O oncologista Ramon de Mello explica que o atraso no diagnóstico reduz as chances de cura da doença
A pandemia de Covid-19 continua causando impactos no tratamento de neoplasias. Hoje, em 10% das cidades brasileiras o câncer já é a principal causa de morte. “Os pacientes iniciaram o tratamento em estágios avançados da doença, o que reduz as chances de cura”, afirma o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal.
Em 2020, estudo do Observatório de Oncologia mostra que o Brasil registrou redução geral de 26% em procedimentos para diagnóstico dos cinco tipos mais comuns de tumores oncológicos no país: mama, próstata, colorretal, pulmão e estômago. Eles representam mais de 200 mil casos de câncer, por ano. Segundo uma outra pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed) e pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), a pandemia de Covid-19 reduziu em quase 1 milhão o número de exames aplicados para diagnosticar câncer de intestino ou câncer colorretal.
“O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura. Mas não é só isso. O tratamento tardio também pode aumentar os custos tanto para a saúde pública quanto para o atendimento privado, bem como depararmos com um quadro de crescimento exponencial da doença”, alerta o oncologista.
“O panorama atual é preocupante”, avalia Ramon de Mello. Em 2020, as mamografias e os exames de câncer de estômago diminuíram em mais de 40% em comparação com o ano anterior. As biópsias tiveram queda de 29% e os exames de próstata caíram 25%. No período, também tiveram redução os exames de câncer de pulmão (23%) e câncer colorretal (25%).
Sobre Ramon Andrade de Mello
Pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), Ramon Andrade de Mello tem doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal).
O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Além disso, Ramon tem título de Fellow of the American College of Physician (EUA) e é Coordenador Nacional de Oncologia Clínica da Sociedade Brasileira de Cancerologia, membro da Royal Society of Medicine, London, UK, do Comitê Educacional de Tumores Gastrointestinal (ESMO GI Faculty) da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (European Society for Medical Oncology -- ESMO), Membro do Conselho Consultivo (Advisory Board Member) da Escola Europeia de Oncologia (European School of Oncology -- ESO) e ex-membro do Comitê Educacional de Tumores do Gastrointestinal Alto (mandato 2016-2019) da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (American Society of Clinical Oncology -- ASCO).
Dr. Ramon de Mello é oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.
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