Viver - Saúde

Nova via de terapia genética pode nos proteger do câncer cerebral e da demência

13 de Janeiro de 2022

Pesquisadores da Universidade de Sheffield descobriram uma nova via de terapia genética que tem o potencial de nos proteger contra doenças graves que limitam a vida, como câncer e demência. Estudo foi publicado em setembro na Nature Communications

Tumor cerebral

Pesquisadores da Universidade de Sheffield descobriram uma nova via de terapia genética que revelou um importante mecanismo regulatório para manter nosso genoma saudável. Essa via tem o potencial de nos proteger contra doenças graves que limitam a vida, como câncer e demência. “Câncer e neurodegeneração são dois grandes desafios de saúde que afetam atualmente a população e constituem os dois lados da mesma moeda - um é causado pela proliferação celular descontrolada devido a danos no genoma e o outro é causado por danos excessivos ao genoma que causam a morte celular. Essa nova via afeta a ambos e oferece novas oportunidades terapêuticas para ajudar na luta contra as doenças”, diz o Dr. Gabriel Novaes de Rezende Batistella, médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Publicada na Nature Communications, a pesquisa descobriu que quando as células em nosso corpo leem DNA para construir proteínas, elas frequentemente cometem erros que podem danificar nosso genoma, causando doenças como câncer e demência. “No entanto, ao investigar como as células corrigem danos no DNA para nos manter saudáveis, os cientistas descobriram os benefícios de três proteínas trabalhando juntas como uma equipe. As três proteínas, chamadas USP11, KEAP1 e SETX, recebem instruções de seu treinador para direcionar sua função no espaço e no tempo com notável harmonia, para manter nosso DNA saudável”, completa.

Ao compreender como as células se protegem desses erros e, assim, evitando doenças, os cientistas são capazes de modificar o comportamento dessas proteínas para promover a saúde e o bem-estar das pessoas, segundo o Dr. Gabriel. “As descobertas deste estudo permitirão aos cientistas desenvolver testes de diagnóstico e drogas para direcionar uma ou mais das proteínas no caminho para a detecção precoce e tratamento de certos tipos de câncer, incluindo os cerebrais, e doenças neurológicas. Espera-se que o desenvolvimento de novos medicamentos para regular o nível de uma ou mais dessas proteínas ofereça novos tratamentos para o câncer e a demência”, diz o médico.

Segundo o médico, as descobertas são importantes e significativas. “Isso porque agora estamos no estágio em que poderíamos fazer medicamentos para controlar essa modificação. Isso seria útil para matar células, que é o que fazemos quando tratamos o câncer de idosos. A outra aplicação seria reduzir o nível de danos ao genoma, o que poderia ser benéfico para outras doenças associadas ao envelhecimento, como a demência”, diz o médico.

O trabalho faz parte da pesquisa realizada no Healthy Lifespan Institute da University of Sheffield e no Neuroscience Institute. “Esperamos que novos estudos sejam feitos com o objetivo de confirmar essa nova terapia”, finaliza o neuro-oncologista.

FONTE:

*DR. GABRIEL NOVAES DE REZENDE BATISTELLA: Médico neurologista e neuro-oncologista, membro da Society for Neuro-Oncology Latin America (SNOLA). Formado em Neurologia e Neuro-oncologia pela Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, hoje é assistente de Neuro-Oncologia Clínica na mesma instituição. O médico é o representante brasileiro do International Outreach Committee da Society for Neuro-Oncology (IOC-SNO).

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