Segundo pesquisa, probabilidade de óbito prematuro entre pessoas de 30 a 69 anos pode sofrer um aumento de 10% até 2030 em decorrência do câncer de intestino
Mesmo com o avanço das políticas públicas e o desenvolvimento de novas tecnologias aliadas à medicina no combate contra o câncer, o mundo enfrenta um aumento no número de incidências e mortalidade pela doença. Dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer da OMS (Iarc, na sigla em inglês), apontam que um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres vão desenvolver o câncer durante a vida. Hoje, a enfermidade se posiciona como a segunda causa mais frequente de morbidade e mortalidade no continente americano.
No Brasil, são esperados 704 mil novos casos de câncer para cada ano do triênio 2023 - 2025, com destaques para a região Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência, com destaque para tumores de mama, próstata, intestino e pulmão. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), a probabilidade de óbito prematuro por câncer de intestino entre pessoas de 30 a 69 anos pode sofrer um aumento de 10% até 2030.
O câncer é um tema que merece mobilização de diversos setores da sociedade. Hoje, muitos órgãos públicos e instituições privadas, convivem com o despreparo no auxílio de colaboradores e futuros colaboradores diagnosticados com a doença. Dados obtidos através do estudo “Como as empresas lidam com o câncer”, realizado pela Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), em parceria com o movimento sem fins lucrativos Go All, indicam que, do ponto de vista dos gestores, as preocupações mais comuns são: a dificuldade de oferecer apoio ao funcionário enfermo (68%) e a reintegração do colaborador ao ambiente de trabalho pós tratamento (35%).
Embora 58% das empresas tenham campanhas de prevenção ao câncer e divulguem informações sobre a doença, as práticas tendem a ser genéricas e desarticuladas, tanto que só 9% têm ações estruturadas de prevenção, acompanhamento e tratamento. Entre os 20% que de fato possuem programas na área de saúde, a oferta se concentra em serviços não diretamente relacionados ao câncer, como check-ups (73%) e educação para a saúde (72%).
Segundo Alex Araujo, CEO da 4Life Prime Saúde Ocupacional, uma das pioneiras na implementação de palestras preventivas e encaminhamentos direcionados no Brasil, o número de empresas com ações efetivas precisa melhorar muito no país. “Hoje, há poucas ações voltadas para colaboradores que sofrem com a doença. Se formos analisar, grande parte das companhias só realiza palestras e ações efetivas de conscientização em meses como Outubro Rosa e Novembro Azul, já aclamados pela preocupação. Fora essas datas, a preocupação se esvai em meio às atividades e ao estresse diário”, explica.
Apesar de não ser verdade que o estresse pode causar câncer, ele pode influenciar na disseminação da doença, significando uma piora no diagnóstico. Em uma palestra intitulada “Stress Psicossocial (SP) como um novo fator de risco para câncer, uma perspectiva epidemiológica”, foi identificado altas dosagens de SP em pacientes com câncer de próstata, cólon, ovário, cabeça e pescoço. Segundo a análise feita, o estresse desencadeia a liberação de cortisol, adrenalina e noradrenalina que resultam no aumento dos triglicerídeos e elevação dos níveis de açúcar no sangue, colocando os pacientes em processo contínuo de inflamação, sob risco oncológico.
O Instituto de Oncoguia, projetou que, entre 2010 e 2030, o investimento mundial em tratamentos oncológicos deve subir de US$ 290 bilhões para US$ 458 bilhões. Apesar do avanço da medicina, o acesso a tratamentos de ponta é extremamente desigual. Pesquisas indicam que países ricos apresentam a maior incidência de casos de câncer. No entanto, 70% das mortes pela doença ocorrem em locais onde a renda é média e baixa.
“Para quem está em tratamento, ter amparo da empregadora é algo fundamental. No processo de adoecimento há uma quebra na rotina, devido aos diversos procedimentos médicos requeridos e pela situação física no qual o paciente se encontra. Quando ele volta ou continua fazendo parte do dia a dia empresarial, é necessário que a companhia tenha empatia e aumente sua preocupação com a saúde daquele colaborador. É válido manter em mente que para qualquer ação, existe uma reação no quesito emocial”, reforça Araujo.
Entre 2007 e 2020, foram listados 986.583 trabalhadores que receberam benefício por incapacidade de exercer sua atividade laboral devido ao diagnóstico de câncer não relacionado ao trabalho e 7.858 trabalhadores que possuíam algum tipo de câncer relacionado ao trabalho e que necessitam de afastamento por incapacidade no Brasil. O menor registro de casos foi em dezembro de 2009. O câncer ainda é uma doença que vem aumentando sua incidência ao longo dos anos. A literatura aponta até para uma elevação à nível global, o que salienta a magnitude do problema em saúde pública gerado por esses altos índices.
A 4Life Prime oferece atendimento especializado para companhias que apresentam colaboradores com câncer em sua equipe. Assim que a empresa é acionada, o médico do trabalho realiza uma avaliação perante os atestados e os exames médicos realizados em instituições assistenciais, como laboratórios e hospitais, com o intuito de entender qual a melhor posição para aquele funcionário. Após a consulta, um laudo é compartilhado com a empresa solicitante, para que ela entre em um comum acordo com o funcionário, sempre buscando o melhor para o colaborador neste período crítico.