Cultura - Teatro

Ney Latorraca comemora 60 anos de carreira utilizando uma tecnologia inédita no teatro brasileiro

9 de Setembro de 2022

A comédia musical Seu Neyla, de Helopisa Périssé com direção de José Possi Neto, reúne o mundo digital e o teatro, em tempo real

Pela primeira vez no Brasil, um espetáculo acontecerá com a participação do protagonista, ao vivo, direto de sua residência, contracenando com os atores que estarão no palco do teatro FAAP, em São Paulo. SEU NEYLA conta a história de quatro atores e um diretor, que ensaiam um espetáculo sobre a trajetória artística de um dos maiores ícones da cena brasileira. A dramaturgia incorpora a realidade. Pandemia da Covid 19, lockdown e os espaços culturais são os primeiros a fechar. Tempos depois, os teatros reabrem e o homenageado não chega para o recomeço dos ensaios. Em um grande telão de led - 5 metros de altura por 2,5 de largura -, digitalmente, em tempo real, direto de sua casa, no palco, chega o protagonista: NEY LATORRACA. “O mais importante como conteúdo desse trabalho é o mergulho na memória nacional e cultural que, principalmente, as novas gerações não têm. A gente brinca, no texto, que o Brasil sofre de Alzheimer cultural. Esse passear pela memória da formação do artista brasileiro, do profissional do teatro, cinema e televisão, tem um sabor de abrir baú”, declara o diretor José Possi Neto, que colaborou com Aloísio de Abreu, no texto de Heloísa Périssé. SEU NEYLA estreia em São Paulo no Teatro FAAP (SP), dia 09 de setembro e fica em cartaz até o dia 25 de setembro.

Diretor e ator se conhecem há meio século, mas pela primeira vez trabalham juntos. “Ney cursava, em 1969, o último ano da Escola de Arte Dramática, em São Paulo. Na época, eu fazia o terceiro ano da Escola de Comunicação e Artes da USP. Somos contemporâneos”, detalha Possi. A autora Heloísa Périssé revela a emoção de escrever sobre seu ídolo. “O Ney é uma figura espetacular. Brinco que o segundo nome dele é gratidão. Sempre há uma história profunda com todas as pessoas que cruzam o caminho dele. A peça conta como os pais se conheceram, até o Ney se transformar nessa grande referência da nossa arte”.

O pai era crooner e a mãe trabalhava no cassino da Urca. De família simples e humilde, o pequeno Ney, durante as noites, ficava sozinho, em silêncio, pois as pensões em que Dona Nena e Seu Alfredo Latorraca moravam não aceitavam crianças. Não podendo fazer barulho e nem brincar sua mãe falava: “Sonha meu filho. Porque é na mente que as coisas acontecem.” Desta maneira, desde a infância, o sonho, a arte e o teatro sempre estiveram presentes na trajetória de Latorraca. Ney é um ator de todas as linguagens da interpretação: cinema, televisão e teatro. “Escrevi sobre a personalidade, o humor exagerado, mas que no fundo todo mundo acaba se identificando com aquelas tintas fortes, porque ele é um ator muito visceral, muito verdadeiro. Vivemos impregnados de Ney, nos tornamos um pouco Neyla. Ele é assim, como um bom perfume. Chega e toma conta”, define Heloísa.

A ideia do projeto partiu da diretora artística Aniela Jordan. “Tudo que o Ney conta fica interessante, instigante e muito divertido. Convidei o Possi para ser o diretor, que, no final, também participou da dramaturgia. Chamei a Heloísa para ser a autora. E o Aloísio para colaborar com o texto e estar no elenco”, conta a produtora. O elenco de SEU NEYLA é formado por Aloísio de Abreu - que interpreta o diretor "Stan" - e mais quatro atores: Helga Nemetik, Thainá Gallo, Bruno Fraga e Pedro Henrique Lopes, além do próprio Ney. “Colaborei no texto, interpreto o Stan e personagens episódicos. O diretor é justamente quem faz a interface entre o Ney e o espetáculo. É criada uma dinâmica com a interação do diretor e os outros atores.”, conta Aloísio de Abreu.

A cenógrafa Natália Lana detalha seu trabalho introduzindo a tecnologia no espetáculo: “No centro do palco, um grande telão, por onde o Ney vai aparecer de sua casa. Então, em um fundo preto, mesclamos elementos tradicionais do teatro, como as marcações no piso do palco e as cortinas. Realço a tecnologia usada no espetáculo, com um teto de led programável. O cenário da casa do Ney será um fundo de Chroma Key, onde podem ser feitas várias inserções gráficas. Trabalhamos com inovação virtual, aumentando as possibilidades e descobrindo vários desafios”. A iluminação será basicamente definida pela busca por revelar e isolar momentos da vida do personagem, realismo e sonhos. Os atores devem manipular tripés, garras sanfonadas e outros elementos presentes na vida artística do Ney. “Em momentos de música teremos o descolamento total da realidade onde imagino traçar paralelos com a direção e cenografia para criar um ambiente de fantasia comum ao musical, com cores e efeitos” revela o iluminador Felício Mafra, mais conhecido como Russinho.

“São 13 números musicais, sendo uma das canções inédita e composta por mim e pela Heloísa Périssé. No geral, as músicas vão do romance ao humor. São músicas antigas da carreira do Ney, com arranjos modernos”, conta o diretor musical Tony Lucchesi. “Meu Mundo Caiu”, em um medley com “Triste com Tesão”, de Pabllo Vittar. Todas as músicas ganham uma nova roupagem. Também haverá canções atuais e divertidas, como o arrocha “O Médico Chegou”. Esse será o universo musical de SEU NEYLA. A coreografia e direção de movimento do espetáculo são de Ciça Simões, “a gente brinca que precisa de movimentos, coreografias e direção de movimento. Quando eu tenho o número completo, em que a música inteira é cantada, como no caso de

“Lacinhos Cor de Rosa” ou “Sucesso Aqui Vou Eu”, aí a música é coreografada do início ao fim.

“O figurino tem como conceito o mundo teatral, com a sofisticação de uma alfaiataria desconstruída. A gente trabalha com sustentabilidade, entendendo esse universo do vestuário sendo transformado e contado de outra forma”, descreve a figurinista Karen Brusttolin. Amigos, parentes e profissionais que marcaram a trajetória pessoal e carreira do homenageado ganham vida e figurino no espetáculo: Walmor Chagas, Tia Néia, Marília Pêra, Jandira Martini, Lauro César Muniz, Maria Della Costa, entre outros. “Sutileza, realidade e um pouco de surrealismo. As figuras importantes serão amplificadas como em um sonho e as outras figuras, mais próximas, minimizadas, mais intimistas. Tem muita veia teatral nesse figurino”, finaliza Karen.

FICHA TÉCNICA

Idealização: Aniela Jordan

Texto: Heloísa Périssé, com a colaboração de Aloísio de Abreu e José Possi Neto

Direção: José Possi Neto

Direção musical e arranjos: Tony Lucchesi

Direção de movimento e coreografia: Ciça Simões

Cenografia: Natália Lana

Videografia: Plínio Pietro

Figurino: Karen Brusttolin

Desenho de luz: Felício Mafra (Russinho)

Desenho de som: Gabriel D'Angelo

Elenco: Ney Latorraca, Aloísio de Abreu, Helga Nemetik, Thainá Gallo, Bruno Fraga e Pedro Henrique Lopes.

Assistente de direção: Lurryan Nascimento

2ª Assistente de Direção: Theo França

Cenotécnico: André Salles

Cenógrafo assistente: Victor Aragão

Assistente de figurino: Rhenan Queiroz

Pianista ensaiador: Caio Pinheiro

Produção: Aventura

SERVIÇO

SEU NEYLA

Teatro FAAP (R. Alagoas, 903 - Higienópolis, São Paulo - SP)

Temporada: 09 a 25 de setembro

6ªs feiras às 21h

Sábados às 17h e 21h

Domingos às 17h

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