Viver - Saúde

Terapia familiar: a psicologia na rotina de pais, filhos e demais parentes

22 de Fevereiro de 2023

Drª. Joana d’Arc Sakai explica como funciona e quando se deve buscar a terapia familiar

Ter boas relações familiares é um ponto muito importante para o bem-estar de qualquer pessoa. No entanto, a convivência, na maioria das vezes, não é fácil. Em muitos casos, os desentendimentos podem levar inclusive a problemas psicológicos, algo que ficou ainda mais evidente durante a pandemia, que nos forçou a passar mais tempo com quem moramos. Dados de uma pesquisa realizada no auge da crise sanitária, por exemplo, indicam que 44% dos brasileiros relataram problemas psicológicos — taxa que sobe para 56% se considerarmos apenas os jovens entre 16 e 24 anos.

Foto: Freepik

Problemas na família podem até parecer insolúveis, mas, em muitos casos, podem ser tratados por meio da terapia familiar, como explica a psicóloga Drª. Joana d’Arc Sakai. Ela detalha que essa modalidade de terapia ocorre quando psicólogo atende os membros de uma família ao mesmo tempo, em uma sessão grupal. O objetivo principal, de acordo com ela, é estabelecer ou restabelecer a comunicação entre os pacientes, procurando resolver os problemas ocorridos na dinâmica familiar disfuncional. “Não se trata de um processo individual. Os membros do grupo familiar expõem suas vivências e argumentam com a mediação do psicólogo”, explica.


A psicóloga ressalta que, muitas vezes, a solução das dificuldades nas interações entre parentes demanda ajuda profissional. “Sabemos que toda família tem suas questões emocionais, pois cada membro impõe nas relações seu modo, sua forma de ver e viver no mundo. Então, haverá divergências que podem levar a momentos de conflito e períodos estressantes, que impactam e abalam as relações daquele grupo familiar”, continua a psicóloga. “Os conflitos aflorados são consequências de falhas acumuladas, ou seja: as relações se tornam disfuncionais ao longo de um tempo. O objetivo da terapia é promover reflexões entre os elementos da família e, assim, gerar mudanças na dinâmica cotidiana”.

 De acordo com ela, quando os conflitos não podem ser solucionados pela própria família, deve entrar em cena o psicólogo, que ajuda a buscar a harmonia do grupo de novo. “As intervenções técnicas do psicólogo auxiliam na mediação de conflitos, na redução da ansiedade e das angústias afloradas e, também, no entendimento dos papéis de cada um na dinâmica cotidiana: quem é quem no grupo”, afirma.

Em uma sessão de terapia familiar, os pacientes devem expressar as suas experiências, seus sentimentos e expectativas (quase sempre desencontradas) a respeito das questões familiares. Durante as consultas,o psicólogo faz, então, as intervenções pertinentes. Os atendimentos às famílias são semanais e duram de uma hora e meia a duas horas, geralmente. Em alguns momentos, o psicólogo pode sugerir encaminhamento para atendimentos individuais com determinados membros da família, caso perceba uma demanda que necessita de um trabalho individual.

A terapia familiar, como conta a Drª. Joana d’Arc Sakai, envolve normalmente os membros que participam diariamente da convivência doméstica. Entretanto, a terapia também pode acontecer para além do núcleo de pais e filhos. “Às vezes, há situações que envolvem outros membros, como avós e tios, por exemplo. As dificuldades podem ser mais complexas. Cabe ao profissional avaliar o tratamento ao longo do tempo e verificar o que é necessário para obter os melhores resultados”, afirma a psicóloga.

Drª. Joana d’Arc segue explicando que, na terapia, as situações que abalam as estruturas serão trabalhadas para que cada parte se enxergue e reflita o que precisa ser processado em suas emoções, principalmente. “É preciso que psicólogo saiba compreender e encontrar formas de lidar com determinadas situações específicas na família, conseguindo assim criar um ambiente que seja mais harmonioso e funcional dentro de casa”, diz ela.

Entre os principais objetivos da terapia familiar, podemos destacar:

    • melhora a comunicação e as relações entre os membros da família;

    • promove o autoconhecimento (em nível individual e familiar);

    • leva a compreender a importância do diálogo e do respeito ao outro;

    • ajuda a reconhecer os padrões que geram os comportamentos;

    • mostra o papel de cada indivíduo para o bom funcionamento da dinâmica familiar;

    • aumenta a responsabilidade pessoal;

    • ajuda a libertar as dores do passado nas pessoas da família;

    • auxilia na redução da ansiedade e no fortalecimento das relações.

“De modo geral, a terapia familiar é essencial, considerando que ajuda a pessoa a se libertar de dores, ressentimentos, angústias e fantasias — que colapsam as relações interpessoais — à medida em que aumenta o autoconhecimento”, conclui Drª. Joana d’Arc Sakai.

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