Dra. Lígia Momesso o que é esse quadro e como tratar. Milhares de mulheres sofrem com os efeitos todos os dias
Um trabalho invisível. Muitas vezes tratado como “vocação natural” das mulheres, mas cuidar de toda família sozinha pode trazer consequências. “Sentir-se esgotada psicologicamente não é normal, acontece normalmente quando o ambiente exige muito mais do que o indivíduo pode exercer. Ou seja, é uma carga alta de estresse emocional gerado em decorrência de exigências elevadas”, explica a psicóloga, Lígia Momesso.
O custo da carga mental materna: um mal quase invisível | Foto: Divulgação |
Um estudo da Universidade Federal do Mato Grosso mostrou que 83% de mães de crianças e adolescentes sentiram maior sobrecarga em cuidar dos filhos durante a pandemia. Um fenômeno que só se agravou nesse período, já que segundo a especialista “a carga mental é uma condição comum às mulheres que infelizmente já atravessa gerações. É o tal do trabalho invisível, a organização da casa, das compras do mercado, da marcação das consultas, do acompanhamento das vacinas, do planejamento escolar, dos passeios”.
Não existe uma estimativa de quantas mulheres sofrem desse quadro no Brasil, mas uma pesquisa realizada na Espanha mostra como o problema pode ser grave e invisível. No país europeu, 3 em cada 4 mulheres sofrem de carga mental, embora 40% delas desconheçam o conceito e 45% nunca falaram com ninguém sobre o assunto.
“O trabalho de cuidado do qual depende a sobrevivência, o bem-estar e a educação de toda a família. Essa responsabilidade, fica a cargo das mulheres, levando-as à exaustão e à sobrecarga e gerando senso de desvalorização. Toda essa responsabilidade demanda tempo, disposição, foco, e muitas das vezes não é reconhecido”, explica a psicóloga.
Por isso é bom ficar atenta aos sintomas. “Alguns dos sinais envolvem irritação, cansaço, tristeza, afastamento, isolamento, baixa autoestima, não cumprimento de tarefas diárias, sejam elas simples ou complexas, despersonalização e desmotivação”, alerta a Dra. Lígia Momesso.
Além disso, “esse comportamento afeta tanto a mãe quanto a criança, já que o tipo de relação estabelecido desde o nascimento dita o desenvolvimento cognitivo do bebê.”
A psicóloga ainda destaca que para mulheres que também trabalham fora de casa esse é mais um desafio. “Isso faz com que as que ainda querem se manter no mercado de trabalho tenham uma condição desigual, uma vez que já chegam ao mercado de trabalho sobrecarregadas, deixando-as em desvantagens com seus colegas”, explica.
Mas existe tratamento que envolve medicação e psicoterapia. “Com o acompanhamento psicológico mais indicado para cada caso, o profissional é capaz de identificar os sintomas e auxiliar o paciente a transformar o pensamento e o comportamento perante as situações que possam engatilhar uma crise”, detalha a especialista.
Por fim, ela deixa um alerta da importância do acompanhamento psicológico. “Durante a gestação ou em qualquer fase da vida, ajuda no desenvolvimento de autoconhecimento, gerando uma capacidade maior e mais eficaz de solução de conflitos e uma melhora significativa na saúde mental”, finaliza psicóloga, Dra. Lígia Momesso.