Pró-hormônio é essencial para o desenvolvimento dos ossos; baixos níveis podem levar ao retardo de crescimento durante a infância e maior risco de fraturas na vida adulta
A vitamina D é importante em todas as idades, mas na infância têm papel de destaque. Ela mantém os bons níveis de cálcio, é essencial para o esqueleto ósseo, formação dos dentes e atua como pró-hormônio na modulação do sistema imune e proteção contra infecções.
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A hipovitaminose D é comum em lactantes, bebês prematuros e também em crianças e adolescentes. Nos períodos de crescimento acelerado do esqueleto ósseo, lactantes 0-12 meses e adolescentes 9-18 anos são os mais vulneráveis. Nos adolescentes acrescenta-se o fato de estarem no período de formação do pico de massa óssea.
De acordo o médico Odair Albano, obstetra e consultor em saúde, apesar da exposição ao sol ser a principal fonte de vitamina D, ela é limitada nas crianças. Também é comum a prevalência de hipovitaminose D não corrigida pela alimentação, já que o micronutriente está presente em pequenas quantidades nos alimentos. Sabendo disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) orientação sobre a necessidade e indicação formal de suplementação de vitamina D.
“A falta desses dois micronutrientes, dependendo da gravidade e duração, pode ser assintomática ou se manifestar com atraso do crescimento e desenvolvimento, irritabilidade, dores ósseas e, quando prolongada, é um risco aumentado para raquitismo em crianças e osteomalácia em adolescentes e adultos”, explica o especialista.
E como ficam os bebês?
Bebês em aleitamento materno exclusivo também precisam suplementar vitamina D? Segundo o especialista, nestes casos, o ideal é seguir a recomendação atual da SBP: “Ela indica que sim, todos os bebês devem receber suplementação de vitamina D, o que chamamos de suplementação universal até os dois anos de idade”.
Para recém-nascidos, a recomendação da SBP é a de suplementação de 400 UI de vitamina D/dia, a partir da primeira semana de vida até 12 meses. Para os prematuros, deve ser iniciada em recém-nascidos com mais de 1.500 gramas e tolerância à ingestão oral. A suplementação de 600 UI/dia é indicada para crianças dos 12 aos 24 meses, inclusive bebês em aleitamento materno exclusivo.
Ainda que bem suplementados, é importante oferecer para o pequeno uma alimentação colorida, saudável e balanceada composta também de alimentos que contenham vitamina D, como sardinha, salmão e atum, gema de ovo, leite e derivados. Mas, vale destacar que a dieta por sí só é capaz de suprir apenas 10 % das necessidades diárias, segundo o especialista.
“Levar a criança para brincar ao ‘ar livre’ aumenta a exposição ao sol e produção pela pele de vitamina D”, explica o médico. Mas, o uso de protetor solar é indispensável para evitar queimaduras, o que reduz a produção da vitamina. A Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria orientam evitar a exposição direta ao sol em crianças abaixo de seis meses. De seis meses e dois anos, o uso de filtros “baby” e maiores de dois anos os “filtros infantis”.
Diante de tantas limitações a suplementação de vitamina D é recomendada no Brasil para todas as crianças da primeira semana de vida até os dois anos de idade. A consulta regular ao pediatra é importante para uma adequada orientação sobre a alimentação, exposição solar e uso de suplementos de vitamina D pela criança, finaliza.
Bibliografia
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Deficiência de vitamina D em crianças e adolescentes, 2014.
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