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Mulher que denunciou estupro por investigador dentro de delegacia: "Não saio mais de casa"

12 de Maio de 2022

O policial está preso na capital na 3ª DP. A defesa dele ainda não se pronunciou sobre o caso

Não saio mais de casa, só durmo à base de remédios. Não consigo comer direito, minha vida está um caos.” O relato é de uma mulher que diz ter sofrido estupro dentro de uma delegacia, na sala dedicada ao atendimento de mulheres vítimas de violência de gênero, em Sidrolândia-MS, por um investigador da Polícia Civil, Elbesom de Oliveira, que é réu no caso. As informações são do DM.

Vítima em conversa com o G1, teve sua identidade preservada | Foto: Reprodução/ G1 

A mulher de 28 anos, que não é de Mato Grosso do Sul, chegou ao estado por Ponta Porã-MS. Foi até à cidade de fronteira para viajar com um rapaz até São Paulo. No dia da viagem, a van em que eles estavam foi abordada em Sidrolândia. O homem viajava com uma quantia de droga na mochila. Com o flagrante, o casal foi levado até a delegacia e, no mesmo dia à noite, ela conta ter sido estuprada pela primeira vez pelo investigador.

"Ele já abusou de mim desde a primeira vez que cheguei. Cheguei de manhã, e à noite era o plantão dele. No primeiro dia, eu já fui estuprada. Na primeira noite, fui levada até a Sala Lilás [espaço da unidade policial dedicado ao atendimento de mulheres vítimas de violência de gênero]. Toda vez que tinha plantão dele, ele fazia questão de ir na cela", conta.

O crime foi denunciado por outros presos, que pediram para falar com uma delegada após saberem da série de abusos sexuais. Para ela, os detentos disseram ter escutado a vítima chorando na noite anterior, ocasião em que ela revelou ter sido abusada sexualmente pelo investigador.

A mulher que prefere não se identificar, diz se sentir traumatizada com a situação. O policial está preso na capital na 3ª DP.

A defesa dele ainda não se pronunciou sobre o caso. A vítima contou ainda que sofreu diversos abusos e e ameaças por parte do suspeito.

Elbesom foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) pelos crimes de estupro, importunação sexual e violência psicológica contra a vítima. A denúncia foi recebida pela Justiça do MPMS, que o tornou réu no caso.

Delegacia Civil de Sidrolândia-MS | Foto: Divulgação/ Polícia Civil

Após o crime sexual, a mulher teve a prisão por tráfico de drogas revogada e voltou para cidade onde mora com a mãe e filhos. Na época, a decisão foi tomada pela Justiça de Sidrolândia para “resguardar a integridade física e psicológica” da vítima.

Durante todo o período quem permaneceu em Mato Grosso do Sul, a vítima relata ter perdido cerca de 6kg. Além da perda do peso, os traumas são sentidos na pele: ela só consegue dormir após tomar uma série de remédios pesados e acompanhada de alguém da família.

"Não saio mais de casa, só durmo à base de remédios. Não estou comendo direito, minha vida está um caos. Quando eu fecho os olhos, não consigo esquecer o que passei. Ele acabou com minha vida. Eu tenho vergonha e medo de sair de casa e pensar sobre o que as pessoas vão pensar sobre mim."

Os abusos, sexuais e psicológicos, provocaram inúmeras sequelas na vítima, como ela relata. E o medo se tornou inconsciente.

"Me causa muito medo. Eu tenho medo do que ele possa fazer comigo. Ele falava a todo instante que se eu abrisse minha boca, ele ia me matar. Ele disse que ia até no inferno, onde eu estivesse. O que passei não foi brincadeira. Só eu e Deus sabe o que passei."

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