Jovem alega que foi estuprada dentro da delegacia por policial que se disse casado na terça-feira, 23, durante depoimento sobre um caso de estelionato em que foi vítima.
A corregedoria da Polícia Civil está investigando a denúncia de uma vendedora de 22 anos que afirma que foi estuprada por um policial civil na última terça-feira (23/8), dentro da Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Franca-SP.
Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Franca: jovem foi chamada a depor e teria sido vítima de estupro na delegacia | Foto: Reprodução |
De acordo com a advogada Katia Teixeira Viegas, no mês de julho a vendedora perdeu os documentos e registrou um boletim de ocorrência. Na última semana, ela recebeu uma intimação para comparecer na delegacia, que fica na avenida Ismael Alonso y Alonso.
“Ela não sabia para que era a intimação. No dia agendado, ela compareceu na CPJ. Lá ela foi informada por um escrivão que algumas compras em seu nome foram feitas e que eles estavam analisando os fatos”, contou a advogada.
De acordo com a jovem, em um determinado momento o policial pediu seu celular, e sem dar qualquer explicação a ela, começou a mexer no aparelho. A jovem disse que o policial começou a ver suas fotos e questioná-la se ela tinha namorado ou se era casada.
“O investigador continuou manuseando o telefone, e mais de uma vez virou o aparelho para a declarante a questionando se ela era ‘bonita e gostosa desse jeito mesmo', dizendo que ela estava muito bonita e de parabéns”, diz o depoimento da jovem.
Ainda segundo o depoimento, o policial viu uma foto da vendedora sem roupa. Ela percebeu e o questionou. “Ele respondeu que sim (havia necessidade de ver as fotos), mas que ele não iria abri-las”.
Depois de continuar mexendo no aparelho celular, o policial se levantou e teria trancado a porta da sala onde colhia o depoimento da vendedora. O agente pegou a jovem pelo braço e a conduziu até algumas cortinas, pegou a própria cadeira e se sentou tirando sua calça.
“Ele colocou sua arma de fogo em cima de uma mesa dizendo que a jovem precisava ficar quietinha, pois ele era casado (mexendo na aliança). Sentiu-se extremamente ameaçada, percebendo que ele faria algo de mal com a declarante. No momento que ele tirou a calça, a declarante percebeu que ele havia ejaculado e, na sequência, forçou a cabeça da jovem, a obrigando a praticar sexo oral”, continuou o depoimento.
Em seguida, o depoimento afirma que o policial colocou a mão na arma de fogo e reforçou que a vendedora precisava ficar quieta pois ele era casado. A jovem informou que após isso respondeu que iria embora e virou as costas. O policial a teria pego pela cintura, a virado de frente e lhe dado um beijo.
Após beijá-la, a vítima afirmou que o policial a colocou em um determinada posição sexual e introduziu o dedo em suas partes íntimas. Depois disso, a vendedora se levantou e empurrou o policial.
O depoimento também relata que após o suposto abuso sexual o policial civil se limpou com álcool em gel e mandou a jovem também se limpar. Após os abusos, a jovem pegou um carro de aplicativo e foi para sua casa.
“A cliente está muito abalada, e a princípio não iria apresentar queixa, mas foi motivada por seus familiares que tinha que denunciar, até para que caso haja outras vítimas que tenham passado por situações semelhantes junte-se a ela em busca de justiça”, afirmou a advogada da vítima.
O caso de estupro foi registrado, e agora é investigado pela corregedoria da Polícia Civil, que inicialmente apura o crime como assédio. Inicialmente o policial não foi afastado.
Segundo relato de colegas do policial, ele está na Polícia Civil há mais de 10 anos e nunca apresentou problemas como assédio na delegacia.