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Entenda como a falta de higiene bucal profissional pode influenciar em doenças cardíacas

3 de Março de 2022

O novo método GBT (Guided Biofilm Therapy) já é considerado um divisor de águas pela classe odontológica

O acesso dos brasileiros à saúde bucal já foi extremamente difícil e limitado na década de 60-70. Com o surgimento de novas técnicas e/ou protocolos de tratamento, os profissionais intensificaram os alertas para a importância do cuidado da saúde da boca e como ela reflete em todo o corpo. Aliado a este propósito, o Ministério da Saúde também passa a reforçar que a higiene bucal adequada e a ida regular ao dentista diminui o risco de desenvolvimento de problemas de saúde.

Entre os cuidados, a higiene bucal profissional é uma das medidas mais importantes que uma pessoa pode adotar para manter seus dentes, gengiva e até o corpo como um todo saudáveis. Para falar sobre este assunto, entrevistamos Maria Fernanda Kolbe, especialista e mestre em periodontia, sócia da Clínica Sorr, em São Paulo. Acompanhe:

Do que é formado o biofilme dentário e por que é importante manter o seu controle em dia?

O biofilme dentário, antigamente chamado de placa bacteriana, se forma na superfície dos dentes. Trata-se de uma massa formada por resto de alimentos, acúmulo de microrganismos e seus produtos que se aderem à superfície dentária. Essas bactérias estão presentes naturalmente na cavidade bucal, mas podem aumentar se a higiene não for realizada adequadamente. O acúmulo de biofilme acarreta doenças como a cárie dentária, a gengivite e a periodontite. Esta última pode até levar à perda dos dentes, por causar reabsorção dos tecidos de sustentação. Por isso, é fundamental manter o controle do biofilme em dia.

O biofilme pode causar mau hálito?

A halitose é, frequentemente, um problema de desequilíbrio da cavidade bucal, seja por excesso de biofilme, inflamações ou infecções. A falta de controle do biofilme dental causa um aumento da decomposição bacteriana de material orgânico na cavidade bucal. É importante ressaltar que a maior causa de mau hálito vem da boca e não do estômago, como muitos podem imaginar. Além disso, podem gerar halitose os cáseos amigdalianos (bolinhas brancas presas na amigdalas formadas por restos de alimentos e saliva) e a amigdalite, doença infecciosa que causa inchaço nas amígdalas, forte dor de garganta, dificuldade para engolir e febre.

A falta de uma limpeza dental profissional pode afetar o organismo em geral e provocar doenças além das que ocorrem na boca?

A negligência com a saúde bucal tem impacto sim na saúde sistêmica. Vários estudos mostram que a doença periodontal aumenta risco de infarto, parto prematuro, bebês de baixo peso ao nascer, Alzheimer, doenças cardíacas, infertilidade, complicações respiratórias entre outras comorbidades. Além disso, a periodontite pode agravar a diabetes, e vice-versa: a diabetes descontrolada aumenta a inflamação e destruição dos tecidos ao redor do dente, acelerando sua perda.

Quais os métodos mais eficazes para o controle do biofilme dentário?

O meio mais eficaz para controlar o biofilme dental é a escovação eficiente e uso de fio/fita dental, adequados a cada situação (escova tradicional, escova unitufo, escova interdental, passa-fio etc.). Os hábitos de higiene oral devem ser diários, adaptados a cada indivíduo e às suas necessidades e deverão ser orientados pelo odontologista.

A anatomia dentária, a posição dos dentes na cavidade oral, a dificuldade de acesso e também o uso de próteses e aparelhos fixos obriga à adesão de limpeza profissional dos dentes. Os métodos mais comuns são: profilaxia com borrachas ou escovas e pastas profissionais, jatos abrasivos, raspagem e aplanamento radicular, limpeza periodontal, instrumentos sônicos ou ultrassônicos. Mas, o que vem sendo aplicado e com muito sucesso é o método GBT (Guided Biofilm Therapy).

Na sua opinião qual a importância de um protocolo como a GBT, que evidencia e revela o biofilme para o paciente e para o profissional?

O principal objetivo da GBT é oferecer um tratamento suave e eficaz, com foco na eficiência dos resultados e no conforto dos pacientes, porque remove o biofilme dental de forma confortável, prevenindo diversas doenças e identificando o local exato em que a limpeza precisa acontecer. Este novo protocolo é o mais eficiente na atualidade porque é menos abrasivo e proporciona maior preservação dos tecidos e da dentina.

Baseado em sua experiência de uso do protocolo GBT, como tem sido a satisfação dos seus pacientes? Quais os comentários mais comuns que eles fazem após a sessão?

Ainda não completei um ano que estou aplicando a GBT em meus pacientes, mas os resultados e a satisfação deles é fantástica. Com este protocolo, os pacientes ficaram chocados ao ver o quanto o dente estava sujo, porque a GBT dá a possibilidade do paciente visualizar, de modo personalizado, o biofilme revelado em duas cores, diferenciando a placa mais antiga da mais recente. Nos métodos que eram aplicados antes não era possível evidenciar a situação para o paciente e, consequentemente, eles não eram influenciados de como a falta de higiene profissional era tão primordial para a qualidade da saúde bucal.

Outro ponto muito importante é o conforto na realização do procedimento. Sem dor, de modo mais eficiente e mais satisfatório, a GBT proporciona uma excelente experiência ao paciente de modo que ele siga o seu regime de retorno para a nova limpeza de acordo com a avaliação de risco de sua saúde bucal. Desta forma, a GBT, além, da profilaxia dental profissional, proporciona a manutenção da saúde bucal do paciente.

Como a GBT tem impactado sua prática dental neste ano de trabalho com este novo protocolo?

Pela minha experiência e dos meus pacientes, posso afirmar que a GBT é um divisor de águas. É um método indolor e oferece maior bem-estar para o paciente que fica motivado, pois o evidenciador preconizado pela metodologia permite identificar em cores diferentes o biofilme mais recente e mais antigo demonstrando onde precisa melhorar a higienização. Enquanto para o profissional, facilita a profilaxia direcionada.

Já do ponto de vista financeiro, também é muito vantajoso. Antes, em minha prática clínica, como periodontista, precisava anestesiar 50% dos pacientes quando aplicava o protocolo que desenvolvi para dar mais conforto a eles. Hoje, com a GBT preciso anestesiar apenas 2% deles, que são casos de extrema sensibilidade. Antes, um tratamento convencional levava em média 90 minutos e com este novo protocolo desenvolvido pela EMS, Electro Medical Systems, a terapêutica é realizada em 60 minutos. Isto demonstra um ganho significativo tanto para o paciente, que fica menos tempo no consultório, como para o especialista que pode atender mais pacientes para realizar o mesmo tipo de tratamento.

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