Estimativas do Inca indicam 44 mil novos casos da neoplasia por ano no próximo triênio; Região Sudeste ocupa primeiro lugar entre as localidades com maior concentração de casos
Dra. Cristiane Mendes, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto |
Ocupando o terceiro lugar entre os cânceres com maior incidência no país, a neoplasia de intestino, também conhecida como colorretal, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso (cólon), no reto (final do intestino) e no ânus.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país deve registrar 44 mil novos casos da doença por ano no próximo triênio, entre 2023 e 2025. A maior concentração acontece na região Sudeste, em que são esperados 29 casos para cada 100 mil habitantes.
“Grande parte dessas neoplasias - cerca de 90% -, se iniciam a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso causando alterações no seu DNA e, gerando um tumor maligno”, explica Cristiane Mendes, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto.
A neoplasia pode ser silenciosa e não causar sintomas imediatos. Entretanto, quando presentes, podem incluir: distensão abdominal, dor em cólica, alteração na frequência das evacuações, alteração na forma das fezes que podem ficar mais fina que o habitual, dificuldade para defecar e até mesmo surgir sangue durante a evacuação, destaca a médica.
A oncologista pontua ainda, que os fatores relacionados ao surgimento da neoplasia é a idade igual ou acima de 50 anos, o excesso de peso corporal e, principalmente, a má alimentação. “Estudos recentes apontam uma forte relação entre o consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana) como fatores que aumentam as chances de desenvolver câncer colorretal. Devemos lembrar que fatores genéticos também estão relacionados ao surgimento de câncer como história familiar e histórico pessoal de câncer de intestino, ovário, útero ou mama. O tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas são hábitos de vida que devem ser desencorajados, porque também aumentam a incidência de neoplasia do intestino”, explica Cristiane.
Diagnóstico
Através do exame de colonoscopia é possível examinar detalhadamente o intestino. ”Se o paciente tem lesões pré-malignas, no próprio exame a lesão é retirada e com isso pode ser evitada a evolução para lesão maligna. Se o paciente estiver com lesão suspeita, também é através da colonoscopia que se faz a biópsia e o diagnóstico do tumor. Depois disso, será realizado o estadiamento tumoral, ou seja, exames complementares para saber a extensão da doença e a sua localização. Na sequência, é proposto o tratamento oncológico conforme os resultados”, pontua a oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto.
De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o rastreio do câncer de cólon e reto deve começar aos 50 anos. No entanto, pessoas com histórico de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares da doença em parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e iniciar o monitoramento antes da idade base indicada para a população, geralmente aos 40 anos.
Tratamento
As lesões do intestino grosso geralmente são tratadas cirurgicamente e, após isso, deve ser avaliada a necessidade de complementação de tratamento com quimioterapia. “Para as lesões do reto, existem terapias combinadas como padrão- radioterapia, quimioterapia e cirurgia. Nos cenários mais avançados, onde a doença se espalhou, estão disponíveis tratamentos mais individualizados de acordo com a biologia tumoral, são as chamadas drogas alvo e imunoterapia”, finaliza a médica.