Um estudo revela que os brasileiros gastam mais de 10 horas diárias navegando na internet, sendo que 3 horas e 42 minutos desse tempo são para o acesso às redes sociais. Os dados foram divulgados pela agência de marketing digital Sortlist, que analisou o uso médio da rede em diferentes aplicativos. De acordo com a pesquisa, o Brasil ocupa o segundo lugar da lista como um dos países que passam o maior tempo nas mídias digitais do mundo, ficando atrás somente das Filipinas (4h15) e da Colômbia (3h45).
Paralelo a isso, o último levantamento da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), realizado em 2018, aponta que o Brasil realiza aproximadamente 1,5 milhão de cirurgias plásticas por ano. Graças ao referido número, nosso país ocupa a segunda colocação nesse quesito, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Diante de tais informações surgem importantes questionamentos: até que ponto as redes sociais impactam a procura por cirurgias plásticas? Quais os perigos desse fenômeno e quais os cuidados necessários ao optar por esse tipo de procedimento?
Segundo o cirurgião plástico e membro titular da SBCP, Dr. Daniel Sundfeld Spiga Real, a utilização das redes sociais pelos médicos é uma realidade, principalmente pelas especialidades relacionadas à estética, como a Dermatologia e a Cirurgia Plástica. “Desde o início da pandemia, essa situação teve grande desenvolvimento, que não veio acompanhado por alteração nas normas e diretrizes que estabelecem os limites aos médicos. Por isso, independente da opinião e argumentos de cada um, ainda se configura como infração ética gravíssima a utilização das mídias sociais para autopromoção, exposição de resultados de procedimentos ‘antes e depois’ e realização de propaganda de marcas de produtos médicos”, alerta.
O cirurgião plástico afirma que a mercantilização da medicina faz com que pacientes procurem médicos que possuem mais seguidores, sendo esse o novo modo de classificar o profissional: se possui muitos seguidores é excelente profissional, mas se possui poucos seria um mau profissional. “A realidade é outra, pois em sua maioria, os profissionais famosos nas redes sociais cometem várias infrações éticas e legais, que acabam não sendo punidas por falta de fiscalização. Eles expõem pacientes com filtros em fotos e vídeos, utilizando a alta tecnologia de produção e edição para ludibriar e arregimentar pacientes”.
Dr. Daniel explica que o impacto das redes sociais sem regulamentação é muito grande, incluindo complicações e danos à saúde e bem-estar dos pacientes. Esses utilizam as referidas fontes como principais na escolha dos médicos, deixando de pesquisar sobre a ética e o currículo nos meios oficiais de busca. “A grande maioria das imagens e vídeos utiliza alta tecnologia de edição e é produzida por empresas especializadas em marketing e vendas. Infelizmente, essa prática leva os pacientes a expectativas irreais de resultados e contribui para maior número de ações judiciais”.
Para finalizar, Dr. Daniel Sundfeld orienta: “Antes de optar por uma cirurgia plástica é essencial buscar por um médico qualificado, ético e com experiência na realização do procedimento desejado. Os principais meios de busca devem ser sites confiáveis, como do CREMESP, SBCP e plataforma Lattes. As redes sociais devem apenas complementar essa pesquisa. Além disso, sempre desconfie de profissionais que postam resultados espetaculares, prometem milagres ou anunciam preços baixos”, conclui.