Business - Agronegócio

Até o controle da ruminação bovina pode gerar créditos de carbono

24 de Novembro de 2022

Projeto piloto da climate tech brCarbon reduz a emissão de gases do efeito estufa na criação de bovinos e garante recursos para produtores

O investimento em parcerias com o agronegócio para iniciativas no mercado de carbono é uma das novas frentes de atuação da climate tech brCarbon. São ações que contemplam a agricultura e a pecuária de forma direta. Na agricultura, a adoção de boas práticas é uma alternativa para a redução do carbono atmosférico, como o manejo de lavouras, rotação de culturas, cultivo associado e uso de bioinsumos, de forma a aumentar a fertilidade e o carbono do solo e reduzir o uso de fertilizantes, o que reduz as emissões de gases do efeito estufa no processo de produção. Mas a principal novidade vem na pecuária, com a identificação de um projeto piloto para reduzir a emissão de gases do efeito estufa na criação de bovinos.

A fermentação ruminal, processo natural de digestão nos bovinos, gera emissão de grandes quantidades de metano na atmosfera, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Além do manejo de pastagens, a estratégia da brCarbon consiste em fornecer um aditivo a ser ingerido pelo animal, que faz com que ele emita menos metano no processo de ruminação. O aditivo reduz a formação de metano, o qual é formado pela microbiota ruminal, durante o processo de degradação do alimento. Ou seja, na prática, vai diminuir o arroto do gado. “Depende da raça do animal e do aditivo, mas o potencial de redução fica entre 30% a 40%”, afirma o CEO da brCarbon, Bruno Matta. E o proprietário desse animal poderá acessar recursos financeiros via crédito de carbono. 

Como a iniciativa contempla tanto gado de corte, como leiteiro, o potencial do mercado é gigante. As emissões brutas brasileiras de gases do efeito estufa aumentaram 12% em 2021 em relação a 2020, colocando o Brasil como top 5 emissor global. A agropecuária responde por 25% das emissões totais - notadamente relacionadas à fermentação ruminal na pecuária (64%). Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima. 

A estratégia foi desenvolvida, agora, como parte dos novos passos do plano de negócios da brCarbon, e em breve será colocada em prática, integrando as ações na área de ​​Agricultural Land Management (ALM, Neutralização do Carbono do Agronegócio, na tradução livre), que também envolve a recuperação de pastagens degradadas – uma área de 69 milhões de hectares, de acordo com o Atlas das Pastagens. Ao se inserir no programa, o produtor fará parte de uma rede exclusiva que opera impulsionada por mecanismos de pagamento por serviços ambientais e contará com apoio técnico e recursos financeiros do mercado de carbono que ajudarão na transição para uma agricultura sustentável e regenerativa.

Hoje o principal foco da brCarbon para a geração de créditos de carbono são os projetos chamados REDD+ (sigla para Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal). A empresa atua na geração de créditos de carbono, atendendo principalmente produtores rurais por meio da conservação de áreas florestais dentro de suas propriedades. A brCarbon busca proprietários de terras para aderir à iniciativa, que ao abrir mão do direito de desmatar legalmente suas áreas florestais, podem com isso acessar recursos financeiros do mercado voluntário de carbono, tornando-se parceiros da empresa.

“Depende da raça do animal e do aditivo, mas o potencial de redução fica entre 30% a 40%”, afirma o CEO da brCarbon, Bruno Matta

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