Viver - Saúde

Os possíveis efeitos das redes sociais sobre a saúde mental

25 de Novembro de 2022

Especialista comenta como as mídias sociais podem impactar a saúde mental no dia a dia e a longo prazo

Crédito: canva

Mesmo na década passada, o cyberbullying já era assunto muito comentado. Hoje, fala-se também sobre como o número excessivo de horas em frente às telas pode ser prejudicial para o modo como enxergamos a nós mesmos e à vida. Ou seja, o tamanho da influência das redes sociais sobre a saúde mental e seus efeitos vêm sendo analisados há algum tempo e a tendência é que esse tema esteja cada vez mais em pauta. Isso nada mais é do que prova da importância de ter um olhar crítico frente aos possíveis efeitos que as redes têm sobre a saúde da mente, reitera Dr. Sérgio Rocha, médico psiquiatra e diretor da Clínica Revitalis, referência em tratamento de saúde mental.

O profissional também explica que esses possíveis efeitos não são notáveis apenas no dia a dia, mas também a longo prazo. O mesmo é explicitado em um estudo realizado no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas, que analisou os impactos das mídias sociais sobre o funcionamento mental de adolescentes. As consequências podem ser observadas em alterações nas relações sociais dos jovens, por exemplo. Saiba quais são todos os possíveis resultados do uso de redes sociais sobre a mente humana.

Visão distorcida da própria aparência

Por conta do excessivo uso das redes, muitas pessoas acabam por desenvolver o que é chamado de distorção de autoimagem ou, em termos mais técnicos, transtorno dismórfico corporal. Em suma, trata-se de um transtorno psicológico em que prevalece uma percepção distorcida do próprio corpo, fazendo com que a pessoa que sofre dessa condição superestime pequenas imperfeições ou até mesmo imagine essas imperfeições, inexistentes até então. O excesso de exposição a imagens de corpos perfeitos e a comparação com seu próprio corpo, consequência de passar muito do seu tempo nas redes sociais observando as vidas e aparências alheias, pode estar associado ao aumento da prevalência desse transtorno.

Diferentemente dos tempos anteriores, em que nos comparávamos apenas com pessoas de nosso convívio ou, no máximo, com celebridades de revistas e TV, hoje somos bombardeados diariamente por imagens - cuidadosamente curadas e escolhidas a dedo - das vidas de centenas, milhares de pessoas que, muitas vezes, nem sequer conhecemos. Por isso, “o efeito desse conteúdo contínuo e constante pode ser realmente maléfico para nossas mentes e, principalmente, para nossas autoestimas”, afirma Rocha.

Abdicar de outros hábitos - geralmente mais saudáveis e proveitosos

Ao gastar nosso tempo livre rolando o feed ao longo do dia, acabamos não fazendo outras coisas. Por vezes, essa é uma escolha consciente, mas geralmente esse não é o caso. Ou seja, acabamos abdicando de fazer outras coisas durante o tempo ocioso que temos, como ler, praticar esportes ou até mesmo passar tempo com a família e com amigos. A longo prazo, isso pode danificar relacionamentos, afastar amigos e fazer com que a pessoa perca seus hobbies. O hábito de “surfar na Internet”, se torna sempre a prioridade.

Influência sobre nossos hábitos e estilo de vida

Observar constante e diariamente as rotinas alheias também impacta diretamente sobre nossas vidas, ainda que muitas vezes não estejamos conscientes disso. No entanto, esse efeito das redes sociais não necessariamente é algo negativo, uma vez que podemos replicar práticas saudáveis de outras pessoas, como o costume de fazer exercícios físicos ou até mesmo o gosto pela leitura, e não apenas os maus hábitos. De qualquer forma, “é importante estar sempre consciente de nossas motivações quando fazemos algo”, adverte o profissional da Clínica Revitalis.

São propositalmente viciantes

Não é nenhuma novidade que as redes sociais são viciantes. O que é preciso entender é o porquê disso. Em resumo, nos tornamos dependentes da sensação de gratificação que os tais aplicativos nos proporcionam. Por exemplo, ao postar uma foto, automaticamente esperamos pelos likes. Quando eles vêm, ficamos contentes. Mas e quando eles não vêm? Não é incomum ficar chateado quando algo que postamos não atingiu o número de pessoas esperado ou o número de likes que queríamos. Saiba que isso é intencional. Em longo prazo, isso também pode desencadear frustrações crônicas, podendo inclusive levar a episódios de depressão. Esse tema é bastante explorado no documentário “Dilema das Redes”, recomendado pelo Dr. Sérgio Rocha como uma forma de melhor entender o impacto sobre nossos cérebros. “Os Likes nas redes sociais podem causar liberação de dopamina, neurotransmissor ligado a sensação de gratificação e excitação,semelhantes àqueles que ocorrem quando somos elogiados e reconhecidos por pessoas que interagimos na vida real. Portanto, não é difícil migrar para o ambiente virtual a busca dessas “ recompensas” em forma de like. Podemos nos tornar viciados nesses estímulos, o que é muito perigoso”, acrescenta.

Sobre a Clínica Revitalis

Fundada em 2013 , no Rio de Janeiro, mais precisamente na reserva biológica de Araras-Petrópolis, no Rio de Janeiro, a clínica conta com 82 leitos de internação e preza pela excelência no que se refere ao tratamento de saúde mental. Em 2017, abriu uma filial em Botafogo, na capital fluminense. Atualmente é referência no tratamento em saúde mental para o público infanto-juvenil. Entre os serviços ofertados pela clínica estão a internação, o Hospital-Dia, o ambulatório e a eletroconvulsoterapia (ECT). A clínica busca oferecer uma solução completa em saúde mental focando a excelência no tratamento através da combinação de valores humanos e competência técnica.

Sobre o Dr. Sérgio Rocha

Médico especialista em Psiquiatria, fez residência médica pela Marinha em 2006. Em 2007 fez pós graduação latu sensu em Psiquiatria pela PUC-Rio, sendo convidado em 2009 para ser professor de psicofarmacologia e coordenador da pós-graduação em Psiquiatria da PUC-Rio, atuando assim até 2017. Também é mestre em Neurociências pela IAEU, BAR -- Espanha (2015), especialista em Dependência Química pela UNIFESP (2017) e pós graduado em Psicopatologia Fenomenologica pela Santa Case de São Paulo (2019). Atuou na Clínica Revitalis como Diretor Técnico desde sua fundação em 2013.

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