Colaboradores - Patrícia Fernandes

Novembro Azul – Câncer da Próstata, 2022

10 de Novembro de 2022

O câncer de próstata ainda é a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito (oncológico) no sexo masculino. É o câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de pele não melanoma) em todas as regiões do Brasil. 

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que no período 2020-22 ocorra no Brasil, 65.840 casos/ano de câncer de próstata correspondendo a 29,2% dos tumores incidentais no sexo masculino o que resultará em 15.983 mortes/ano no mesmo período. Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Câncer, estima 268.490 novos casos e 34.500 mortes para o ano de 2022.  Estima-se que 1 em cada 8 homens será diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida.

Trabalhos científicos mostram que 25% dos portadores de câncer de próstata morrem devido a doença e 20% dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados.

Quando os sintomas começam a aparecer, 95% dos casos já estão em fase adiantada.  Não é possível evitar   a doença, mas é possível diagnosticá-la precocemente e desse modo as chances de cura são maiores de 90%.  Os números apresentados justificam a necessidade de um acompanhamento com o Urologista a partir da quarta década de vida.

É considerado um câncer da terceira idade, isto é, em três quartos dos casos no mundo manifesta-se a partir dos 65 anos. O aumento da incidência no Brasil pode ser justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), melhoria na qualidade dos sistemas de informação e também e aumento na expectativa de vida. 

O INCA e a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) destacam a alta incidência do câncer de Próstata e assim ressaltam a importância da consulta médica que tem como objetivo o diagnóstico precoce. Lembramos que nos estágios iniciais a doença não manifesta qualquer sinal ou sintoma, justificando assim uma visita ao consultório do Urologista que fará uma história clínica detalhada somada ao toque prostático e solicitação dos exames necessários, como o PSA (antígeno prostático específico) que pode sugerir a suspeita de um câncer. A confirmação do diagnóstico faz-se por uma biópsia de próstata.

Os fatores de risco para Câncer de Próstata são:  idade, raça negra, obesidade, hábitos alimentares ricos em gorduras, sedentarismo e fator familiar (quando tem-se um parente de 1º grau com câncer de próstata a probabilidade é de até 2 vezes maior e para aqueles que tem dois parentes de 1º grau, essa probabilidade é de até 6 vezes maior).

A recomendação é que homens com mais de 50 anos procurem um Urologista, para uma avaliação individualizada. Homens da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento será realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em uma decisão compartilhada com o paciente.

Segundo a SBU, muitos homens têm “medo” do diagnóstico de câncer, mas os urologistas enfatizam que a medicina tem evoluído para proporcionar aos pacientes tratamentos menos invasivos e cada vez mais eficazes.

Exames de imagem são incorporados ao cotidiano para maior precisão diagnóstica, como a ressonância magnética multiparamétrica que torna mais efetiva as indicações de biópsias, evitando procedimentos desnecessários ou o PET CT com PSMA que pode rastrear doenças metastáticas de pequeno volume em locais incomuns.

Os testes genéticos são indicados em situações especificas, considerando que a grande maioria dos casos (aproximadamente 85%) dos tumores de próstata são esporádicos, em que não há causa exata identificada, não havendo características de tumores hereditários ou familiares (15%) e não apresentando risco aumentado de desenvolvimento da doença em familiares próximos. A presença de tumores hereditários pode impactar de maneira significativa o manejo da doença, existem algumas recomendações para a realização de testes genéticos em pacientes com câncer de próstata, visando personalizar a conduta terapêutica e citamos essas situações especificas, que devem ser discutidas com o paciente,  como: os tumores metastáticos, homens com câncer de próstata não metastático mas com ascendência judaica; doença localmente avançada; doença de alto risco histológico e antecedentes familiares com óbitos relacionados a doenças.

Desse modo os tratamentos tornam-se individualizados, a partir da coleta de dados sobre o tumor como, por exemplo: seu volume; sua extensão e grau de agressividade e exames de imagem. Além de considerar, também, a idade e perspectiva de vida do paciente, doenças associadas, valor do PSA e Toque Retal, no momento do diagnóstico. Estas condutas resultam em tratamentos menos agressivos e mais efetivos, principalmente em doenças de baixo risco de progressão.

Nos últimos anos o número de cirurgia robótica vem crescendo em todo o território nacional, sendo considerada um procedimento minimamente invasivo proporcionando benefícios como: incisões menores, visão ampliada em 3 dimensões e liberdade de movimentos. Os resultados oncológicos são semelhantes aos da cirurgia aberta convencional, mas há algumas vantagens em relação a métodos convencionais como: menor intensidade de dor, recuperação em menor tempo, menor risco de sangramento, tempo de hospitalização reduzido e aumento na qualidade de vida dos pacientes após a cirurgia.

Fica claro que na somatória de todos os avanços tecnológicos, o Urologista e sua equipe, tem papel fundamental, pois detém o conhecimento da doença, somado a experiência nas tomadas de decisão durante o diagnóstico e tratamento.

Os homens devem ser esclarecidos sobre o câncer da próstata e suas implicações. Jamais podemos deixar de diagnostica-lo em homens saudáveis e assim discutir a melhor opção terapêutica. Deixar o câncer se manifestar espontaneamente é um grande risco e sofrimento para o paciente e sua família, considerando a evolução e potencial agressividade desse tumor. Converse com seu Urologista.

Fontes consultadas:

Sociedades Brasileira (SBU), Americana (AUA) e Europeia (EUA) de Urologia

INCA – Instituto Nacional do Câncer

NCCN – National Comprehensive Cancer Network

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Patricia Fernandes (@patriciafernandes.jornalista)

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