Sem comida na geladeira e armário, Claudia teve que apelar para vender o próprio botijão.
“Vendo meu vasilhame de gás ainda com um pouco de gás dentro. Motivo da venda estou desempregada, passando por dificuldades em busca de um trabalho, precisando comprar fraldas RN (recém-nascido) para minha neta, que está ali na UTI do Hospital Julio Muller”, suplicou Claudia Conceição, em um grupo no Facebook. As informações são do Yahoo Notícias.
Botijão de gás está tão caro em Mato Grosso que virou moeda de troca | Foto: Arquivo pessoal |
Apelos como esses se tornaram comuns nas redes sociais. Em abril, Claudia chegou ao seu limite: desempregada e com a neta na UTI, após uma gravidez de alto risco da filha, ela não teve alternativa a não ser vender o próprio botijão de gás, que atualmente virou uma moeda de troca. Por R$ 200, esperava ao menos conseguir comprar fraldas para a neta.
Um levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostrou que Mato Grosso tem o gás de cozinha mais caro do país, com preço médio de R$ 123,98. Em Mato Grosso o estudo analisou preços do botijão em 81 revendedoras em Cuiabá, Várzea Grande, Rondonópolis, Sinop e Sorriso. O mais barato foi encontrado na Capital, por R$ 105, e o mais caro em Sinop e Sorriso, por R$ 140.
Segundo o levantamento da ANP, o gás de cozinha mais barato foi encontrado no Rio de Janeiro, com preço médio de R$ 81,96 por um botijão de 13 quilos.
Esse aumento impactou diretamente a vida das pessoas, principalmente as famílias de baixa renda. Moradora do bairro Jardim Vitória, na periferia de Cuiabá, Claudia recorda que costumava pagar R$ 60 no gás de cozinha, vendido nas distribuidoras da região.
“Está difícil pra sobreviver, pra falar a verdade. Está muito difícil pra nos manter com o aumento do botijão, com o aumento dos alimentos. Esses aumentos danificaram a vida de nós todos, principalmente nós, que somos da baixa renda”, relata.
Desempregada, ela está morando de favor com seu filho, que trabalha como servente de pedreiro. A situação ficou ainda mais complicada quando sua filha teve uma gravidez de alto risco, por conta de um glaucoma. Assim que nasceu, a criança logo foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Claudia observa que todos seus vizinhos estão passando pela mesma situação e eles se ajudam como podem. “Vem um aqui traz um feijão, vem outro traz um arroz, vem outro traz um leite e é dessa forma que nós está sobrevivendo”.
Sem comida na geladeira e armário, Claudia teve que apelar para vender o próprio botijão. “O botijão de gás está um preço abusivo, né? Do botijão, dos alimentos, mexeu com muita família pra te falar a verdade. Mexeu com a família de baixa renda, onde muitos hoje estão vendendo o que tem dentro de casa pra sobreviver”.
Felizmente, a neta Ana Clara Pires deixou a UTI mês passado. Ainda assim, a família precisa de alimentos, sem contar o leite especial e medicamentos.
“O alimento está caro, o gás está caro, a gasolina está cara, a energia está cara. Pra quem pagava um valor de R$ 70 reais de energia, hoje paga R$ 200 e pouco. Pra quem pagava um gás de R$ 60, hoje paga R$ 140”, expõe.
Outro detalhe é que Claudia deixou de usar o fogão justamente para economizar no gás. Agora, está cozinhando o pouco que tem no fogão à lenha que montou no quintal.
“No momento a gente opta em fazer a comida no fogão à lenha no decorrer do dia e durante a noite só esquentar né, pra nós jantarmos”, conta. “Não tem condições de ficar comprando o gás mais, então a gente tem que ter o controle”.