Exercitar-se durante a gravidez confere uma riqueza de benefícios a uma criança. Novas pesquisas sugerem que o exercício também pode ajudar a reduzir as chances de o descendente desenvolver diabetes tipo 2 durante a vida
Exercícios físicos na gravidez |
Um novo estudo demonstrou que o exercício físico materno durante a gravidez melhora a saúde metabólica da prole, mesmo quando a mãe é obesa ou com uma dieta rica em gordura. As descobertas do artigo identificaram os mecanismos por trás desse processo. “Os pesquisadores descobriram como a SOD3, uma enzima liberada pela placenta após o exercício, melhora a saúde metabólica do filho, ao ponto de anular os impactos da obesidade materna e dietas inadequadas”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita. Os resultados foram publicados no periódico Diabetes, no final de março.
Os números são assustadores. A obesidade materna e a diabetes tipo 2 estão aumentando: mais de 30% das mulheres em idade fértil nos países ocidentais e asiáticos são classificadas como obesas. Enquanto isso, espera-se que 630 milhões de pessoas vivam com diabetes tipo 2 até 2045. “Crianças nascidas de mães obesas ou mães com diabetes tipo 2 têm um risco aumentado de diabetes, mesmo depois de terem uma vida saudável. Com o crescimento da obesidade materna, um ciclo preocupante está se formando onde os riscos de diabetes são transmitidos de geração em geração”, diz o médico. "Parar este ciclo é um problema médico crítico e urgente."
Os pesquisadores mostraram no estudo que o exercício físico durante a gravidez tem enormes benefícios na saúde metabólica da prole, demonstrando que a enzima antioxidante SOD3, que significa superóxido dismutase 3, derivada da placenta, desempenha um papel fundamental na transmissão dos benefícios do exercício materno para o filho. “Eles descobriram que a SOD3 inibia anormalidades induzidas por dieta rica em gordura no metabolismo da glicose da prole”, diz o médico.
A relação entre obesidade materna e infantil
A metilação das histonas (um tipo de mudança química no DNA) desempenha um papel fundamental na modificação epigenética - mudanças hereditárias nas fitas de DNA que não afetam os pares de bases herdados. Quando a mãe consome uma dieta rica em gordura, segundo o estudo, ocorre uma mudança metabólica no fígado capaz de dificultar, nos filhos, a expressão dos genes do metabolismo da glicose. “Isso, descobriram os pesquisadores, é causado por duas coisas. As espécies reativas de oxigênio (ROS), também chamados de radicais livres, tornam-se elevadas. Enquanto isso, WDR82, uma proteína chave torna-se oxidativa, prejudicando as funções das proteínas”, explica. No entanto, os efeitos nocivos de uma dieta materna rica em gordura no metabolismo da prole são revertidos pelo exercício materno. “A manipulação genética demonstrou que a SOD3 placentária é indispensável para os efeitos protetores do exercício materno na prole. O estudo também destacou como o exercício é crucial para impedir danos. Quando os pesquisadores infundiram N-acetilcisteína (NAC), um antioxidante que aumenta o desempenho no fígado, no fígado fetal, não reproduziu os resultados da SOD3. Isso sugere que a SOD3 produzida naturalmente pelo exercício durante a gravidez é fundamental para o bem-estar metabólico da prole”, conta o médico.
Implicações para o futuro
Dada a simplicidade e a relação custo-benefício do exercício, incentivar as mães a se exercitar pode ajudar a reverter as taxas alarmantes de obesidade e diabetes tipo 2, inclusive nos filhos. "Pode haver benefícios mais amplos dessa proteína, SOD3, em outros órgãos da criança. E as pesquisas futuras podem confirmar isso", diz o médico. As orientações para o exercício em grávidas, no entanto, são fundamentais. “O ideal é que os exercícios sejam leves, sempre respeitando as limitações da gestante. As melhores opções de atividade física para mulheres grávidas incluem caminhada, corridas leves, hidroginástica, natação, pilates, bicicleta e ioga. Musculação também pode ser feita, desde que orientada e sem abusar dos pesos”, finaliza o médico.
FONTE: *DR. FERNANDO PRADO: Médico ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. É diretor clínico da Neo Vita e coordenador médico da Embriológica. Doutor pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Imperial College London, de Londres - Reino Unido. Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e da Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE). Whatsapp Neo Vita: 11 5052-1000 / Instagram: @neovita.br / Youtube: Neo Vita - Reprodução Humana.