Cultura - Educação

Vozes negras importam: 16 histórias para entender o preconceito racial

1 de Dezembro de 2021

Seleção apresenta obras que retratam as muitas realidades do negro no Brasil e discutem temas como intolerância religiosa e racismo estrutural

Antirracismo, colorismo, negritude e racismo estrutural são alguns dos termos relacionados às causas negras que ganharam destaque nas rodas de conversas nos últimos anos. Via de regra, são os escritores e pensadores negros que produzem conteúdo para sanar dúvidas e oferecer mensagens de esperança para quem sofre com o preconceito racial ou quer se tornar um aliado da causa.

Mesmo com o debate acalorado sobre estes temas, o espaço para que autores e autoras negras ganhem visibilidade é limitado, especialmente no Brasil. Uma pesquisa de 2012 revelou que 93,9% dos romances lançados por três grandes editoras do país, entre os anos de 1990 e 2004, eram de autores brancos. E em 56,6% destas obras não havia nenhum personagem racializado.

Estes dados mostram a importância de valorizar os autores negros que levantam a voz contra a violência racial, o preconceito religioso, o machismo, a homo e transfobia e outras formas de intolerância. Abaixo você encontra uma lista com audiolivros de histórias escritas e narradas por pessoas negras. São obras que retratam as muitas realidades do negro no Brasil.

Um Exú em Nova York

Escrita por Cidinha da Silva, a obra parte das tensões provocadas pela percepção das religiões de matrizes africanas para desmistificar ideias negativas e escancarar o racismo religioso. A história aborda ainda temas como perda de direitos e masculinidade tóxica.

Sim à igualdade racial

Obra de Luana Genot discute a desigualdade racial no mercado de trabalho no Brasil. A importância de falar sobre o assunto e buscar caminhos para enfrentar as questões raciais dentro das empresas inspirou este livro que é o resultado da dissertação de mestrado da autora em Relações Étnico-Raciais.

Ponciá Vicêncio

Conceição Evaristo descreve os caminhos, os sonhos e os desencantos da protagonista Ponciá Vicêncio. A autora traça a trajetória da infância à idade adulta, analisando seus afetos e o envolvimento com a família e amigos. O livro discute ainda a questão da identidade de Ponciá, centrada na herança identitária do avô.

Becos da Memória

A autora Conceição Evaristo traduz, a partir de seus muitos personagens, a complexidade humana e os sentimentos profundos dos que enfrentam cotidianamente o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria. Ela discute questões profundas da sociedade brasileira sem perder o lirismo e a delicadeza.

Negras, Mulheres e Mães

O título é um retrato sobre as relações raciais no Brasil. Através do resgate das memórias de Olga de Alaketu, saudosa Iyalorixá de Candomblé, a autora Teresinha Bernardo revela a capacidade da mulher negra em superar as dificuldades e preconceitos no curso da vida.

Transradioativa

A obra narra a luta da cantora, atriz, DJ, performer, escritora e artista plástica Valéria Barcellos contra o câncer e a transfobia. É uma coletânea de crônicas sobre negritude e transexualidade que também traz luz para temas como racismo e misoginia e ensina que a diversidade está e sempre estará presente nas relações humanas.

Da Navalha ao Berimbau

Jorge Felipe Columá investiga como a figura do malandro se confunde com a do capoeirista numa simbiose que vai muito além das rodas e constitui uma identidade, ou melhor, uma filosofia de vida. A obra é um convite para que o ouvinte tenha acesso ao mundo dos bambas e malandros, suas rodas de jogo e de samba, cariocas da gema.

Senti na pele – relatos

Reunião de relatos organizados por Ernesto Xavier que documentam as consequências do racismo. As histórias presentes nesta narrativa revelam o impacto que as situações de preconceito causam na vida das vítimas. Mais que denúncia, esta obra é um veículo para a disseminação das vozes negras.

O caçador cibernético da Rua Treze

Fábio Kabral apresenta elementos da mitologia Iorubá em uma aventura afrofuturista de tirar o fôlego. Com uma linguagem contemporânea, o autor cria um universo fantástico e rico em detalhes, onde vive um povo melaninado, com visual arrojado e usuário de uma tecnologia avançada.

Olhos de Azeviche

Uma coletânea que apresenta as obras de dez autoras negras que estão renovando a literatura brasileira. As narrativas delas buscam reduzir o abismo que ainda há entre a quantidade e a diversidade de escritoras negras brasileiras contemporâneas e os espaços de divulgação e circulação dos seus textos.

Livro do Avesso

Segundo romance da prosadora e poetisa Elisa Lucinda, a obra nos apresenta a protagonista Edite e narra a sua trajetória do desejo, seus afetos, amizades e amores com a liberdade de um contínuo fluxo de consciência. Uma história intimista que faz rir, emociona e enternece.

#Parem de nos matar!

Neste livro, Cidinha da Silva questiona a naturalização das violências raciais e mortes de pessoas negras. A obra narra os anseios e dores de parentes e amigos de assassinados e/ou desaparecidos. É uma reflexão poderosa sobre como a percepção geral sobre as tragédias negras é pautada na falta de empatia.

Da vida nas ruas ao teto dos livros

A autora Clarice Araújo Fortunato revisita sua trajetória pessoal resgatando memórias da infância na zona rural, a vivência como empregada doméstica e o encontro com a vida acadêmica. Esta narrativa é permeada por episódios marcados pelo racismo e machismo e por uma forte mensagem de esperança.

A Autobiografia do Poeta-Escravo

Autobiografia de Juan Francisco Manzano, poeta-escravo cubano nascido no século XIX. Esta é a única narrativa autobiográfica latino-americana escrita por uma pessoa escravizada durante seu cativeiro. Uma imersão em uma realidade dolorida, mas importante de ser resgatada, especialmente para o Brasil, um dos países que relutou duramente em abolir a escravidão humana.

Poemas de Recordação e outros movimentos

Com um pouco mais de uma hora, Poemas de Recordação e outros movimentos, escrito por Conceição Evaristo e narrado por Lena Roque, permite ao ouvinte entrar em contato com rica visão poética da autora. Ela lança luz sobre temas sociais como fome, pobreza, preconceito, intolerância religiosa, mas também abre espaço para paixão, amor e desejo. 

Nada digo de ti, que em ti não veja

Ambientado em 1732, época do Brasil colônia, a narrativa trata de temas relevantes para a atualidade como fake news, racismo, milícia, delações, conservadorismo, fanatismo religioso e transexualidade. A trama eletrizante contada em áudio por Nathiaga Borges, atriz, travesti, negra e periférica, é uma história de amor impossível, narrada por meio de cartas anônimas. A versão impressa foi escrita pela jornalista, com passagem pelo The Intercept Brasil, Eliana Alves Cruz.

As sugestões desta lista de audiolivros escritos e narrados por pessoas negras estão disponíveis na plataforma de streaming Tocalivros. Eles podem ser escutados no computador ou aplicativo para iOS e Android. Baixe o app na Apple Store ou Google Play e curta toda a magia dos audiolivros.

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