Advogado do ex-ministro disse não ver 'motivo concreto' para a prisão de Milton Ribeiro. Mediante propina, municípios indicados por pastores teriam prioridade na liberação de recursos.
O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro foi preso preventivamente nesta quarta-feira (22/6), em Santos, litoral de São Paulo. O mandado foi expedido em uma operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta. As informações são do Rápido no Ar.
Ex-ministro da Educação, na gestão Bolsonaro, Milton Ribeiro é preso | Foto: Reprodução |
Segundo a PF, a operação “Acesso Pago” visa investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
O mandado de prisão preventiva cita os crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência. Milton Ribeiro deve ser levado para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília e passará por audiência de custódia ainda nesta quarta.
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também foram presos pela PF nesta quarta. Eles são investigados por atuar informalmente junto a prefeitos para a liberação, por meio de concessão de propina, de recursos do Ministério da Educação.
Além do mandado contra o ex-ministro, outros 13 mandados de busca e apreensão, e quatro mandados de prisão estão sendo cumpridos em diversos estados do Brasil. Além disso, existem medidas cautelares determinadas, inclusive com a proibição de contato entre investigados e envolvidos.
O advogado Daniel Bialski, que representa Milton Ribeiro, disse que não vê "motivo concreto" para a prisão do ex-ministro da Educação. A defesa do pastor Arilton Moura informou que vai se pronunciar somente nos autos do processo.
Milton é acusado de participar de esquema de corrupção no MEC com pastores evangélicos e poderá responder por desvio de recursos do FNDE | Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil |
Os policiais basearam a investigação em documentos, depoimentos e no “relatório final da investigação preliminar sumária” da Controladoria-Geral da União (CGU).
“Foram identificados possíveis indícios de prática criminosa para a liberação das verbas públicas”, afirma a PF.
O inquérito de investigação contra Milton Ribeiro foi aberto após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar, em março, a existência de um “gabinete paralelo” dentro do MEC controlado pelos pastores.
Alguns dias depois, o jornal “Folha de S.Paulo” divulgou um áudio de uma reunião em que o ex-ministro afirmou que repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.
Com a divulgação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação.