O caso do jogador de vôlei, Douglas Souza, da tenista número 1 do mundo, Ashleigh Barty, e recentemente do surfista Gabriel Medina coloca novamente os holofotes para as condições emocionais dos atletas, e como a terapia é fundamental para contribuir com o desenvolvimento e a confiança dos mesmos.
Para algumas pessoas a mente está intimamente atrelada ao físico, e nestes casos os problemas psicológicos podem refletir em dificuldades físicas, como pudemos observar nesses últimos tempos, com o mais recente caso do jogador Douglas Souza, campeão olímpico em 2016 e destaque nos jogos de Tóquio, que anunciou sua aposentadoria da Seleção Brasileira de Vôlei para cuidar da saúde mental. A tenista número 1 do mundo, Ashleigh Barty, também anunciou essa semana sua aposentadoria das quadras, aos 25 anos, alegando não ter mais motivação.
Fortes dentro dos campos de competições e com o físico em perfeito estado, muitos atletas no auge da carreira, estão sentindo a necessidade de priorizar a saúde mental, como é o caso de outras estrelas do esporte como o Gabriel Medina, tricampeão mundial de Surf, Naomi Osaka, número 2 do mundo do Tênis, e Simone Biles, campeã Olímpica, que desistiram das competições para cuidar de sua integridade metal.
Em anuncio em uma rede social, Douglas citou a rotina intensa de treinos e jogos tanto na seleção quanto nos clubes e a falta de tempo a família e os amigos como alguns fatores para aposentadoria da Seleção. “São coisas muito importantes para mim, isso foi piorando até que precisei tratar uma depressão. Chegou um ponto que meu corpo e mente começaram a dar sinais de que eu precisava dar uma diminuída no ritmo”, revelou.
Gabriel Medina por sua vez, abriu mão das primeiras provas no Havaí, competição que inaugurou a temporada 2022. De acordo com a publicação do atleta nas redes sociais, no ano passado, ele viveu uma montanha russa de emoções dentro e fora da água, o que afetou sua saúde mental e física. Ele afirmou que ao final da temporada, estava completamente esgotado e chegou ao seu limite.
Beto Colombo, terapeuta especializado em filosofia clínica, revela que as perturbações da mente, a falta de concentração e autoconfiança, faz com que os atletas não consigam desenvolver seu potencial. E que em casos extremos, os competidores podem ficar doentes antes dos campeonatos ou até mesmo desenvolverem lesões, como anunciou Medina que vem se recuperando de uma lesão no quadril.
Colombo explica como a terapia contribui para o desenvolvimento dos esportistas.
“Em diversos casos o atleta grava uma dor ou dificuldade e o corpo responde ao que a mente tem como informação gravada. Quando trabalhamos o psicológico, abre-se uma perspectiva para que o atleta consiga ir além do que estava por si mesmo condicionado”, afirma.
O terapeuta alerta que diante das competições cada atleta reage de uma forma diferente, e que não é possível determinar qual o tipo de pressão seria negativa aos mesmos, tendo em vista que para alguns é justamente a pressão que lhe faz ser o melhor em sua área.
“Para cada um o efeito da pressão será diferente. Pode trazer dor física com processos somáticos; ou trazer questões emotivas na ansiedade ou depressão; assim como também pode trazer dificuldades na comunicação por se tornarem intensos, entre outras causas”, assegura Beto.
Em cada atleta, pela sua história, o terapeuta consegue entender o que é a pressão e como ela afeta o seu desempenho no esporte. A Filosofia Clínica, como terapia, é uma ferramenta que trabalha cada atleta segundo a sua singularidade, buscando na história de vida dele as ferramentas a partir das quais ele conduzirá as situações, tanto no sentido de encaminhar as dificuldades, quanto para aproveitar todo o seu potencial.
Colombo explica que é possível entender como extrair o melhor de cada atleta, garantindo sua resiliência mental e física, bem como sua segurança psicológica.
O acompanhamento psicológico aliado ao esporte, traz diversos benefícios. O primeiro deles pode ser o autoconhecimento, proporcionando ao atleta a possibilidade de saber trabalhar melhor consigo mesmo nas oportunidades e desafios que se apresentam. Também é possível falar em aumento da capacidade de resiliência, uma vez que a mente pode ter efeito poderoso sobre o corpo na recuperação, tanto entre competições quanto de lesões mais graves. Outro benefício é a melhoria de desempenho por foco e direcionamento da atenção ao que faz no momento, livrando o atleta de misturar a vida pessoal e a profissional.
“Um atleta com acompanhamento físico e mental é um atleta em potencial, com esse preparo ele garante sua estabilidade psicológica na condução da vida e do exercício profissional”.
Sobre Beto Colombo:
O filósofo clínico, Beto Colombo, atua como professor, psicoterapeuta, mentor,
conselheiro empresarial, palestrante e, nas horas vagas, é escritor.
Atualmente é professor titular do curso de pós-graduação em Filosofia Clínica na Unesc e atende como psicoterapeuta em consultório focado em clínicas filosóficas.
É conselheiro empresarial e exerce atividades voltadas para a segurança psicológica e mentoria para empresários, executivos e profissionais liberais. Beto tem formação como conselheiro pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), e foi presidente de empresas por quase 30 anos. É autor de um best-seller com mais de 100 mil cópias vendidas. Publicou 10 livros: entre eles O Velho Bah, Compostela - Muito Além do Caminho de Santiago, A Alma da Empresa - Filosofia Clínica nas Organizações, PPR (Programa de Participação nos Resultados) na Prática, Pensatas - Filosofia no dia a dia, Muito Além do Lucro e o recém-lançado (best-seller) Todo Caminho É Sagrado.