O agressor se apresentou na delegacia e foi detido pelo crime de tortura
Após seis dias de procura, Deivid Alex dos Santos, de 21 anos – o padrasto de duas crianças que foram agredidas em Jardinópolis-SP, no dia 14 de julho -, se apresentou à Polícia Civil. Ele se entregou, acompanhado de um advogado, na Delegacia de Polícia da cidade. O delegado André Baldochi, responsável pelo caso, determinou sua prisão imediata. As informações são do Tribuna Ribeirão.
O casal está preso pelas agressões aos irmãos | Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal |
Na quarta-feira (20/7) a mãe das crianças, Caroline Menezes de Lima, de 22 anos, já havia sido presa preventivamente. Segundo o delegado, ela sabia das agressões e não teria feito nada para evitar ou denunciar o agressor. Além disso, a Polícia descobriu que ela continuou mantendo contato com o companheiro após as denúncias.
Deivid chegou por volta de 09h30 na delegacia. Aos jornalistas, seu advogado, Douglas Marques, informou que ele é réu primário, sem histórico de crimes de violência e que espera esclarecer tudo dentro do processo.
O padrasto era procurado pela Polícia desde que o crime foi registrado. As agressões ocorreram na tarde de quinta-feira (14/7). Os irmãos por parte de mãe, de 7 e 4 anos, estavam com Deivid, enquanto Carolina estaria trabalhando.
Ele teria agredido o mais velho com fios e uma sapatilha. O menor tentou intervir e também acabou apanhando. Ao chegar em casa de madrugada, a mãe acabou levando as crianças para o Pronto Socorro da cidade.
Denúncia
A tia paterna do menino mais novo ficou sabendo do fato e, na sexta-feira (15/7), fez a denúncia em companhia da avó paterna. As duas crianças apresentavam muitos hematomas no rosto. O delegado determinou que fosse feito exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) de Ribeirão Preto-SP.
O laudo apontou que as lesões, de acordo com o estabelecido pelo Código Penal Brasileiro, foram leves, pois não apresentavam danos permanentes aos dois. Contudo, o meio como tudo ocorreu foi caracterizado como tortura. E, durante o exame, os peritos constataram que havia marcas de outras agressões e até queimaduras nos dois irmãos.
Com a ajuda de psicólogos, eles prestaram depoimento e confirmaram que a agressão não foi um fato isolado. Diante disso, o delegado pediu a prisão preventiva de Deivid, que estava foragido desde o dia em que o caso foi descoberto.
A mãe foi presa nesta quarta-feira (20/7). Baldochi disse que a mulher teria ficado surpresa ao receber a ordem de prisão e negou envolvimento no crime, mantendo-se tranquila durante depoimento. Ela segue presa preventivamente por 30 dias e sua prisão pode ser prorrogada ou convertida em prisão temporária.
O delegado disse que, por conta da tipificação do crime, foi obrigado a imprimir maior celeridade ao inquérito para poder pedir a prisão preventiva dos envolvidos. Ele já ouviu cerca de 10 testemunhas.
O inquérito tem 30 dias de prazo para ser concluído, mas pode ser prorrogado. De acordo com o Conselho Tutelar, as crianças, que são filhos de pais diferentes, estão com as famílias paternas. Isso já havia sido determinado antes mesmo da prisão da mãe.
Prisão
O delegado Seccional de Ribeirão Preto, Sebastião Vicente Picinato, disse que tanto Deivid quanto Caroline já tinham passagem policial por uso de entorpecentes. O homem também respondeu por crime contra o patrimônio público.
Deivid prestou depoimento ao delegado. Enquanto isso, na rua em frente à delegacia, muitas pessoas se juntavam para protestar contra o agressor. Ao término do depoimento, ele foi levado para a cadeia pública de Santa Rosa de Viterbo. Apesar dos ânimos exaltados na porta da delegacia, não houve nenhum incidente após sua saída, além dos gritos pedindo justiça.