Stefano Monteiro lista as principais causas e tratamentos para o problema
Lesionar o joelho é algo mais comum do que parece. Um estudo da escola médica de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que pessoas entre 25 e 75 anos têm 50% de chance de desenvolver uma lesão. Essa possibilidade aumenta para atletas de fim de semana, como aqueles que jogam um futebolzinho, mas sem preparo nenhum. O ortopedista Stefano Monteiro explica que muitas lesões podem surgir como rompimento do LCA ou do LCP, luxação patelar, artrose, tendinite patelar e condromalacia patelar.
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Bastante comum, o rompimento do ligamento cruzado anterior (LCA) pode ter diversas causas. “A mais comum delas é durante a prática de atividades físicas onde, na maioria das vezes, o pé fica preso ao solo e ocorre a rotação do corpo, causando estresse suficiente para a ruptura do ligamento”, explica o ortopedista.
Para este tipo de lesão existem dois tipos de tratamentos indicados: o cirúrgico, que abrange a grande maioria dos casos, e o conservador, que é realizado com sessões de fisioterapia e fortalecimento do membro afetado. “O tratamento conservador é muito utilizado em pacientes mais velhos, sem instabilidade e com pouca demanda do membro. Os pacientes mais jovens, esportistas, que utilizam mais a articulação, passam pela reconstrução do ligamento, cirurgia feita com artroscopia, câmera interna na qual é colocado um enxerto de tendão no local nativo do ligamento, recobrando a estabilidade articular”, acrescenta Stefano Monteiro.
Outra lesão comum é o rompimento do ligamento cruzado posterior. Geralmente é ocasionado por um trauma de alto energia. Um exemplo é um acidente de carro onde o painel atinge a perna do motorista. “Diferente do LCA, o LCP tem outros critérios para a sua reconstrução. A cirurgia também é feita com o auxílio da câmera e é indicada para pacientes com grau 3 de deslocamento posterior da tíbia ou para atletas com grau 2. Já o tratamento não operatório é composto por imobilização e fisioterapia”, detalha.
Já a luxação patelar atinge quem tem uma pré-disposição que facilita o deslocamento lateral da patela, normalmente associado a algum evento traumático que causa lesão do ligamento patelofemoral medial. “O tratamento inicialmente é a fisioterapia e o fortalecimento do membro afetado. Se o paciente apresentar recorrência na luxação patelar, a cirurgia será o tratamento de escolha. Existe um leque de cirurgias a serem realizadas. Cada paciente será avaliado para ser corrigido o problema em questão, sempre associado à reconstrução do ligamento patelofemoral medial”, relata Stefano.
A artrose é o famoso desgaste da articulação e pode ser ocasionada por diversos motivos: trauma, infecção, doenças reumatológicas, alterações genéticas e pelo desgaste ao avançar da idade, sendo esse último o mais comum, segundo o ortopedista Stefano Monteiro. “Com o aumento do sobrepeso, obesidade e sedentarismo, observa-se maior frequência na degeneração da articulação na população. A boa notícia é que, com o avanço das medicações, existem várias formas de tratamento antes da famosa prótese total do joelho”.
A perda de peso é um dos grandes pilares do tratamento não cirúrgico, associada ao fortalecimento muscular, utilização de colágeno tipo UC2, infiltrações de ácido hialurônico e até bloqueios geniculares. Essas estratégias melhoram os sintomas e, consequentemente, a qualidade de vida do paciente. Em graus mais avançados de degeneração, é recomendada a realização de técnicas cirúrgicas. Para pacientes mais jovens existem as osteotomias, que fazem com que a mudança do eixo de carga passe pela parte íntegra da articulação, diminuindo assim a sobrecarga na região desgastada. Isso faz com que o paciente ganhe alguns anos antes de realizar a prótese total do joelho.
A prótese parcial do joelho pode ser realizada em pacientes de meia idade e com apenas um dos compartimentos desgastados. Porém em pacientes com idades mais avançadas e a artrose acometendo todo o joelho, é indicada a artroplastia total do joelho, onde é removida toda cartilagem do fêmur e da tíbia, substituindo por material metálico e polietileno. Esse tipo de cirurgia tem duração de aproximadamente 15 anos dependendo de aspectos do paciente e tipo de prótese.
Outra vilã dos joelhos é a tendinite patelar, uma inflamação do tendão patelar, que é a estrutura que liga a patela à parte anterior da tíbia. Fatores como esforço exacerbado, movimentos repetitivos, utilização de medicações anabolizantes, dentre outros, podem causar inflamar essa estrutura, causando dor ao mobilizar o joelho ou até, em casos mais graves, ocorrer a ruptura. “Na parte de tratamento, iniciamos com medicação anti-inflamatória, analgésicos e compressas de gelo associado à fisioterapia e fortalecimento. Para pacientes com utilização de anabolizantes o recomendado é a suspensão da medicação”, explica o especialista.
O nome assusta, mas a condromalacia patelar, o desgaste na articulação da patela, é uma das mais comuns causas de dor anterior nos joelhos. Essa condição é muito frequente em mulheres, com um desbalanço da musculatura estabilizadora do quadril e anterior da coxa, associado ao encurtamento da cadeia posterior do membro inferior. “O tratamento sempre inicia com repouso relativo e, após a melhora dos sintomas intensos, iniciamos o fortalecimento e equivalência de força entre as musculaturas citadas ao alongamento da cadeia posterior, além da utilização de medicações de colágeno do tipo UC2 e infiltrações com ácido hialurônico. Um cuidado a ser tomado é evitar agachamentos com amplitude superior à 90 graus, uma vez que pode acarretar uma sobrecarga grande na patela aumentando o desgaste condral”, finaliza Stefano.