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Desmistificando o câncer de testículo: por que é tão comum entre atletas?

9 de Novembro de 2022

Considerado raro, o câncer de testículo, curiosamente, é mais comum em jovens na faixa dos 15 aos 40 anos -- predominantemente entre 20 e 34 anos

Atletas de alto rendimento atingem a maturidade de suas carreiras entre os 20 e 34 anos. Esse é exatamente o período em que o câncer de testículo costuma se desenvolver e por isso, ainda que raro, é um dos cânceres mais noticiados entre atletas, que costumam estar em evidência no mesmo período.

“Atinge o homem no auge de sua vida sexual, reprodutiva e de sua capacidade de trabalho, então causa um impacto grande em sua qualidade de vida e em seu entorno. A ótima notícia é que, com o avanço em tratamentos como quimioterapia e cirurgias, o câncer de testículo apresenta mais do que 95% de chances de cura nas fases iniciais”, explica o Dr. Stênio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo.

Durante o período de Copa do Mundo, é comum os atletas também passarem por séries de exames por suas federações e, em um universo de mais de 700 atletas, é possível descobrir a existência desta ou outras patologias raras com incidência em idade jovem.

Fatores de risco

Conheça as características e comportamentos que podem aumentar o risco de um câncer de testículo:

• Homens inférteis ou com atrofia nos testículos

• Idade: é mais comum na faixa dos 15 aos 40 anos

• Etnia: homens brancos têm dez vezes mais chance de tê-lo

• Desenvolvimento anormal dos testículos

• Criptorquidia: testículos que não desceram para o escroto antes do nascimento -- homens que passaram por cirurgia para corrigir o problema também correm risco maior

• Histórico familiar ou pessoal de câncer de testículo

• Síndrome de Klinefelter

• HIV

• Uso de maconha

O câncer de testículo e a maconha

“Comum entre os jovens, o abuso da maconha por um tempo prolongado contribui para alguns tipos de câncer, como o de testículo, além de causar infertilidade”, conta o Dr. Stênio, que também é cofundador e coordenador do Latin American Renal Cancer Group, o LARCG.

Essa relação já foi comprovada em alguns estudos, entre eles um publicado em 2019 pela revista científica Journal of the American Medical Association.

Tal trabalho concluiu que quem consome maconha a longo prazo pode elevar em até 36% a chance de desenvolver um câncer de testículo.

Diagnóstico do câncer de testículo

O diagnóstico de câncer de testículo costuma vir da palpação do médico, que pede uma ultrassonografia para confirmar ou não o tumor.

Exames de sangue, que medem a dosagem de marcadores tumorais, também colaboram para o diagnóstico.

“O que se recomenda é que não haja uma super preocupação com prevenção e autoexame, que geram ansiedade, desconforto e até dor. Mas, claro, é preciso ter atenção e procurar um médico caso haja aumento, deformidade ou endurecimento do testículo, que em geral não dói muito”, alerta o Dr. Stênio Zequi.

Fertilidade e atividade sexual

Altamente curável, o câncer de testículo, geralmente, é sanado a partir de uma cirurgia simples.

“Em geral, remove-se um testículo, mas o outro remanescente dá conta de todas as funções hormonais, sexuais e reprodutivas, sem grandes prejuízos para este homem”, avisa o médico.

Todavia, vários pacientes com tumores testiculares podem apresentar alterações de sua fertilidade e poderão necessitar de fertilização assistida quando desejarem filhos.

"Em casos avançados ou metastáticos, as taxas de cura são elevadas. Nesses quadros, associamos quimioterapia a cirurgias no abdome também. Sempre que o paciente faz quimioterapia, é importante reservar esperma nos bancos de sêmen para eventual paternidade”, complementa Dr. Stênio Zequi, líder do Centro de Referência em Tumores Urológicos do A.C.Camargo.

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