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Apesar de boas chances de cura, Brasil registra 79 mil mortes por hepatites virais em 19 anos

28 de Julho de 2022

Com base na prevenção, país tem meta de reduzir a doença em 90% até 2030

Crédito da imagem: Shutterstock

Consideradas silenciosas, as hepatites virais atingiram mais de 680 mil brasileiros nos últimos 21 anos, conforme o Ministério da Saúde. Dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, publicado em 2021, apontam que, entre 2000 e 2019, cerca de 79 mil pessoas tiveram óbitos associados às hepatites dos tipos A, B, C e D.

A infectologista Tassiana Rodrigues dos Santos Galvão, que atende no Hospital Estadual Francisco Morato, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, explica as razões pelas quais as infecções são conhecidas por letras.

“Os vírus receberam a nominação em ordem de descoberta, sendo atribuída uma letra para cada nova hepatite: A, B, C, D e E. As mais comuns no Brasil são as hepatites A, B e C, sendo a D mais frequente na região Norte.”

Segundo a especialista, apesar da alta taxa de mortalidade, nos últimos anos, o tratamento contra as hepatites evoluiu muito, e as chances de cura superam 95%, quando a assistência é realizada corretamente.

A campanha Julho Amarelo tem como objetivo alertar as pessoas acerca deste grave problema de saúde pública. “A cor dedicada ao mês foi escolhida por representar um sinal frequentemente associado à doença: a icterícia, como é conhecida o amarelidão da pele”, afirma Dra. Tassiana.

No entanto, a médica ressalta que as manifestações são muito variáveis. “Além do amarelidão, podem ocorrer mal-estar, fraqueza, náuseas, vômitos, dores abdominais e alterações na coloração da urina e das fezes.”

Casos de hepatites podem ser graves, com estágios fulminantes, necessidade de transplante e evolução para câncer hepático.

“No caso da B, a maioria das pessoas que têm contato com o vírus consegue controlar a infecção e a evolução. Porém, os pacientes que ‘cronificam’ apresentam uma doença silenciosa, que, se não tratada, pode evoluir para cirrose e/ou câncer de fígado. Já com a hepatite C, as chances de cronificação são ainda maiores, tal como o risco de desenvolver cirrose e câncer hepático”, reitera.

Prevenção e contágio

As hepatites podem ser transmitidas por meio de relações sexuais ou exposição direta com o sangue infectado, através de objetos contaminados, como agulhas, seringas, alicates etc., transfusões sanguíneas ou durante o parto.

Dra. Tassiana explica que a prevenção pode ser feita de forma simples, com hábitos como consumir apenas água tratada, manter boa higiene e utilizar preservativos durante as relações sexuais.

“Ao realizar tatuagens e piercings, é indicado buscar estúdios confiáveis, que trabalhem com agulhas descartáveis e jamais compartilhem objetos pessoais. Isso serve também para manicure.”

Para as hepatites dos tipos A e B, há vacinas que podem ajudar na prevenção. Por isso, é importante estar com elas em dia.

Tratamento

Conforme a especialista, o tratamento das hepatites é realizado por meio de antivirais, além de medidas de prevenção, como evitar medicações que possam prejudicar a saúde do fígado.

“Pacientes que já convivem com a doença devem realizar um acompanhamento adequado com médicos infectologista, gastroenterologista ou hepatologista”, ressalta.

Nos últimos anos, o tratamento para os casos do tipo C sofreu mudanças significativas. Atualmente, existem drogas de ação direta e esquema terapêutico, dependendo do genótipo e da fase clínica do paciente.

Ambos são oferecidos de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assim como os testes capazes de diagnosticar a doença, que podem ser realizados de forma rápida e discreta em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS).

Até 2030, o Brasil tem uma meta, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016, de combater as hepatites virais, reduzindo novas infecções em 90% e a mortalidade atribuível à doença em 65%.

“Para tanto, o diagnóstico precisa ser cada vez mais ágil. O teste rápido é a forma mais ágil de identificar os tipos B e C de hepatites”, alerta Dra. Tassiana.

Segundo a médica, caso o diagnóstico seja positivo para a doença, não há razões para pânico. “Hoje em dia, os medicamentos são muito bem tolerados, com raros efeitos colaterais, e as chances de cura, na maioria dos casos, são superiores a 95%”, finaliza.

Sobre o CEJAM

O CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” é uma entidade filantrópica e sem fins lucrativos. Fundada em 1991, a Instituição atua em parceria com prefeituras locais, nas regiões onde atua, ou com o Governo do Estado, no gerenciamento de serviços e programas de saúde nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro, Mogi das Cruzes, Itu, Osasco, Campinas, Carapicuíba, Franco da Rocha, Guarulhos, Santos, São Roque, Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos, Peruíbe e Itapevi.

Com a missão de ser instrumento transformador da vida das pessoas por meio de ações de promoção, prevenção e assistência à saúde, o CEJAM é considerado uma Instituição de excelência no apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). O seu nome é uma homenagem ao Dr. João Amorim, médico obstetra e um dos fundadores da Instituição.

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