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Aliados sugerem que Bolsonaro se autoproclame presidente em 2023

7 de Dezembro de 2022

A ideia é que ele faça um discurso duro em evento paralelo ao de Lula, reunindo bolsonaristas

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) cogitam nos bastidores realizar um evento paralelo à posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília no dia 1º de janeiro. A ideia nasceu de parlamentares do núcleo duro do presidente e começa a ganhar força entre os fãs em aplicativos de mensagens. A intenção é organizar um comício para que ele discurse a seu eleitorado na capital do país no mesmo dia e hora em que o presidente eleito estiver tomando posse. A ideia é copiar Juan Guaidó e fazer uma espécie de autoproclamação.

Aliados sugerem que Bolsonaro se autoproclame presidente em 2023 | Foto: Reprodução

A coluna conversou com uma pessoa do entorno de Bolsonaro e ela confirmou a intenção. "Ainda é embrionário e não sabemos se será possível porque há custos", afirmou. Segundo a fonte, bolsonaristas querem a todo custo ir à Brasília pedir pela permanência do presidente no poder e seria de bom tom se ele discursasse para um público cada vez mais crescente nos acampamentos.

Bolsonaro já foi informado que a sugestão foi dada em grupos de Telegram e WhatsApp, mas não esboçou reação. Embora esteja planejando retomar as lives e as motociatas , o presidente avisou que precisa se recuperar do baque. Ele ainda não se considera pronto para falar com os apoiadores porque sentiu a derrota nas eleições, tanto que aparece em público até chorando.

Um nome importante do governo se reuniu nesta semana com Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, para pedir apoio. Em nome do bolsonarismo - e não de Bolsonaro - ele verificou as chances da sigla bancar o evento, mas deu com os burros n'água. O cacique lembrou que a legenda está com suas contas bloqueadas e vive momento delicado na relação com o STF (Supremo Tribunal Federal). Membros do diretório do partido afirmaram que o político ficou irritado com o pedido e a falta de noção.

Caso o PL não banque e o evento saia do papel, a alternativa sugerida por um militar muito ligado ao presidente é uma vaquinha entre apoiadores. "Se o PT pode, a gente também consegue", disse ele em troca de mensagens com colegas. A questão financeira não é vista como problema, mas o grupo entende que é preciso prudência e dar ares de movimento espontâneo para evitar consequências jurídicas.

Presidente autoproclamado

"O Bolsonaro precisa discursar contra as urnas, o STF, o TSE, o Lula e dizer que continua o presidente de quem quiser tê-lo como chefe da nação", chegou a dizer um político mais empolgado. Membros do núcleo duro da campanha derrotada querem até criar uma espécie de gabinete paralelo para tomar decisões. A intenção é de que, a depender do que acontecer no evento, o presidente consiga forças para seguir em evidência. "Ele pode se autoproclamar presidente e seguir dando ordens", concordou outro parlamentar no grupo de mensagens.

Bolsonaristas mais acuados pelas negociações avançando no Congresso e que indicam que Lula terá apoio da maioria dos parlamentares querem que Bolsonaro dê o rumo para a oposição. O argumento é de que ele precisa liderar o grupo e definir como cada deputado e senador, eleitos no esteio do presidente, deve se comportar no Parlamento. Mesmo com o grupo disposto a ir para a guerra, falta convencer o mais interessado: Jair Bolsonaro.

Assessores falaram à coluna que, mesmo gostando do poder, o político derrotado na busca pelas reeleições, não se empolgou com a ideia. "Ele está com medo de ser preso sem o aparato que a presidência lhe oferece".

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