Parceria com a House of Zion e o Coletivo AMEM realiza programação com pocket show da artista paraibana Bixarte e uma ball com 18 categorias. Essa é a terceira ball recebida pela Casa Natura Musical, reforçando o compromisso e atuação do equipamento cultural em iniciativas que vizibilizem a comunidade LGBTQIA+
Atenção: Para ingressar na Casa Natura Musical, será obrigatória a apresentação da carteirinha de vacinação contra COVID-19 atualizada com no mínimo duas doses ou reforço. Durante toda a permanência na Casa, será obrigatório o uso de máscara PFF2/N95 ou cirúrgica. Todos os artistas e equipes farão testes antes das apresentações. Se você tiver ingresso e apresentar sintomas de COVID-19, ainda que leves, ou tiver tido contato recente com alguém que testou positivo próximo à data do show, orientamos a não comparecer e a contatar o nosso atendimento via e-mail para mais informações.
Bixarte |
Foto - Pedro Bayeux |
No dia 12 de março, sábado, a partir das 20h, a Casa Natura Musical recebe a quinta edição da Ball Vera Verão 2022 realizada pela House of Zion e o Coletivo AMEM. A inspiração para o tema foi a frase da icônica escritora estadunidense Alice Walker: “Tempos difíceis exigem danças furiosas. Cada um de nós é prova disso”. A entrada é gratuita, realizada mediante retirada de ingresso pelo Sympla, e a inscrição para participar de cada categoria é feita no local, seguindo temas e especificações de cada uma. A Ball é formada por categorias de dança, de beleza e outras comportamentais, apresentando performances cheias de vigor e originalidade. Muitas pessoas vêm de fora de São Paulo para competir.
Antes da ball, que contará com 18 categorias que homenageiam pessoas pretas e trans, a cantora e poetisa paraibana Bixarte faz um pocket-show de abertura. O evento será uma grande celebração das vidas de pessoas negras, LGBTQIAP+, latinas e periféricas, que, com grande criatividade e uma dança furiosa, resistem às muitas formas de extermínio por meio da Cultura Ballroom. Este é o quinto ano do evento, que já faz parte do calendário cultural de São Paulo.
O nome Vera Verão é em homenagem a Jorge Lafond – ator, comediante e dançarino que deu vida à drag queen preta mais popular da televisão brasileira. “Esta personagem é, para nós, um ícone de visibilidade e representatividade da identidade negra LGBTQIA+ na cultura popular brasileira. Ajudou a construir imaginários e abrir caminhos para corpos diversos na sociedade. A ball busca fugir de estereótipos que caricaturam a existência dessas identidades, e dá a oportunidade de ressignificar memórias e experiências através da performance”, explica Flip Couto idealizador do Coletivo AMEM, membro da House of Zion e legendary na cena Kiki Ballroom.
Flip Couto detalha a importância da Ball e deste tema no momento histórico que o país vive: “A Ballroom é formada por pessoas que sempre tiveram seus corpos atravessados por múltiplas violências, e que sempre resistiram com arte, irreverência e inovação. Dentro da Ball, celebramos nossas vidas e esses corpos que historicamente são exterminados. Abrir o ano com essa celebração é uma oportunidade de nos retroalimentarmos com a esperança e a energia que precisamos ter diariamente pra não sucumbir”.
Bixarte na Casa
Antes das competições da Ball, a cantora, compositora e poeta marginal Bixarte apresentará um show na Casa, fortalecendo ainda mais a conexão entre a cena Ballroom de São Paulo e do Nordeste. Bixarte também é parte da cena em João Pessoa, na Paraíba, e destaca a importância deste evento para a comunidade: "Precisamos falar desse evento como uma potência transformadora. Reunir travestis, pessoas não-binárias, pessoas pretas, a comunidade LGBTQIAP+ dentro de um evento como esse e com um show meu é reafirmar que estamos em um processo de descolonização e de empoderamento do nosso povo enquanto quilombo e não mais como senzala. A gente está se reunindo não mais para sentir dor, e sim, para festejar e comemorar nossa vida, e nossa vida em abundância".
Para a ball, a artista traz um show extremamente performático, cantando músicas do novo álbum que, inclusive, foi contemplado pela Natura Musical. "Quando recebi o convite nem acreditei! Fiquei super feliz, fiquei imaginando as possibilidades que a gente não tinha e hoje a gente tem, de poder cantar em um evento como esse em uma casa como a Natura", relata.
O que é Ballroom?
A história da Cultura Ballroom remete às drag balls (bailes drags) que aconteciam desde o início do século XIX (1842-1869). Com o Harlem Renaissance (Renascimento do Harlem, bairro nova iorquino historicamente ocupado por moradores de origem afro-americana) entre 1920 e 1930, bailes de máscaras aconteciam com frequência em locais como o Palácio Rockland e o Savoy Ballroom, com milhares de pessoas assistindo e prêmios concedidos para os melhores trajes.
Mas a comunidade ballroom vai surgir, com a estrutura que conhecemos hoje, no final da década de 1960-1970. Um marco desse momento pode ser visto no documentário The Queen (1968), em que Crystal LaBeija, pessoa preta, não aceita ter perdido o concurso de beleza de drag queens para pessoas brancas, e resolve se manifestar. Ela criou então a House of LaBeija, primeira com esse formato, inaugurando esse espaço tão fundamental que são as houses. Esse processo aconteceu nas periferias de Nova York, e as houses se tornaram potentes ferramentas de engajamento comunitário, promovendo entretenimento, empoderamento, acolhimento e exaltação de pessoas negras, latinas, LGBTQIAP+ e soropositivas.
O que é uma Ball?
As Balls (bailes) desde sempre foram esse espaço de apoio, acolhimento e proteção, nas quais várias performances são realizadas em formato de batalhas, com categorias dançadas e categorias comportamentais. Mas são, acima de tudo, é o lugar em que pessoas marginalizadas recebem afeto, aplausos, e reconhecimento por serem quem são. Onde seus corpos, que sempre foram alvo do extermínio de países ao redor do mundo, podem se expressar livremente.
Elas são o grande momento em que a comunidade ballroom se encontra para homenagear membros, realizar apresentações e concursos divididos em diferentes categorias, incluindo a dança/performance “Vogue”, elemento de grande visibilidade que atraiu olhares de diversos lugares para essa cultura revolucionária.
Sobre a Vera Verão
Idealizada pelo Coletivo AMEM em parceria com a House of Zion Brasil, a Ball Vera Verão teve sua primeira edição em 2017 no icônico clube A Loka e trouxe a personagem homônima como inspiração e tema. Em 2018, no quilombo urbano Aparelha Luzia, “Os anos 1990” foi o tema para as 12 categorias. “Revoluções por direitos civis” foi o tema de 2019, no Centro Cultural Rio Verde. A última edição foi realizada em 2020, na quadra da Camisa Verde e Branco, antes da pandemia de Covid-19, sob o premonitório tema “Distopia Ballroom”, consolidando-se como parte do calendário cultural da cidade.
A programação envolve mesas, oficinas, intercâmbios e trocas de experiências protagonizadas por pessoas pretas LGBTQIAP+, que visam promover reflexões sobre questões de gênero, classe, raça e saúde em busca de fortalecer redes e instrumentalizar lideranças comunitárias do Brasil e da América Latina.
Sobre a House of Zion
House criada em Nova York por Pony Zion em 2008 e que abriu um Chapter (capítulo) no Brasil em 2016 durante a residência Explode. Trata-se de um coletivo negro, latino, periférico, LGBTQIAP+ que aborda discussões sobre gênero, sexualidade, racialidade, prevenção e cuidado a pessoas que vivem com HIV/AIDS através dos mecanismos da Comunidade Ballroom. O coletivo conta com ações afirmativas através de Balls, performances, ações sociais e culturais utilizando-se de música, dança e palestras.
Com a maioria de membres em São Paulo e Brasília, hoje a house já conta com pessoas em outros estados como Rio de Janeiro, Alagoas e Amazonas. Liderada pela Mother (mãe) Maria Eduarda Kona Zion e o Father (pai) Félix Pimenta Zion, a house procura trazer cada dia mais representatividade, educação, saúde, e empregabilidade à comunidade LGBTQIAP+ dentro da Ballroom.
Conheça o Coletivo AMEM
Coletivo LGBTQIAP+ de artistas, produtores e intelectuais negros e negras que entende as ações realizadas como experiências que estimulam o desenvolvimento cognitivo dos indivíduos e a construção de redes de colaboração e afeto. Com características multiartísticas, busca provocar, causar, instigar e fazer pensar o mundo a partir de uma nova perspectiva, enfrentando o racismo estrutural e seus impactos sociais na vida.
Através de estímulos positivos, as ações do coletivo fomentam o processo de formação, sensibilizando e mobilizando núcleos transformadores e de difusão do conteúdo relacionado às políticas de ações afirmativas. Suas atividades visam à divulgação de estratégias de trabalho e reconhecimento das múltiplas formas de manifestação intelectual para a promoção do debate interseccional abordando raça, classe, gênero, sexualidade e saúde.
Uma de suas principais ações é a Festa Amem, que foi eleita como a melhor festa de 2017 pelo Guia da Folha. A festa surge em 2016 a partir do desejo e necessidade de criar espaços de acolhimento, diálogos e trocas de grupos de pessoas interessadas em discutir e promover mudanças sociais através da arte. A festa se transformou em plataforma artística-política multi-linguagem onde artistas negros emergentes apresentam seus trabalhos de identidade que dão luz a diversas discussões. Esse espaço possibilitou encontros e conexões de pessoas que tinham desejos em comum e que deu origem, de uma forma orgânica, ao Coletivo AMEM.
Com a proposta de criar protagonismos, dar voz e visibilidade para a comunidade negra, feminina e LGBTQIAP+, a festa traz um ambiente inclusivo, onde a arte negra é pensada como linguagem de tradução de conhecimentos.
Por que fúria?
James Baldwin certa vez disse: “Ser negro e relativamente consciente é estar quase sempre com raiva”. Da raiva para a fúria, basta viver no Brasil. É o transporte público que não funciona, a educação em desmonte, a cultura sem investimento, desemprego disparando e a única coisa que segue funcionando a todo vapor é o extermínio dos povos indígenas, pretos, LGBTQIAP+ e periféricos. Mas se teve uma coisa que esses povos sempre foram capazes de fazer é resistir por meio da arte, e encontrar beleza até no meio dessa luta permanente por suas próprias vidas.
Corpos residentes nos territórios atravessados pelas opressões de raça e classe precisam batalhar dentro e fora dos palcos. Sabem que “resistência” não é só conceito social, mas também força física para sobreviver às muitas investidas contra sua integridade física. São danças vigorosas, “furiosas”, que exigem condicionamento físico e que por isso preparam esses corpos inclusive para confrontos corporais. Mas sem toque, sem violência, sem morte. Pelo contrário: com vida, muita vida, muita energia e disposição para trocar com a pessoa “adversária”, que enfrenta as mesmas batalhas. É uma troca. E é essa troca que permite que a fúria se transforme em dança, e os tempos difíceis em danças furiosas.
Casa Natura Musical
Inaugurada em maio de 2017, a Casa Natura Musical é palco de diferentes ritmos, movimentos e artistas de todo Brasil. Mais que uma casa de shows, a Casa atua como um equipamento cultural que promove reflexões com o público em busca de um mundo mais plural, e sustentável, através de shows, eventos especiais, mostras de arte digital e conteúdos nos seus canais de comunicação. O espaço fica localizado no bairro de Pinheiros em São Paulo, e seus conteúdos ultrapassam os limites geográficos dos canais digitais para Brasil e mundo.
Sobre Natura Musical
Natura Musical é a plataforma de cultura da marca Natura. Desde seu lançamento, em 2005, o programa investiu cerca de R$ 174,5 milhões no patrocínio de mais de 518 projetos - entre trabalhos de grandes nomes da música brasileira, lançamento e consolidação de novos artistas e projetos de fomento às cenas e impacto social positivo. Os trabalhos artísticos renovam o repertório musical do País e são reconhecidos em listas e premiações nacionais e internacionais. Em 2020, o edital do Natura Musical selecionou 43 projetos em todo o Brasil e promoveu mais de 300 produtos e experiências musicais, entre lançamentos de álbuns, clipes, festivais digitais, oficinas e conferências. Em São Paulo, a Casa Natura Musical se tornou uma vitrine permanente da música brasileira, com uma programação contínua de lives, performances, bate-papos e conteúdos exclusivos, agora digitalmente.
Serviço
Ball Vera Verão Furiosa 2022
Dia 12 de março, sábado, a partir das 20h
Entrada Gratuita mediante retirada de ingresso pelo Sympla
Programação
21h30 Show de Abertura Bixarte
22h30 Ball Vera Verão Furiosa 2022 | "Tempos difíceis exigem uma dança furiosa", Alice Walker
23h15 Categorias Abertas
Baby Vogue - Tema: Maravilha
Body - Tema: Corpas Pretas
NB Vogue Performance - Tema: Bohemia Transviade
Joga a Raba - Tema: Vai Lacraia!
Trans Face - Tema: Rany Mercês
Samba no Pé - Tema: Mercedes Baptista
Vogue New Way - Tema: Dzi Croquettes
Womens Performance - Tema: Rosas Negras
Tag Team Runway - Tema: - Elegância Periférica
2h intervalo
Bizarre - Tema: Carnaval
Vogue Old Way - Tema: Revelations
Butch Queen vs Twister - Tema: Vera Verão vs Jorge Lafond
Transmasculine/o Realness - Tema: Demetrio Campos
Best Dressed - Tema: O mais belo dos Belos
Team Vogue Performance - Tema: Vogue Evolution
Comentator X Comentator - Tema: Pretuguês
Femme Queen Performance - Tema: Zion Queens
Team Face - Tema: All Black
4h20 Categorias Fechadas
5h Fim do Evento
CASA NATURA MUSICAL
Rua Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros, São Paulo
www.casanaturamusical.com.br
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