Excesso de peso é tão prejudicial para o surgimento de câncer quanto o tabaco, e pode ser fator de risco para mais de 13 tipos de tumores. Brasil atualmente tem 27 milhões de pessoas obesas
Danielle Laperche, médica oncologista. | Foto: Divulgação |
A obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que serão enfrentados nos próximos anos e, segundo estudo feito pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o gasto com casos de câncer relacionados à obesidade entre adultos foi de R$ 1,4 bilhão, 40% do gasto total de R$ 3,5 bilhões aplicados em 2018 no tratamento da doença na rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Brasil tem cerca de 27 milhões de pessoas consideradas obesas, que somadas ao total de indivíduos com sobrepeso, chega a quase 75 milhões.
“O tecido adiposo é composto por células que além de armazenarem gorduras produzem substâncias inflamatórias e hormônios que em excesso levam a um estímulo exagerado ao crescimento de outras células. Isso gera um estado de inflamação crônica que associado a hormônios estimuladores em níveis aumentados, eleva as chances de células cancerígenas serem formadas causando o surgimento de um tumor. De acordo com alguns estudos, quando falamos de causas que favorecem o surgimento do câncer, a obesidade tem uma importância hoje semelhante ao tabaco”, explica a médica oncologista Danielle Laperche.
De acordo com dados de 2019 da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 55,4% dos adultos estão acima do peso (IMC igual ou maior que 25) e quase 20% já está obeso (IMC igual ou maior que 30). Em Goiânia, 20,6% dos homens e 18,6% de mulheres sofrem com a obesidade. O risco de desenvolver tumores já começa em pessoas com sobrepeso e aumenta progressivamente com o aumento do peso.
A obesidade está associada a vários tipos de câncer como endométrio, mama, cólon, rim, esôfago, fígado, pâncreas, linfoma e mieloma. Nas mulheres, os impactos são ainda maiores e pode piorar prognósticos como os do câncer de mama. No câncer de endométrio, por exemplo, quanto maior for o IMC, maior é o risco de morte e as comorbidades associadas à obesidade, principalmente o diabetes, também somam para esse risco.
“De modo geral, a obesidade está relacionada ao aumento da mortalidade, que pode chegar a 14% em homens e 20% em mulheres, além de piorar a resposta ao tratamento oncológico e aumentar também os riscos de complicações pós-operatórias (infecção e linfedema), a toxicidade dos quimioterápicos e a incidência de comorbidades e de recidiva do câncer em sobreviventes”, explica a médica oncologista.
Cálculo do IMC
Para calcular o IMC, é preciso calcular a relação entre peso e altura. Na prática, o jeito mais fácil é multiplicar sua altura por dois e depois dividir seu peso por esse valor (IMC = peso / altura²). O resultado deve ser comparado aos valores abaixo:
- Entre 18,5 e 24,9 = peso normal
- Entre 25 e 29,9 = sobrepeso
- Entre 30 e 34,9 = obesidade grau I
- Entre 35 e 39,9 = obesidade grau II
- Mais do que 40 = obesidade grau III