Cultura - Teatro

Musical Revista Babadeira estreia dia 20 de janeiro na Cia da Revista

4 de Janeiro de 2023

Neyde Veneziano apresenta versão contemporânea do Teatro de Revista

Credito: Alex Santana

Musical da premiada diretora NEYDE VENEZIANO atualiza Teatro de Revista  por meio da diversidade e da inclusão, com drags e sem machismo.
Com direção musical de Dagoberto Feliz, tem trilha original de Danilo Dunas, cenário e figurino de Kleber Montanheiro e coreografia de Paula Flaibann.
São 18 cenas, 12 atores no palco e músicas inéditas cantadas ao vivoEstreia dia 20 de janeiro na Cia da Revista.

Neyde Veneziano apresenta versão contemporânea do Teatro de Revista
 
Musical da premiada diretora atualiza gênero por meio da diversidade e da inclusão, com drags e sem machismo. Com direção musical de Dagoberto Feliz, tem trilha original de Danilo Dunas, cenário e figurino de Kleber Montanheiro e coreografia de Paula Flaibann. São 18 cenas, 12 atores no palco e músicas inéditas cantadas ao vivo
 
Autoridade no assunto Teatro Musical Brasileiro, Neyde Veneziano apresenta resultado de sua pesquisa sobre o formato contemporâneo do gênero Teatro de Revista com a estreia de Revista Babadeira no dia 20 de janeiro de 2023 na sede da Cia da Revista. Sexta e sábado às 21 horas. Domingo às 19 horas. Temporada até 19 de março, entrada gratuita. Veneziano imprime seu nome também na dramaturgia e direção do espetáculo contemplado na 38ª Edição do Fomento ao Teatro pelo projeto Teatro de Revista Hoje: Uma re-existência. São 18 cenas, todas com músicas inéditas e cantadas ao vivo, 12 artistas no palco – 10 drag queens e dois músicos. Serão 24 sessões a partir de 20 de janeiro, às sextas, sábados e domingos, com entrada franca. 
 
As primeiras etapas do processo de montagem envolveram, além da pesquisa, oficinas de Dramaturgia (com Neyde Veneziano, Dagoberto Feliz e as drags Thelores Drag e Alexia Twister), Filosofia vocal (com Marcelo Boffa), Clown Music Queer (com Dagoberto Feliz) e Drags en reviste (com Neyde Veneziano) realizadas durante 2022. Em seguida vieram a seleção do elenco e início dos ensaios em outubro. Quinze drags frequentaram as oficinas de preparação para interpretar as estrelas do musical. “Drags são hiperbólicas, são grandes, são fascinantes. O Teatro de Revista é o gênero mais apropriado para elas”, afirma Neyde, q ue propõe um formato contemporâneo para o estilo.
 
“Vamos atualizar o discurso. O teatro de revista era apoiado no machismo e na objetificação das vedetes. Hoje isso não tem mais sentido. A estrutura da revista segue maravilhosa, mas agora nosso discurso será sobre a diversidade, a inclusão e, principalmente, a liberdade”, completa.
Com roteiro costurado a quatro mãos - Neyde Veneziano, Dagoberto Feliz, Thelores Drag Alexia Twister -, Revista Babadeira é um espetáculo de Teatro de Revista contemporâneo e atualizado, por meio da ótica da diversidade e inclusão. Os quatro personagens centrais são: as duas commères (interpretadas por Alexia Twister e Thelores), Harmô nio (Mercedez Vulcão) e a Revista Brasileira (alegoria - Josephine Le Beau). “As outras se desdobram em vários 'personagens episódicos', cantando e representando diversos tipos importantes do teatro de revista", explica a diretora.
 
Fio condutor
 
A encenação de Veneziano optou pela linguagem do metateatro e abre com duas drags apresentadoras (commères) em busca do tema para escrever o texto de seu projeto contemplado no fomento. Ao som do piano de Demian Pinto, após trocas de ideias com os Deuses do Olimpo, a quem recorrem em busca de inspiração, elas encontram Harmônio, um sertanejo universitário, recém-chegado do interior a São Paulo. Expulso de casa pelo pai, a trajetória do personagem é o fio condutor do enredo.  No desenrolar da trama, o agroboy revela estar à procura de seu tio, que, como ele, também foi expulso da cidade anos atrás pelo mesmo preconceito homofóbico. Entre músicas e quadros, o espetáculo se encaminha para a apoteose, em uma celebração à liberdade.
 
Pesquisa - por Neyde Veneziano
 
“Durante muitos anos, dizia-se: “a Revista é o gênero de teatro que melhor representa a ideia que o Brasil tem de si.” E que ideia seria essa? A resposta vinha rapidamente: “Samba, mulher e carnaval”. Essa era a cara do Brasil transmitida pelo nosso Teatro de Revista, notadamente a partir dos anos de 1940, quando o grande produtor Walter Pinto inaugurava a era das grandes Vedetes. Anos se passaram. Os tempos são outros. O discurso machista daquele teatro de revista, que parecia ser somente uma leve brincadeira, já não se encaixa na nossa realidade mutante. Ria-se da lentidão do idoso, da preguiça do malandro, da indolência indígena, ríamos do neguinho esperto que roubava o pão doce e, principalmente, aplaudíamos a mulata que nos enlouquecia com seu gingado. Ríamos em coro. Sem perceber o mecanismo invisível das hegemonias. A voz do Teatro de Revista aos poucos silenciou-se.
 
A boa notícia é que ainda temos a fórmula brasileira! Trata-se de uma estrutura que reúne quadros e episódios fragmentados, sempre ligados por um fio condutor cômico, crítico e nada realista. Eis a receita. E, já que sabemos qual o “jeito” de fazer teatro de revista, por que não mudarmos, radicalmente, o discurso machista? Portanto, caros amigos, vamos apresentar uma Revista Brasileira Contemporânea! A Arte Drag caiu no gosto popular nas últimas décadas no Brasil e em grande parte do mundo. Em programas de televisão atores drag queens não se apresentam somente para suscitar o riso. Há alguns anos, a Arte Drag Queen se espalhou pelo mundo. A cultura pop che gou a seu auge com RuPaul Charles, um homem negro alto de peruca loira. Hoje, aos 60 anos, RuPaul é um dos nomes mais populares da Arte Drag no mundo.”
 
Arte Drag e suas ideias de liberdade, igualdade, pluralidade e inclusão
 
“Com ele, a Arte Drag Queen passou a ser conhecida e respeitada, com suas músicas, seus filmes, suas habilidades artísticas. Hoje, o programa no formato reality show está na 14ª temporada, com edições em, pelo menos, outros seis países. Todas essas qualidades abriram novos espaços para que outros artistas drags surgissem. Em 2021, RuPaul, ao receber seu 11° troféu do Emmy, tornou-se o artista negro que mais vezes recebeu a honraria. No Brasil não foi diferente. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, principalmente a partir da década de 1990, drag queens ganharam espaços muito além daqueles ambientes em que, costumeiramente, utilizavam trabalhando em pequenas peça s cômicas de pouco valor dramatúrgico, para servirem de chacota e, por vezes, até serem ridicularizadas. A Arte Drag ganhou espaços nas casas de show, teatros, bares e boates.
 
Drags queens já não representam somente “entretenimento”. Artistas drag queens lutam pelos direitos da comunidade gay e defendem a causa com um fervoroso ativismo político. Todos sabemos que, desde a Grécia antiga, ou até antes, homens se vestiam de mulheres para representar figuras femininas, já que às mulheres era proibido participar de uma peça de teatro como atriz. QQuando ouvimos o termo drag queen, a imagem que nos vem à mente é a de um homem vestido, exageradamente, de mulher. Só que o termo drag vai muito além dessa defini&a mp;c cedil;ão de “homem vestido de mulher”. O corpo de uma drag é uma tela em branco, que pode ser pintada e decorada como quiser. Pode ser um corpo feminino também, como o de Elke Maravilha. E esses corpos, vestidos e maquilados de forma extravagante, são “montados” para construir uma persona. E é essa persona “montada” quem vai transmitir a ideia de que as drags transpõem as fronteiras dos gêneros. O reconhecimento dessa quebra de barreiras faz com que as pessoas deem o primeiro passo contra o preconceito. À arte de transmitir as ideias de liberdade, igualdade, pluralidade e inclusão através da stravaganza denominamos Arte Drag.”
 
NEYDE VENEZIANO PESQUISADORA E DIRETORA

Especialista em Teatro Musical Brasileiro e Professora Doutora pela USP. Pós Doutorado pela Università degli Studi di Bologna. Livre Docente em Direção Teatral, pela ECA/USP Professora Aposentada do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp. Dirigiu 47 espetáculos teatrais em São Paulo, Campinas, Florianópolis, Coimbra (PT) e Milão (IT). Prêmios: dois APCAs, dois Mambembes e uma indicação ao Shell-2013 como Melhor Diretora por Mistero Buffo, com o Grupo LaMinima (Domingos Montagner e Fernando Sampaio). Em 1988/1989, seu espetáculo Revistando o Teatro de Revista conquistou mais de 15 prêmios por temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Fez pós-doutorado sobre Dario Fo e publicou o livro A Cena de Dario Fo: o exercício da imaginação (Ed. Nobel). Este é o único trabalho sobre Dario Fo escrito em língua portuguesa. Dirigiu o documentário Mamãe, eu quero ser vedete sobre as atrizes do Teatro de Revista. Autora de 5 livros sobre teatro de revista e dois sobre Dario Fo.
 
ALEXIA TWISTER como Matheus Miranda
Tendo estudado dança e teatro, desde a infância, iniciou sua carreira em 1996, no interior de São Paulo. Descoberta pela direção artística da casa noturna Blue Space, onde faz parte do elenco, Alexia passou a apresentar por todo o país e tem como principal característica a facilidade de realizar qualquer estilo ou personagem. Fez participações em programas de TV.Teve suas performances elogiadas por Kylie Minogue, Guy Oseary e Lady Gaga. Participou do espetáculo “Café com trauma” , além de participar de projetos com a Cia. Canastra de Teatro, integra o elenco do espetáculo “Inhaí coisa de Viado” do coletivo Inominável. É apresenta dora juntamente com Glória Groove do “Nasce uma Rainha” reality Show da Netflix.
 
Thelores Drag como Beto Souza
Integrante da Cia. Canastra de Teatro, grupo que investiga e realiza espetáculos a partir da linguagem e estética Drag Queen. Produz, dirige, assina os figurinos e atua em “Café com Trauma” , “Cacilda: o Concurso Drag” (2 temporadas) e “As Bunytas do Rádio”. Como a drag queen Thelores atuou no espetáculo “Cabaré Show Drag” e apresentou números e performances em diversas festas e eventos. Faz parte da curadoria do projeto de formação de público do Teatro Cacilda Becker “Cacilda Toda Terça” nos anos 2019/2020, e “Drags de Quarta no Alfredo” projeto de formação de público no Teatro Alfredo Mesquita no ano de 2020 . Foi integrante da Cia. do Quintal, atuando como produtor executivo de todos os espetáculos, eventos e atividades da companhia e ator em “A Rainha Procura” , “QFC – Batalhas Improvisadas” (no qual foi também figurinista) e “O Maestrino”. Fez parte da Cia. Troada, onde produziu e atuou nos espetáculos “A Porta” , “A Sombra das Nuvens” e “A Metamorfose” , e onde também realizou pesquisa sobre a linguagem das máscaras. Foi produtor do Projeto Ademar Guerra, da Oficina Cultural Oswald de Andrade e de espetáculos como “Ítaca, uma viagem histórica” , da Cia. Vôos de Teatro, “Verbo” e “Dezembro” , da companhia Isso Não É Um Grupo. É responsável também pelo figurino e maquiagem de “UM” , espetáculo de dança de Maurício Flórez e Gustav o Miranda, e de “O Baile” , do Grupo de Risco, dir. Rafael Pimenta.
 
Mercedez Vulcão como Pedro Machitte

Faz teatro desde 1999 e aprendeu a tocar violão e a cantar mais ou menos na mesma época. Se formou em Artes Cênicas pela UNICAMP em 2009, onde fundou, junto com outros alunos recém formados, a Cia de Teatro Acidental. Com eles participou dos seguintes editais: ProAC 2010 Circulação de Peça Teatral, com o espetáculo “Mahagonny”; Edital SESI 2011 de Produção de Espetáculo Teatral, onde se estreou o espetáculo “O Rinoceronte” , sob direção de Carlos Canhameiro e com circulação por 15 cidades do Estado de São Paulo. Em 2012 ingressou no Grupo XPTO, com direção de Osvaldo Gabrieli e direção musical de Beto Firmino, onde participou do projeto “Arte no Canteiro” , musical apresentado em canteiros de obra pelo Estado de MG em 2012/2013; de 2014 a 2018 participou do projeto “Relix” , musical apresentado em empresas e escolas estaduais em PE, AL e PB. Começou a fazer drag em 2015 e em 2018 fundou a Cia Canastra, onde foi criado o musical "As Bunytas do Rádio” e também o espetáculo “Café com Trauma”. Atualmente realiza uma ocupação de arte Drag no Teatro Alfredo Mesquita (o projeto se encontra em pausa por conta da pandemia) e também administra o "Bom Dia Drag Queen” , um telejornal semanal feito por Drag Queens no canal do YouTube da Cia Canastra.
 
Josephine Le Beau como Reron Miranda

Artista visual e drag queen, bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Fez um ano de teatro musical na Escola Ballet Lúcia Millas, fez oficinas na Vila do Teatro em Santos, cursos de férias na Escola de Teatro Musical TeenBroadway e participou da montagem de “A Madrinha Embriagada” realizada pelo curso de teatro musical da Escola de Teatro Musical TeenBroadway, dirigido por Maiza Tempesta, cursou três anos de Stage Jazz na Escola de Teatro Musical TeenBroadway, ministrado por Ariane Rosseti e Maíza Tempesta. Como drag queen participa do concurso “Cacilda o Concurso Drag” projeto desenvolvido pela Cia. Canastra de Teatro.
 
Ficha técnica:
Pesquisa, dramaturgia e direção: Neyde Veneziano. Roteiro: Neyde Veneziano, Dagoberto Feliz, Thelores Drag e Alexia Twister. Direção musical: Dagoberto Feliz. Trilha especialmente composta: Danilo Dunas.  Direção musical: Dagoberto Feliz.  Assistência de direção musical: Demian Pinto.  Cenário e figurinos: Kleber Montanheiro. Desenho de luz e operação: André Lemes.  Coreografia: Paula Flaibann.  Identidade visual - André Kitagawa. Assistência de produção: Clara Boucher.  Assistência de direção: Zyon Colbert.  Direção de produção: Zyon Colbert. Assessoria de Imprensa – M. Fernanda Teixeira, Macida Joachim/Arteplural.
 
Elenco: Alexia Twister, Antonia Pethit, Aprill XO, Divanna Kahanna Montez, Ginger Moon, Josephine Le Beau, Lacana Botafogo, Mercedez Vulcão, Thelores Drag. Participação especial: Tony Germano. Músicos: Daniel Baraúna, Demian Pinto.
 
Serviço

Temporada - De 20 de janeiro a 19 de marçoSessões - Sexta e sábado às 21 horas. Domingo às 19 horas. Espaço Cia da Revista – alameda Nothmann, 1135, Santa Cecília. Tel. 3791-5200. Horário da bilheteria - apenas no dia da sessão, abre com 1h de antecedência. Entrada franca.  INSTA - @teatroderevistareexistencia

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