Tânia Lacerda, de 55 anos, diz que precisou "gritar ao mundo" sobre a felicidade de ter de separado
Buzinas, gritos e o som de latinhas batendo no asfalto preencheram as ruas de Ceilândia-DF na noite da última terça-feira (25). Dentro de um Ford Ka preto, a mulher comemorava a liberdade recém adquirida. Em rosa, nos vidros do carro, as palavras: “Enfim, divorciada”, eram recebidas por aplausos de vizinhos e curiosos que tentavam descobrir o motivo de tanto barulho. As informações são do site Metrópoles.
Foi logo após a notícia de que seu casamento de 36 anos e 8 meses tinha, enfim, acabado que Tânia Lacerda, de 55 anos, precisou “gritar ao mundo” sobre sua “libertação”.
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| “Precisava gritar para os quatro cantos do mundo que estava liberta de muita coisa que eu passei”, disse aos prantos.| Foto: Instagram |
Os curiosos não imaginam que a técnica de enfermagem aposentada do Hospital de Base aguentou ameaças, agressões e muito medo dentro de um relacionamento abusivo com o ex-marido. “Eu tinha muito medo do que poderia vir a me acontecer. Essa minha insegurança me levou por tantos anos. Escondi muitas coisas da minha própria família. Como eu me permiti que tanta coisa de ruim acontecesse comigo?”, disse ela.
O vídeo, divulgado pela própria Tânia em seu perfil no Instagram, simboliza uma vitória contra o medo de tornar-se a próxima vítima de feminicídio no DF. Confira abaixo:
A separação do casal e início do processo de divórcio ocorreu em fevereiro do ano passado. Segundo conta a aposentada, o ápice dos problemas ocorreu em uma noite de sexta-feira, após o então marido chegar em casa bêbado.
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| “Infelizmente, chegou num ponto que eu não queria que chegasse e isso me deu coragem. Ver casos de feminicídio [na mídia] também me deu forças para tomar essa atitude”, relata. | Foto: Instagram |
Ele estava nitidamente alterado e começou a “arrumar confusão”. A agressão depois do álcool era reagente comum na vida do casal. O filho de 21 anos, o caçula, presenciando o início das agressões fingiu que iria tomar banho naquele dia. O intuito dele, na verdade, era ouvir com clareza as ameaças. Depois de um tempo, o filho desligou o chuveiro e saiu do banheiro enrolado na toalha, quando encontrou o pai apertando o braço da mãe na cozinha de casa. O jovem pediu para que ele a soltasse, mas não foi atendido. Ele, então, tentou desvencilhar a Tânia do agressor, que, por sua vez, empurrou-a contra a pia antes de revidar. “Como eu deixei chegar neste ponto?”, lamenta a mulher.
Após o episódio, Tânia foi à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) com o filho a fim de prestar queixa contra o ex-marido e também compareceu ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito.
A filha do casal, Valdecila Luíza Lacerda, de 36 anos, diz que sempre acreditou que a mãe tivesse diversos motivos para se separar. “Ele a ameaçou colocando uma faca contra sua barriga enquanto ela estava grávida do meu irmão”, relembra.
“Não aceito que uma mulher passe pelo que ela passou por uma vida toda. Estou muito feliz e muito triste porque não queria ver o fim da união dos meus pais como filha”, completa.