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Vacinas contra COVID-19 não provocam abortos espontâneos, aponta estudo

3 de Janeiro de 2022

Estudo recente publicado na revista médica The New England Journal of Medicine não encontrou relação entre a vacina contra o Coronavírus e um maior risco de perda precoce da gravidez, assim reforçando a segurança da vacinação em gestantes.

Foto: Divulgação

As campanhas de vacinação contra o Coronavírus estão a todo vapor ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, 51% da população já está totalmente imunizada. Ainda assim, muita desinformação relacionada à vacina ainda é disseminada pela internet, o que pode fazer com que algumas pessoas fiquem receosas em participar das campanhas de imunização. Por exemplo, recentemente vem circulando nas redes sociais uma informação de que as vacinas contra o Coronavírus poderiam ser a causa de abortos espontâneos. Porém, de acordo com um estudo publicado em 20 de outubro na revista médica The New England Journal of Medicine, isso não é verdade. “Esse novo estudo apontou não existir relação entre a vacinação em mulheres grávidas e o aumento do risco de aborto espontâneo, conclusão que reforça a segurança da vacinação em gestantes e o que a comunidade cientifica já vem alertando há algum tempo: não há motivos para que mulheres grávidas ou tentantes deixem de se vacinar, já que a vacinação contra a Covid-19 é perfeitamente segura nesses casos e não receber a vacina supera o risco de ser vacinado, seja previamente ou durante a gravidez”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.

Para chegar a essa conclusão, a pesquisa incluiu dados, retirados dos registros de saúde noruegueses, de 13956 gestantes e 4521 mulheres que sofreram abortos espontâneos, sendo que, desses grupos, 5.5% e 5.1%, respectivamente, foram vacinadas contra Covid-19 com um dos imunizantes disponibilizados no país: Pfizer, Moderna ou AstraZeneca. “Apesar das limitações do estudo, os pesquisadores, após compararem a quantidade de gestantes vacinadas que chegaram ao fim do 1º trimestre de gestação com a quantidade de mulheres que sofreram com aborto espontâneo nesse período, puderam concluir que a vacinação contra Covid-19 não aumenta as chances de aborto espontâneo”, diz o médico.

Ou seja, a recomendação ainda é que grávidas e tentantes participem das campanhas de vacinação normalmente. E, em casos de aborto espontâneo, não adianta culpar a vacina e disseminar informações incorretas. O mais importante é buscar um médico especialista para passar por uma avaliação e identificar a real causa do problema, assim recebendo o tratamento adequado para garantir que o casal possa realizar o sonho de ter um bebê. “Ocorrendo em 20% das gestações, o aborto espontâneo é caracterizado pelo fim da gestação antes da 22ª semana devido a morte do feto. Geralmente, os sintomas mais comuns do aborto espontâneo são dor abdominal forte e sangramento vaginal”, explica o Dr. Rodrigo. “Na maior parte dos casos, a causa dos abortos espontâneos não têm relação com a saúde da gestante, ocorrendo devido a uma alteração cromossômica do embrião que faz com que este não se desenvolva corretamente, sendo assim rejeitado pelo organismo. Os outros casos de aborto, por sua vez, estão geralmente ligados a saúde da mulher, podendo ocorrer devido a maus hábitos de vida ou problemas no útero, alterações hormonais, infecções e doenças autoimunes e da tireoide”, afirma.

Visto que a maior parte dos casos ocorre por fatores genéticos, a melhor alternativa é geralmente a fertilização in vitro, na qual o material genético colhido da mulher (óvulo) e do homem (espermatozoides) são fecundados em laboratório e posteriormente o embrião é transferido para o útero, onde se implantará e desenvolverá a gestação. “Isso porque a fertilização in vitro permite que os óvulos sejam fecundados em laboratório e os embriões sejam avaliados por meio de exames genéticos. Dessa forma, apenas os embriões saudáveis e que não apresentam alterações cromossômicas são selecionados e implantados novamente no útero, o que reduz significativamente o risco de aborto”, destaca o especialista.

De acordo com o médico, a Fertilização in Vitro é dividida em quatro partes: estimulação ovariana; captação dos óvulos e espermatozoides; fecundação assistida; e transferência dos embriões. E o procedimento possui altas taxas de sucesso, com chance de gravidez de 50 a 60%. “No entanto, o índice de sucesso do procedimento pode variar de paciente para paciente, já que depende de fatores como idade da mulher, histórico de saúde e causa da infertilidade apresentada pelo casal. Por exemplo, quanto mais nova a mulher, mais chances de obter sucesso no procedimento, sendo que mulheres com menos de 30 anos têm até 70% de chances de engravidar em uma única tentativa de FIV. Logo, antes de optar pelo tratamento, é importante que a paciente se informe com o médico sobre as possibilidades e as chances de sucesso do procedimento especificamente em seu caso”, finaliza o Dr. Rodrigo Rosa.

Fonte: Dr. Rodrigo Rosa - Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.

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