Ansiedade e arritmia costumam ter sintomas semelhantes, mas buscar orientação profissional é essencial para evitar o comprometimento da saúde do coração
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Você deve ter reparado que, desde o começo da pandemia de coronavírus, em 2020, tem-se falado cada vez mais sobre os transtornos mentais, em especial a depressão e a ansiedade. Não é sem motivo, claro. A insegurança em relação aos efeitos da doença, naquela época, e a necessidade de isolamento, instabilidade econômica gerou muitos desconfortos - influenciando até na saúde do coração.
Aqui, estamos falando especificamente sobre ansiedade e arritmias - se você não sabe, é bastante comum as pessoas confundirem as duas coisas, já que ambas as condições têm sintomas bastante parecidos.
O Brasil é considerado um dos países mais ansiosos do mundo e, segundo dados de 2019 da Organização Mundial de Saúde (OMS), quase 10% da população brasileira (mais de 18 milhões de pessoas) convivem com a ansiedade.
Não só isso, os efeitos da pandemia de coronavírus também colaboraram para esse quadro bastante preocupante. A OMS diz que, desde o início, a prevalência global de ansiedade e da depressão aumentou 25% durante os períodos de isolamento e quarentena.
E, o pior, hoje já se sabe que esses transtornos podem aumentar as chances de acidentes vasculares cerebrais, de hipertensão e de arritmias graves.
A relação arritmia X ansiedade
Mas onde essas condições se encontram? De forma simples, arritmia é toda alteração do ritmo cardíaco. Quando sentimos medo ou estamos ansiosos, por exemplo, é normal percebermos uma alteração na velocidade dos batimentos cardíacos, que costumam ficar mais rápidos (a chamada taquicardia).
O ritmo cardíaco também pode diminuir (bradicardia), e essas variações dependem de muitos fatores que vão de doenças às questões emocionais, como os transtornos de ansiedade.
Muitas vezes, as arritmias são benignas, sem grandes consequências para a saúde como um todo. No entanto, também podem ser indicativos de malignidade, levando a complicações sérias de saúde e, em casos extremos, à morte.
Insuficiência cardíaca, hipertensão e idade avançada, além do diabetes e das doenças vasculares, podem ser causas de arritmias, assim como a ansiedade. Por isso, é essencial buscar ajuda especializada caso essas mudanças de ritmo cardíaco sejam constantes e, principalmente, se começam e param abruptamente.
"Um dos principais sintomas da arritmia é a palpitação", explica o Cardiologista e Arritmologista pela USP Dr. Caio Henrique. "É possível sentir o coração batendo mais rápido, com mais força, pulando uma batida ou batendo de forma descompassada, gerando bastante incômodo".
Outros sintomas de arritmia que podem ser percebidos também em episódios ansiosos são:
Importante notar que uma condição não exclui a outra - é possível ter arritmias e um quadro de ansiedade ao mesmo tempo. No entanto, é importante buscar uma avaliação profissional caso as arritmias aconteçam com frequência para encontrar o correto diagnóstico e, claro, tratamento.
Tanto a ansiedade quanto as arritmias podem ser tratadas hoje com a ajuda de medicamentos e acompanhamento especializado, seja de um cardiologista, seja de um profissional de saúde mental.
DR. CAIO HENRIQUE TORRES SOUSA
CARDIOLOGISTA E ARRITMOLOGISTA
CRM-SP 171474 / RQE 82939