o texto.
Falso alerta pode levar à prisão
Criadores e disseminadores de conteúdos falsos sobre possíveis ataques a unidades de ensino podem pegar de 15 dias a seis meses de prisão e pagar multa, afirma especialista em direito.
Marcos Aurélio Florêncio, professor de direito penal da Universidade Presbiteriana Mackenzie, diz que mensagens do tipo ferem a paz pública ao produzir pânico e tumulto. Pena para esses casos é prevista na Lei das Contravenções Penais, que trata de infrações menos graves com penas mais leves.
"Fake news sobre ataques podem provocar alarma injustificada. Logo, a pessoa que produz e reproduz esse tipo de mensagem pode incorrer nessa contravenção penal. É preciso se atentar ao compartilhar coisas tão graves", diz Florêncio.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou na última sexta-feira (7/4) a criação de um canal exclusivo para receber denúncias sobre suspeitas de ataques a instituições de ensino.
O serviço será oferecido em parceria com a SaferNet Brasil, uma ONG que atua na defesa de direitos humanos na internet.