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*Por Ricardo David, sócio-fundador da Elev
O ano de 2022 está se encerrando, e muitos desafios se apresentaram no horizonte. Mas nada que enfraquecesse o desenvolvimento do setor dos carros elétricos no Brasil. O segmento vem crescendo a cada ano, como mostram os dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), que apontam um aumento de 42% nas vendas de carros elétricos e híbridos em novembro deste ano em comparação com o mesmo mês de 2021. Apesar do crescimento, ainda há muitos desafios a serem enfrentados para que o setor continue a expandir-se de forma ainda mais expressiva.
Um dos principais obstáculos é a falta de estrutura de carregamento elétrico no país, com poucos pontos de recarga e filas em locais disponíveis, 2022 foi o ano que demonstrou o esgotamento do modelo atualmente adotado no Brasil, que prevê o carregamento de veículos elétricos por meio de carregadores gratuitos, o que dificulta a concorrência e a qualidade do serviço.
Para superar essa barreira e promover o crescimento ainda mais acelerado do setor, é necessária uma mobilização de nível federal para viabilizar um plano nacional. Essa é a resposta que aguardamos para o próximo ano. Somente isso garantirá um crescimento ordenado e sustentável, com a inclusão de medidas que visem à ampliação da rede de carregamento elétrico e à promoção de incentivos fiscais para aquisição de veículos eletrificados.
Além disso, é importante destacar que a matriz energética renovável no Brasil é fundamental para a sustentabilidade e para a redução da dependência de combustíveis fósseis. De acordo com dados do Ministério de Minas e Energia, tivemos um aumento de mais de 15% na oferta de energia hidráulica nacional no país em 2022. Os dados também mostram que 46,7% da nossa matriz energética será composta por fontes renováveis, o que representa um aumento de 2 pontos percentuais em relação a 2021. Na matriz elétrica, esse número é ainda maior, com uma participação de mais de 86% de fontes renováveis, o que significa um aumento de 8 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Isso mostra que, no Brasil, o setor de carros elétricos têm um papel fundamental na construção do desenvolvimento sustentável, diminuindo o impacto para o meio ambiente. Além disso, também é importante citar que o transporte público elétrico pode trazer benefícios. Desde o barateamento das passagens até a redução do ruído e da poluição sonora nas cidades. Além de promover a inclusão social, já que é mais acessível e oferece uma opção de transporte público de qualidade.
Friso que em 2023 espero um maior investimento nesse segmento da eletrificação. Principalmente porque o transporte público elétrico é uma opção viável e sustentável para as cidades, algo que pode trazer benefícios ambientais, econômicos e sociais significativos. Cidades como Shenzhen, na China, já demonstram o sucesso que essa opção pode trazer em termos de redução de emissões de gases de efeito estufa, melhoria da qualidade do ar e promoção da inclusão social.
O ano de 2022 trouxe muitos desafios para o setor, mas estou otimista quanto ao futuro. Com a chegada de um novo governo, a participação do país na COP-27 como um exportador potencial de energia limpa e a crescente popularização de veículos eletrificados, espero ver muitas inovações no mercado em 2023. Acredito que esses fatores contribuirão para um crescimento ainda maior da eletrificação nos próximos anos.
*Ricardo da Silva David é engenheiro eletricista e pós-graduado pela Universidade Federal da Bahia. Foi Gerente da área de energia da Petrobras por 10 anos e sócio-fundador de diversas empresas ligadas a sustentabilidade, a exemplo da ECOLUZ, da EBL (joint-venture entre a ECOLUZ, Br Distribuidora e Light), Citeluz (joint-Venture com a EDF - Electricité de France), Gerhlicher Ecoluz Solar do Brasil (Joint-venture com Gehrlicher, da Alemanha). Foi Presidente da ABESCO – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia no período de 2001 a 2005
