Médica-veterinária dá dicas de como evitar a transmissão da enfermidade, que afeta humanos e cães, e é considerada uma das mais graves do mundo
Em Caieiras, na Grande São Paulo, uma adolescente de 14 anos ficou internada por 49 dias e correu o risco de ter a perna amputada por causa da picada de um mosquito infectado por leishmaniose. O registro do caso acende o alerta para os cuidados de prevenção e combate à doença, principalmente na região. A enfermidade, que afeta humanos e cães, é considerada uma das mais graves do mundo, mas pode ser prevenida. Por isso, Silvana Badra, médica-veterinária e gerente de produtos pet da MSD Saúde Animal, dá dicas importantes de como evitar a transmissão e o aumento das ocorrências.
Leishmaniose
Segundo a médica-veterinária, a leishmaniose é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Leishmania, transmitidos principalmente por meio da picada de um flebótomo, que são mosquitos bem pequenos de hábito crepuscular e noturno, e pode atingir pessoas e animais de estimação, como os cachorros. Existem dois tipos, a visceral e a cutânea, esta última identificada no caso da estudante em Caieiras, que causa feridas na pele.
“A transmissão da doença acontece principalmente quando os flebótomos se alimentam de sangue. Quando esse inseto pica o animal infectado, ele se infecta e transfere o protozoário ao picar o humano. Isso quer dizer que o cão é o principal reservatório do protozoário, mas é importante lembrar que ele não transmite a doença diretamente para as pessoas”, alerta a médica-veterinária.
Como prevenir?
De acordo com a médica-veterinária, não tem segredo, já que a melhor forma de prevenção da leishmaniose é um conjunto de medidas muito simples, como o uso de produtos tópicos com ação repelente no cão, como a coleira antiparasitária para cães à base de deltametrina. "Claro que é essencial também fazer a lição de casa, como manter a casa limpa e livre de matéria orgânica, que é onde o mosquito transmissor se prolifera e utilizar telas de proteção, principalmente no local em que o pet fica, evitar passear com o cão ao entardecer e à noite quando o mosquito transmissor é mais ativo e seguir sempre as orientações do médico-veterinário, que é o profissional que vai fornecer toda a orientação que o tutor precisa para preservar a saúde do cão e da família ", alerta Silvana.
Como identificar e tratar?
Na leishmaniose visceral as principais manifestações clínicas são sangramento nas fezes e narizes, febre, vômitos, diarreia, perda de peso, alterações dermatológicas, desidratação, dentre outros. Já a tegumentar se manifesta por meio de lesões na pele do animal.
"O diagnóstico, muitas vezes, não deve ser baseado em um único exame e o médico-veterinário é o único profissional habilitado a fazê-lo, bem como a indicar terapia e cuidados preventivos adequados", reforça a especialista. "A visita periódica à clínica veterinária é essencial, já que muitos cães podem estar infectados pelo protozoário e o tutor não perceber", completa.
Se seu animal for diagnosticado com leishmaniose, não entre em pânico! Apesar de não ter cura, a doença tem tratamento à base de medicamentos que tratam os sintomas e reduzem as chances de transmissão do parasita a outros animais e humanos.
Dica da médica-veterinária
Silvana ressalta que, apesar de haver tratamento, é muito melhor prevenir do que remediar, pois o tratamento exige um alto investimento financeiro e não traz a cura parasitária, apenas melhora as manifestações e diminui a carga parasitária. Então fique atento às medidas preventivas e cuide do seu cachorro, para que toda a família também fique protegida.